Falso milionário da Kriptacoin e mais um suspeito conseguem habeas corpus

O ex-balconista de padaria Urandy João de Oliveira, que se apresentava como garoto-propaganda da moeda virtual Kriptacoin, deixará o Complexo Penitenciário da Papuda. Ele e Sérgio Vieira de Souza, que também estava entre os detidos na Operação Patrick, deflagrada em 21 de setembro, conseguiram habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Ambos são réus no processo que apura a participação de 14 pessoas no esquema que lesou ao menos 40 mil investidores de todo o país. Sérgio é apontado como integrante do núcleo financeiro da organização, segundo denúncia apresentada à Justiça pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

A participação de Urandy no esquema era, segundo os investigadores, peculiar. A ascensão meteórica das finanças do ex-balconista de padaria – que não passava de uma farsa – surpreendeu e encantou milhares de investidores da moeda digital, mas não a Polícia Civil e o Ministério Público.

Segundo a denúncia entregue pelo promotor de Justiça Paulo Roberto Binicheski, Urandy atuou em conluio com a empresa Wall Street Corporate realizando palestras e eventos, e atraindo potenciais investidores para a Kriptacoin. O “vendedor de sonhos” da organização criminosa conta, em vídeo, que largou a profissão de balconista e, em apenas seis meses, embolsou R$ 1,2 milhão como executivo da companhia.

“Urandy induziu investidores ao erro, no engodo de atrair milhares de novos adeptos ao sistema e alavancar os lucros dos idealizadores, ao veicular em vídeo divulgado nas redes sociais que teria auferido ganhos pessoais milionários”, diz trecho da denúncia.

Assista ao vídeo que conta a história de Urandy Oliveira:

 

Urandy reproduziu seu “discurso vencedor” país afora. Ele fez palestras, registradas em fotos e vídeos, em municípios como Goiânia (GO), Formosa (GO), Luís Eduardo Magalhães (BA) e Patos de Minas (MG). A promessa de ganhos diários de 1% seduziu milhares de pessoas, que lotaram salas de eventos em busca de uma fórmula para o lucro fácil.

O ex-balconista, nascido em Brejolândia (BA), conta no vídeo que veio para Brasília aos 18 anos e trabalhou em uma padaria até os 35. Ele decidiu “fazer algo a mais”, por estar preocupado com sua situação financeira. Atuou em uma empresa de marketing até 2016, quando migrou para a Wall Street Corporate, onde se tornou “laranja” da companhia.

Agora, Urandy se tornou réu, sob acusação de organização criminosa; estelionato; crimes contra a economia popular; ocultação de bens, direitos e valores. Sérgio responde pelos mesmos delitos, com exceção do último listado.