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Família de músicos encanta e garante sustento com arte de rua no DF

A família Araguaia, mesmo diante da crise na pandemia, não deixa de tocar com alegria e animação. Apresentações sustentam os cinco filhos

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Arthur Menescal/Especial Metrópoles
Família Araguaia
1 de 1 Família Araguaia - Foto: Arthur Menescal/Especial Metrópoles

Tocando músicas do reggae ao MPB, é com sorriso no rosto que a família Araguaia se apresenta nas ruas de Taguatinga Centro. O grupo vive das doações de quem aprecia os shows em áreas públicas do Distrito Federal e, mesmo diante da pandemia, não deixa de tocar com alegria e animação, chamando a atenção de quem passa pelo local.

Edson Gonçalves Oliveira, 46 anos, e Vanessa Alves Ramos Vieira, 36, usam os nomes artísticos Dinho e Yara. É com o dinheiro que ganham da música de rua que o casal sustenta os cinco filhos.

Dinho adotou o nome Araguaia em homenagem à cidade onde nasceu, Conceição do Araguaia, no Pará. Ele deixou a terra natal com pouco mais de 20 anos e passou por diferentes regiões do país em busca de viver da música. Foi em São Paulo que conheceu a esposa.

“Estamos juntos há 19 anos. Passamos pelo Norte, Nordeste, Sudeste até chegar a Brasília. Esperamos agora ficar por aqui mais tempo, pois os meninos estão na escola, então, queremos nos manter fixos por mais tempo”, conta Yara.

Os Araguaia vivem em Brasília há pouco mais de um ano. Tocaram em feiras do DF, como a do Guará e a de Samambaia, e hoje ficam em Taguatinga Centro, região em que moram. “Nas feiras, na rua, o clima é mais descontraído, as pessoas são mais receptivas, eu sou apaixonado”, conta Dinho.

O casal tem cinco meninos: Dahamed, 18; Yaje, 14; Abhomey, 11, Kuarahy, 9; e Abhudakali, 4. “Eu tenho origem indígena, e o Dinho tem origem africana. Então, demos nomes aos nossos filhos de forma a manter a nossa cultura”, comenta Yara.

Veja fotos da família no centro de Taguatinga:

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Crise na pandemia

Segundo a pesquisa de Emprego e Desemprego no DF mais recente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), o número de trabalhadores informais na capital segue alto em 2021. Em março, conforme o estudo, eram cerca de 93 mil pessoas ocupadas sem carteira assinada.

A família Araguaia é uma das que vive do trabalho informal no DF. Deixando uma caixa de papelão no chão, os músicos arrecadam dinheiro por meio da doação de quem passa pela rua e assiste ao show. Segundo Dinho, com a pandemia, as dificuldades financeiras aumentaram.

“Temos instrumentos improvisados, um balde, uma lata. A gente vive desse trabalho há muitos anos. Cheguei a tocar no metrô em São Saulo, fiz shows com uma banda que tinha, mas sempre trabalhei na rua. No centro de Taguatinga, tinha muita gente antes, mas, com a pandemia, a circulação diminuiu e tem sido difícil”, lamenta.

O compositor diz que, no cenário atual, em que os filhos fazem aulas on-line, ele e a esposa tentam conciliar o trabalho com a atenção à educação das crianças. “Assim como grande parte das famílias brasileiras, nós não temos os equipamentos para aula em casa. Eles assistem pelo celular e tem sido difícil”, revela. “Eu nunca tinha atrasado o aluguel e a conta de luz, mas, neste ano, comecei a atrasar, porque, se já era difícil ser artista de rua, na pandemia, tem sido muito mais“, desabafa o pai.

“Nós temos de articular o tempo de uma forma que consigamos cuidar de tudo, preservar a família, trabalhar… Não é fácil. É um momento delicado para os artistas. Quem depende da música vai se virando como pode”, completa Yara.

Mesmo diante dos problemas, a família não desanima e chama a atenção da população de Taguatinga pela alegria em que entoa as canções. “Acho que o que nos mantém é a nossa a vocação. Eu amo cantar. Se não fosse a música, eu não sei o que seria de mim. Às vezes, eu estou com um problema, mas, quando começo a cantar, é só alegria”, afirma Dinho.

“As pessoas são bem legais conosco, é maravilhoso. Temos um retorno muito bom, a gente adora. É isso o que nos mantêm”, explica Yara.

Veja imagens dos músicos tocando no centro de Taguatinga:

A família gravou dois CDs, com músicas originais. Porém, a caixa de som que eles usam queimou. Dinho e Yara, então, tentam juntar dinheiro para comprar uma nova. “Aceitamos doações. Quem quiser nos ajudar é só nos procurar, entrar em contato ou até mesmo enviar um pix”, diz Dinho.

Informações para doações:

Telefone: (61) 9135-4919
Pix: 61991354919

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