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“Estou morta por dentro”, diz mãe de menina atingida por carro em casa

A família de Gheanny Karolyne Sousa dos Santos, morta aos 3 anos, continua devastada. Tragédia completa três meses nesta terça (16)

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
carro invade residencia e mata criança no Itapoã
1 de 1 carro invade residencia e mata criança no Itapoã - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Três meses após um carro bater violentamente no muro da casa de Gheanny Karolyne Sousa dos Santos, a família ainda não se recuperou da tragédia que vitimou a menina de 3 anos. “Estou morta por dentro”, disse ao Metrópoles a dona de casa Paula Maria Ferreira de Souza, 37.

A declaração foi dada no mesmo dia em que a Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o caso. A criança estava deitada no sofá da sala, no Itapoã, quando o carro conduzido por Hegon Henrique Brito Xavier, 24, invadiu a residência. Nessa segunda-feira (15/1), o rapaz foi indiciado por homicídio doloso.

À reportagem, o pai da criança, Ildebrando Pereira dos Santos, 50 anos, contou que não foi trabalhar no dia do ocorrido, 16 de outubro do ano passado. Segundo o carpinteiro, ele estava na sala, com a filha, na hora do acidente.

“Minha mulher estava conversando comigo na sala e saiu para a cozinha. A Gheanny voltou e pediu que eu tirasse o vestido dela por causa do calor. Eu tirei, ela me olhou e falou: ‘Papai lindo, eu te amo’. Pouco depois, escutei um estouro. Pensei que fosse um raio, de tão alto que foi o estrondo, mas eu ainda estava meio aéreo. Quando olhei para o lado, eu e minha filha estávamos embaixo de um carro”, relembra o pai, emocionado.

 

O homem relata que entrou em desespero. “Meus vizinhos ajudaram a levantar o carro, e eu pude pegar a minha menina, que já estava sem vida”, conta.

De acordo com Ildebrando, Hegon Henrique ainda tentou fugir do local pela janela, mas não conseguiu devido às grades. Revoltados, os vizinhos da família tentaram agredir o motorista. “Ele não sairia de lá com vida. Meus amigos estavam com paus para bater nele, e eu não deixei. Seria apenas mais uma morte, e matá-lo não traria minha filha de volta”, afirma.

A mãe de Gheanny também se feriu no acidente. Ela foi atingida por destroços da parede e disse que ficou com o corpo todo roxo, mas os médicos só fizeram exames no joelho. Hoje, a dona de casa não consegue mais andar por muito tempo. Depois da tragédia, a família se mudou para o Núcleo Rural Rajadinha, em Planaltina.

Paula e Ildebrando são casados há 16 anos e tiveram seis filhos juntos. Recentemente, a mulher descobriu que está grávida de novo. “Não sei comemoro ou se fico mais triste ainda. Devido ao acidente, a Paula não consegue mais andar direito. Ela reclama de muita dor nas pernas. O cara acabou com a minha família inteira”, finaliza o carpinteiro.

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Liberdade
Segundo o inquérito da Polícia Civil, Hegon Henrique tentou se suicidar quando atingiu a casa da família. A namorada dele contou em depoimento que ela e Hegon estavam se desentendendo, desde a casa do rapaz, e teria pedido para ele a levar embora.

Eles foram discutindo pelo caminho, até que a moça comunicou não querer mais o relacionamento. Transtornado, Hegon teria dito: “Já que você não quer, eu quero morrer”, relatou a namorada, quem não teve a identidade divulgada.

Relembre o caso

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Depois do comentário, Hegon Henrique lançou o veículo contra o imóvel. Dessa forma, o rapaz foi indiciado por homicídio doloso com dolo eventual. “Não houve qualquer vestígio de que ele tentou fazer a curva ou frear. Ele não queria matar a criança, mas assumiu o risco”, afirma Ulysses Luz, delegado cartorário da 6ª DP.

“Agora, ele vai responder por duplo homicídio, um consumado (criança) e uma tentativa (namorada). Ele também responde por lesão corporal, pois feriu os pais da vítima. Hegon deve pegar mais de 20 anos de prisão”, ressalta Luz.

 

Ainda assim, o rapaz permanece em liberdade. “Ele não preenche os requisitos para prisão preventiva e segue em liberdade. Se fosse um criminoso habitual, estivesse atrapalhando a investigação ou quisesse fugir, seria preso”, diz o delegado.

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Segundo o delegado Ulysses Luz, a perícia determinou que Hegon estava a pelo menos 50km/h quando atingiu a casa

 

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