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Flanelinhas e motoristas questionam cobrança por vagas públicas no DF

Guardadores temem perder fonte de renda, enquanto trabalhadores têm receito de aumento nos gastos mensais com a Zona Verde

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
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1 de 1 estacionamento - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A implementação da chamada Zona Verde, medida que institui a cobrança em vagas públicas no Distrito Federal, tem causado preocupação a trabalhadores e moradores do Sudoeste e do Plano Piloto. Nesta sexta-feira (31/7), às 10h, a Secretaria de Transporte e Mobilidade fará uma audiência pública para debater o assunto.

Segundo a proposta, quatro regiões serão taxadas. Receberam o nome de Ipê Amarelo as áreas onde há, majoritariamente, comércios, residências e imóveis de uso misto, abrangendo as quadras da Asa Sul e Asa Norte (exceto zona central), Sudoeste, SIG e SIA. O valor da hora será R$ 2.

Vagas no setores Bancários, Comerciais, Hoteleiro, de Rádio e Televisão, de Autarquias e Médico Hospitalar do Plano Piloto foram batizadas de Ipê Roxo. Estas custarão R$ 5 por hora.

A hora estacionada no Eixo Monumental – Ipê Rosa – custará R$ 2. Por fim, a zona do Ipê Branco vai cobrir os estacionamentos perto do Metrô, BRT e similares. Custará R$ 2 a cada 60 minutos. Quem estacionar nestas áreas para usar estes transportes coletivos na sequência será isento.

No Setor Comercial Sul, incluído na área Ipê Roxo, o guardador de carros Eudes Nunes dos Santos, 44 anos, diz ser contra a aprovação da medida. Ele trabalha no local há 25 anos e acredita que pode ter o emprego afetado diretamente, caso a proposta do governo entre em vigor.

“É uma forma de tirar o nosso sustento. O desemprego está forte e agora, com essa ideia, a gente pode perder o ganha-pão de vez”, diz.

Veja imagens dos locais: 

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Assim como o irmão Eudes, o flanelinha e lavador de carros Eules dos Santos, 50, vê dificuldade em continuar atuando no local, caso as vagas de estacionamento não sejam mais gratuitas. “Eu tinha 19 anos quando cheguei ao Setor Comercial Sul. Sou cadastrado, registrado, tenho tudo certinho, mas acho que, assim como eu, um monte de pai de família vai ficar desempregado se isso aqui for privatizado”, considera.

“Tenho sete filhos e nove netos, e sustentei todos com o dinheiro que ganhei aqui. Agora, só Deus para ajudar, porque se a pessoa vai pagar para ter uma vaga, como ainda vai nos pagar? Sem contar que mais gente vai deixar o carro em casa para não pagar estacionamento”, pontua.

Segundo o GDF, é avaliada a possibilidade de inclusão dos flanelinhas na prestação de serviços da concessão. Mas esse mecanismo não foi fechado.

De acordo com o secretário de Transporte e Mobilidade, Valter Casimiro, a cobrança nas áreas residenciais não tem o objeto de prover o lucro. A ideia é preservar os espaços, pois, com a taxação nas áreas comerciais, motoristas poderiam migrar para as quadras.

Reclamações

O servidor público Tito Ribeiro, 50 anos, frequenta o Setor Comercial Sul quase toda semana e reclama da proposta do governo. “Sou totalmente contra. Primeiro, vai tirar o emprego deles (flanelinhas e lavadores de carros). Segundo, vamos ter que pagar por hora para deixar o carro em local público?”, questiona.

Nas áreas residenciais, cada morador teria direito a uma vaga gratuita na quadra. Durante a semana, os estacionamento seria pago entre 9h e 20h. Aos sábados, a cobrança valeria entre 9h e 13h. No domingo, não haveria taxa.

De acordo com a proposta, os moradores deverão se cadastrar conforme procedimentos que serão divulgados previamente. Não haverá vagas demarcadas ou exclusivas. A medida prevê que o cidadão possa pagar em dinheiro, por cartões de crédito e débito ou via telefone celular.

Na região residencial do Sudoeste, onde a área das vagas foi batizada de Ipê Amarelo, a opinião sobre a medida não é diferente daquela dos trabalhadores do Setor Comercial Sul.

Antônio Acrizo, 31 anos, é porteiro de um prédio na quadra 104. Ele vai de carro para o trabalho todos os dias e deixa o veículo estacionado na residencial. Por não ser morador, ele pode não ter direito à vaga no local, caso a medida seja aprovada.

“Eu venho de carro, de longe para trabalhar. Assim, ou eu deixo na comercial ou vai ser o jeito vir de ônibus mesmo, porque trabalho oito horas por dia. Teria um gasto muito grande”, avalia.

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