Iges compra contêiner para armazenar corpos de vítimas de Covid-19 em UPAs

Funcionária da UPA do Núcleo Bandeirante pede informações sobre como usar o equipamento. UTIs e mortes nas UPAS não faziam parte da rotina

31/05/2020 05:30, atualizado 29/06/2020 14:55

JP Rodrigues/Especial para o Metrópoles

O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF) adquiriu um contêiner para armazenar corpos de pessoas mortas em decorrência do novo coronavírus nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital.

Em documento ao qual o Metrópoles teve acesso, a coordenadora administrativa Rejane Guedes, pede ajuda ao instituto para saber como a equipe da UPA do Núcleo Bandeirante deve atuar diante do novo equipamento.

No texto, ela destaca que, “no atual cenário de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus, no âmbito das unidades de saúde, levando em conta o aumento de casos de pessoas infectadas com o vírus e o aumento da taxa de óbitos, chegou à unidade um contêiner para “guarda de corpos”. No entanto, faltaram informações de como atuar.

A servidora pede ao Iges que a instrua sobre “qual temperatura manter dentro do contêiner” a fim de conservar os corpos. Além disso, ela questiona qual tempo máximo de guarda de corpo no referido local.

Covid-19 mudou realidade

Antes dos casos de Covid-19, a UPA não funcionava como Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Hoje, tem um total de 42 leitos para atender casos graves de pacientes com coronavírus. Em hospitais, os corpos têm câmaras frias para serem armazenados. As UPAs não contavam com esse espaço, pois não lidavam com casos graves.

O contêiner chega para ter essa possibilidade de funcionamento como câmera fria. Faltam, porém, os protocolos a serem seguidos.

O DF tem hoje 8,4 mil casos de infecção pelo novo coronavírus. O número total de mortos chegou a 134. Se somados os 10 moradores do Entorno do DF internados e que faleceram em hospitais da capital do país, a quantidade de vítimas chega a 144.

Outro lado

O Metrópoles entrou em contato com o Iges, com a Secretaria de Saúde e com o GDF para saber qual seria o protocolo de uso do contêiner, mas ninguém respondeu, mesmo diante de longo prazo estipulado para a demanda. O espaço continua aberto a manifestações.