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Google completa 15 anos de Brasil. Conheça o “rosto” da empresa em Brasília

Gerente de políticas públicas e relações governamentais, o brasiliense Marcos Pereira fala da relação do Google com o Distrito Federal

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Yanka Romão/Arte/Metrópoles
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1 de 1 google brasilia - Foto: Yanka Romão/Arte/Metrópoles

Quem caminha pelo Setor Bancário Norte nem desconfia que um dos escritórios da região abriga um gigante que, se tivesse corpo físico, não caberia sequer no Distrito Federal. É lá que funciona o escritório do Google em Brasília.

Umas das maiores empresas globais com foco no mundo virtual nasceu na Califórnia, nos Estados Unidos, no fim da década de 1990. E, na velocidade dos cliques de mouses e de teclados que iam se multiplicando em escala exponencial, cresceu até se tornar parte da vida de qualquer pessoa do planeta que acesse a internet.

Neste 20 de julho, o Google Brasil celebra o aniversário de 15 anos de presença no país – hoje, um dos cinco principais mercados para as nove plataformas da empresa. Entre esses serviços, que reúnem globalmente mais de 1 bilhão de usuários, estão o Search, a tradicional ferramenta de pesquisa; e o sistema operacional Android; além de Chrome, YouTube, Maps, Play, Fotos, Drive e Gmail.

Hoje, o Google Brasil tem hoje mais de 3 mil colaboradores. Um deles é Marcos Pereira, gerente de políticas públicas e relações governamentais em Brasília. Ele está na companhia desde 2014 e, desde então, tem se tornado “o rosto” da empresa na capital, como a própria companhia o define.

Nascido em criado no DF, Marcos tem 39 anos e laços estreitos com a capital. Passou a infância na Asa Norte, onde mora até hoje, graduou-se em economia na Universidade de Brasília (UnB) e, com especialização em direito econômico e empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), fez carreira como especialista em políticas e indústria na Confederação Nacional da Indústria (CNI) até chegar ao Google.

Ao Metrópoles, Marcos Pereira conta como tem sido a experiência de atuar na gigante da tecnologia, que colabora com Executivo, Legislativo e Judiciário. O Google acompanhou de perto a elaboração de projetos, como o Marco Civil da Internet e, mais recentemente, a Lei Geral de Proteção de Dados, que entra em vigor a partir de agosto deste ano.

“Reduzir a análise apenas ao momento de sua consulta on-line ou tão somente ao debate no Congresso seria oferecer uma visão reduzida. Trabalhamos com áreas técnicas de produtos, outras empresas, sociedade civil e acadêmicos”, afirma o googler – como são conhecidos os funcionários da companhia.

Uma das metas dessa atuação junto aos Poderes é para que o país acompanhe as frequentes revoluções digitais e possa estar conectado às mudanças virtuais que têm impacto na vida cotidiana de bilhões de pessoas ao redor do mundo e, claro, nos 3 milhões de brasilienses.

Nascido e criado em Brasília, Marcos Pereira é o “rosto” do Google na capital
Confira a entrevista:

Você está no Google desde 2014 e representa a empresa em Brasília. Como é a relação da gigante da internet com a capital da República?

O Google tem uma excelente relação com Brasília. Nosso interesse na cidade vai muito além da política. Procuramos talentos aqui e apoiamos o desenvolvimento acadêmico local voltado a pesquisas sobre internet, por exemplo.

Acho que muito disso tem a ver com o fato de que o brasiliense gosta e sente os benefícios da internet e da tecnologia. Para se ter uma ideia, a população do DF é a mais conectada na internet no Brasil. Segundo o IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], a média nacional é de 74,7%; enquanto aqui estamos em 90,3%.

Além disso, Brasília é um museu a céu aberto. Então, você imagina que qualquer pessoa do mundo pode circular pela cidade por meio do Street View e ter um entendimento do Plano Piloto, ver toda a arquitetura e, ainda, por meio de um projeto do Google Arts & Culture com a Câmara dos Deputados, ter acesso a obras de Di Cavalcanti e Athos Bulcão, todos esses artistas, com obras espalhadas pelo Congresso Nacional.

