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Falso psicólogo que oferecia “cura gay” é denunciado pelo MPDFT

Acusado se passava por terapeuta e vai responder pelos delitos de racismo, charlatanismo e exercício ilegal da profissão

atualizado

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Bandeira LGBT com silhueta de duas pessoas atrás
1 de 1 Bandeira LGBT com silhueta de duas pessoas atrás - Foto: iStock

Após denúncia oferecida pelo Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), Justiça do Distrito Federal abriu na última semana um processo contra um morador do Sudoeste que se passava por psicólogo e terapeuta para comercializar pela internet tratamento para a reversão da homossexualidade. O caso foi revelado pelo Metrópoles em novembro do ano passado.

Ele vai responder pelos delitos de racismo, charlatanismo e exercício ilegal da profissão de psicólogo. De acordo com o órgão, ficou comprovado ao longo das investigações que o denunciado praticava charlatanismo ao cobrar R$ 29 mil por tratamento vitalício, e sem falhas, para “curar” o homossexualismo.

Na denúncia, o MPDFT salienta que o homem praticou e induziu a discriminação e preconceito de raça, na modalidade racismo social por orientação sexual, situação reconhecida como discriminatória pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019.

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Ao longo do inquérito conduzido pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin) da Polícia Civil do DF, também foi constatado que o acusado praticou o crime de exercício ilegal da profissão, pois após consultas junto aos órgãos competentes, se descobriu que ele não tinha formação e não era filiado Conselho Regional de Psicologia da 1ª Região.

Além de pedir a condenação na esfera criminal pelos crimes praticados, o NED requereu à Justiça que o denunciado pague R$ 40 mil reais de reparação pelos danos causados à coletividade. O valor será destinado a um fundo coletivo defensor da pauta LGBTI a ser indicado pelo órgão técnico do MPDFT.

Entenda o caso

A empresa Hipnoticus, localizada na Asa Sul, diz que o serviço para “tratar” a homossexualidade gera resultados em seis meses. Segundo consta no site do estabelecimento, a hipnose é feita pelo método “Psicoterapia Sem Falhas”, usado pelo hipnoterapeuta Gabriel Henrique de Azevêdo Veloso. São oferecidas três opções de serviços: sessões com duração de quatro, seis e oito meses.

O dono da empresa diz ser cadastrado no Conselho de Auto Regulamentação da Terapia Holística (CRT), uma sociedade civil sem vínculos com o governo federal. Ele oferece a cura de doenças como depressão e ansiedade em até seis meses, mesmo não tendo formação em psicologia, medicina ou terapia ocupacional.

No entanto, o CRT nega que Veloso esteja filiado à entidade. Em nota enviada ao Metrópoles, o conselho informou que o hipnoterapeuta teve o cadastro suspenso, em agosto de 2018, por “pendências estatutárias e falta ética e profissional”. “Justamente por não cumprir as normas previstas no código de ética profissional, ele foi alertado a cessar a utilização do número da CRT de forma indevida”, destacou.

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