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GDF planeja autorizar moradias nos setores bancários Sul e Norte

Seduh começa estudos para mesclar o uso de áreas hoje essencialmente comerciais, a fim de permitir habitações nesses locais

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
Setor Bancário
1 de 1 Setor Bancário - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

Ainda uma jovem cidade, Brasília chega aos seus 61 anos com discussões sobre flexibilizar a ocupação de setores que têm uso exclusivo previsto no projeto inicial da capital. O acréscimo de áreas residenciais em 30% do Setor Comercial Sul (SCS) já consta em estudo-piloto e teve a primeira avaliação validada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Com o andamento positivo da proposta de ofertar apartamentos de até 60 metros quadrados para moradia na região, a possibilidade é de ampliar o uso misto de regiões no DF.

A Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) identificou prédios comerciais inteiros, desocupados há anos, em regiões como os setores Comercial Norte e bancários Sul e Norte. Um esvaziamento que, segundo estudos da pasta, pode ser evitado com o uso misto comercial/residencial.

De acordo com a secretária executiva da Seduh, arquiteta e urbanista, além de mestre em arquitetura e urbanismo pela Universidade de Brasília (UnB), Gisele Moll, já havia uma necessidade de rediscutir a cidade desde antes da pandemia do novo coronavírus, devido ao fechamento de muitas atividades de escritórios e comércio na região central.

Com a pandemia, a situação de prédios sem locação piorou. Em contrapartida, aumentou a demanda por residências e locais de moradia perto do ambiente de trabalho.

“Tendo sucesso no Setor Comercial Sul, essa flexibilização para áreas mistas com comércios e residências poderá ser expandida. Vamos também propor as mudanças nos setores Bancário Sul e Norte, além do SCS. Mesclar essas áreas é uma tendência mundial”, afirmou Giselle Moll. Grandes metrópoles como Nova York, São Paulo e Rio de Janeiro começam a estudar a transformação de áreas comerciais em residenciais.

Déficit

A secretária executiva ressalta que, de acordo com dados da Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab), o déficit por habitação no DF hoje é de 100 mil famílias. “Esse é o déficit por moradia popular, daqueles inscritos na Codhab, mas também existe o déficit da classe média, que busca espaços para morar. Esse déficit não tem reduzido porque Brasília não para de crescer, novas pessoas nascem”, ressaltou.

Uma das demandas percebidas durante a pandemia de Covid-19 é que muitas pessoas podem ter o trabalho remoto, graças à tecnologia. Quem não pode, no entanto, quer morar perto do local de trabalho. “Comerciantes, enfermeiros, médicos, entregadores querem ter a possibilidade de morar perto de seus empregos”, analisou a secretária.

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A ampliação das capacidades dessas áreas já é discutida no âmbito do projeto Viva Centro. Nessa iniciativa, o Setor Comercial Sul é tratado como projeto-piloto. Tudo precisa passar pela discussão com a população, pelo Conselho de Planejamento Territorial e Urbano (Conplan), ter aval do Iphan e não ferir o tombamento, a preservação histórico-cultural da região do Plano Piloto.

Veja parte das discussões:

Viva Centro
“É um desafio. A ideia é mesclar os usos, permitir habitações em alguma escala para que possamos aproveitar esses edifícios que hoje estão vazios. O Setor Bancário Sul tem edifícios vazios há muitos anos. Vamos estudar com cuidado. Nada que possa colocar em risco esse patrimônio. Não podemos deixar esses lugares ociosos, degradando”, afirmou Giselle Moll.

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