Ao longo dos últimos anos, como tem sido feita a interlocução junto à Presidência da República e o Congresso? Vocês têm canal de diálogo com essas instituições?

Um googler em Brasília, Washington, Bruxelas ou Paris vai trabalhar junto aos Poderes Executivo e Legislativo da mesma forma: com dados confiáveis, informação de qualidade e transparência absoluta. Essa é a forma como foi, é e será feita a interlocução do Google junto ao poder público.

Os canais de diálogo são construídos, nutridos e aprimorados o tempo todo, seja junto ao Executivo, Legislativo, agências reguladoras, academia ou sociedade civil organizada. A ideia é termos uma interlocução clara com todo mundo envolvido e interessado no debate e na formulação de política pública com qualidade.

Além das relações institucionais, por Brasília ser o centro do poder político do país, que outros tipos de interesse a empresa tem na capital?

Brasília é a capital do país, é onde os grandes temas são discutidos, tem uma cultura efervescente, uma história incrível e muito própria, é dona de obras arquitetônicas fundamentais para o Brasil e para o mundo.

No Google, a gente é sempre lembrado da missão da empresa, que é organizar as informações do mundo para serem acessíveis a todos. Então, nesse sentido, Brasília tem muito a mostrar e a ser ensinado, admirado, debatido e celebrado.

Temos diversos projetos por aqui. Trabalhamos com diversos parceiros de Brasília para proporcionar soluções que podem melhorar a vida do brasiliense e tornar suas rotinas mais simples.

Um exemplo: no período de isolamento social, trabalhamos com a Secretaria de Estado de Educação (SEE), do GDF, para levar, sem custo algum, o ensino a distância para a educação pública daqui, tentando minimizar o impacto que os estudantes sentiram da distância da sala de aula física.

A plataforma escolhida foi o Google Sala de Aula, que faz parte do G Suite for Education. Além do benefício aos estudantes, foram feitas formações para professores por meio de lives e muitos educadores e líderes pedagógicos já possuem inclusive certificação nível 1 e 2 pelo Google for Education.

Parte do complexo do Google na Califórnia

A partir de agosto deste ano, entra em vigor a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que regulamenta, entre outros temas, questões relacionadas à privacidade, além de modificar alguns dos artigos do Marco Civil da Internet. No que isso vai impactar a vida de quem usa os serviços do Google?

A LGPD foi o resultado de amplos debates, envolvendo o setor privado, a sociedade civil, a academia e o poder público. Esse diálogo aberto e contínuo possibilitou a construção de uma lei equilibrada que assegura um ambiente favorável à criação e manutenção de negócios, ao mesmo tempo em que protege os direitos dos cidadãos brasileiros.

O texto representa um passo importante para garantir a segurança jurídica necessária ao tratamento de dados pessoais em uma economia moderna e inovadora. Então, quando ela entrar em vigor, vai ser positivo para a privacidade e a proteção de dados pessoais de todo brasileiro.

Sobre a LGPD, o Google já tem os termos de proteção de dados, por exemplo, para os produtos de publicidade seguindo o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR, na sigla em inglês), que é a lei europeia, e a Lei de Privacidade do Consumidor da Califórnia. Aqui, vamos atualizar nossa política para os termos específicos da LGPD.

As pessoas confiam seus dados ao Google quando usam nossos serviços. É uma relação de confiança que se estabeleceu, no Brasil, nesses 15 anos. A gente leva isso, essa responsabilidade, muito a sério. Como? A gente trabalha deixando as informações das pessoas privadas e seguras e colocando os usuários no controle dos seus próprios dados.

É fato que a maioria das pessoas com acesso à internet usa o Google, seja navegando ou usando serviços como o Maps. Mas onde mais a gigante da tecnologia está presente e o brasiliense nem sabe?

Olha, acho que são muitas as iniciativas bacanas em que o Google está presente e que poucas pessoas sabem, como computação quântica, carros autônomos e inteligência artificial, mas vou me ater aos nossos serviços de computação em nuvem (cloud), que são coisas que ajudam muito, por exemplo, quem está empreendendo, na área de tecnologia ou não.

Para ficar num caso só, teve um de uma empresa de cosméticos sustentável que começou a fazer testes de componentes e essências em horas, quando o normal seriam dias. É engraçado de pensar, mas é o Google ajudando a fazer sabonete e xampu.

Por ser uma empresa global, com uma infinidade de perspectivas, como o Google vê Brasília?

Brasília é uma cidade com muitas potencialidades. Como eu já disse, a penetração de internet no DF é muito grande. Temos uma vocação muito forte para a área de serviços, principalmente turismo e economia criativa. As iniciativas que já trouxemos para cá e que queremos trazer então sempre têm uma sobreposição entre todos esses vetores.

O Google tem algum projeto específico para Brasília? Se sim, qual?

Sempre que posso, tento trazer iniciativas bacanas para cá: lançamento ou localização de produtos globais; treinamento para empreendedores, estudantes e profissionais; e programas de desenvolvimento econômico que têm a ver com a pegada e vocação da cidade. Infelizmente, não posso comentar outros projetos em andamento.

Você nasceu e morou em Brasília a vida toda? Conte sobre a infância, onde estudou e como foi a trajetória profissional até chegar ao Google.

Sim, eu nasci e fui criado em Brasília – sou cria da Asa Norte. Tenho boas memórias e amigos do meu tempo de ensino fundamental no Lago Norte e do meu tempo ensino médio na Asa Sul.

Durante minha infância, fiz tudo que tinha direito: subia no foguete do Parque da Cidade, andava de bicicleta por toda a Asa Norte e brincava no pilotis do prédio com os vizinhos. A adolescência não foi diferente, só que com o círculo de amizades (e geográfico) ampliado e os programas, claro, mais sofisticados.

Acredito que ser admitido, estudar e concluir o curso de economia na UnB foi o embrião da minha trajetória profissional. Durante a faculdade, participei da gestão do centro acadêmico da economia, o que acho que foi fundamental para me dar um pouco de traquejo político e social, já que eu sempre me considerei – e me considero – uma pessoa tímida.

Meu orientador de monografia, com seu rigor acadêmico, meus estágios, e minhas primeiras imersões no mercado de trabalho, também foram importantes para talhar o profissional que eu sou hoje.

Meu primeiro emprego foi numa representação diplomática em Brasília. Eu assessorava a área econômica e comercial da embaixada. Passado um tempo, fui trabalhar numa das maiores consultorias de relações governamentais de Brasília.

Certo dia, para minha surpresa, encontrei um anúncio de emprego do Google na página de carreiras da empresa. A posição era para trabalhar com relações governamentais… E baseado em Brasília! A oportunidade era imperdível. Submeti meu currículo e uma carta de apresentação, fiz sete entrevistas e escrevi dois artigos até receber uma proposta do Google. O resto é história.

Além da atuação global, o Google tem forte atuação regional em todo o mundo

Como é trabalhar nessa gigante da web e que conselhos você daria a um jovem estudante que hoje sonha em atuar numa empresa de tecnologia do porte do Google?

Trabalhar no Google é muito bom e muito intenso. Estou sempre aprendendo algo novo em relação a diferentes políticas públicas e cercado de pessoas inteligentíssimas, em todas as áreas, como jurídico, comunicação, marketing e engenharia.

O Google investe pesado na formação de capital humano – o que considero, de fato, o maior ativo das companhias modernas. E é um investimento tanto no crescimento profissional quanto no desenvolvimento pessoal.

Pelo crescimento profissional, o Google por exemplo financiou parte de cursos de educação executiva em relações governamentais (Stanford) e em tomada de decisão (UC Berkeley).

Pelo desenvolvimento pessoal, também financiou parte de aulas de surfe. Pode não parecer, mas na minha cabeça isso tem tudo a ver com trabalhar com relações governamentais.

Aprender a surfar depois dos 35 anos reforçou conceitos importantes como não ter medo do novo ou de se expor, lidar melhor com mudanças, ser ágil e resiliente, e, acima de tudo, refletir criticamente sobre o que fazemos. Esse é meu conselho para os jovens que estão iniciando suas carreiras agora.

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