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Escritora negra tem computador hackeado e sofre ataque racista no DF

Cristiane Sobral perdeu 24 mil seguidores e trabalhos já concluídos. Amigos fizeram campanha de apoio à artista

atualizado

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Reprodução/Redes Sociais
mulher negra com adornos tradicionais
1 de 1 mulher negra com adornos tradicionais - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Uma escritora negra do Distrito Federal foi vítima de um ataque cibernético e do crime inafiançável de racismo. Com 47 anos, Cristiane Sobral, que tem trabalho reconhecido na capital e também atua como professora e atriz, teve a conta do Instagram hackeada e o computador pessoal invadido.

A perda da conta da rede social privou a artista do contato direto com 24 mil seguidores. No computador, os hackers a fizeram perder livros que já estavam escritos, pedidos de encomendas, além de ter acesso aos dados da professora.

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Por fim, os criminosos virtuais ainda estão enviando mensagens de cunho racista para a artista. Desde o dia que foi hackeada, Cristiane recebe mensagens no Whatsapp em que eles escrevem coisas como: “A gente tinha te avisado que ia tirar a sua conta, macaca”.

“Tem coisas lá [nas mensagens racistas] que eu prefiro nem dizer, é horrível. A gente faz um trabalho a mais de 30 anos e de repente vira poeira e motivo de agressões e ameaças. Do jeito que as coisas estão atualmente, dentro dos grupos que eu participo, não sou a primeira pessoa negra que está vivendo isso”, afirmou Cristiane.

Veja as contas no Instagram de Cristiane:

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O ataque virtual

A artista descobriu que foi hackeada em 27 de janeiro, depois de participar do programa Papo de Quebrada, gravado no Teatro Sesc. A equipe do programa avisou que postou fotos e a marcou na rede social, mas ela não consigo entrar para ver.

“Quando coloquei o aviso de troca de senhas, vi que não era meu e-mail, mas ai não consegui entrar na conta. Denunciei no Instagram que tinham invadido minha conta”, afirmou. Segundo Cristiane, até agora a plataforma não fez nada e a conta invadida continua no ar.

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Quatro dias depois, ela descobriu que o computador também estava na posse dos hackers. “Todos s arquivos estavam travando, o técnico veio e falou que era um vírus, uma quadrilha que roubava todas as senhas e arquivos”, narrou a escritora.

Depois disso, amigos da escritora organizaram um movimento de apoio, compartilhando as hashtags #pretosemcontos #racismoécrime #diganaoaoracismo e #juntossomosmaisfortes.

Veja fotos da artista: 

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“Me sinto agredida, ameaçada, sinto que é uma privação do meu direito de voz, de ser uma cidadã, de ter liberdade de fazer o trabalho que faço, que pra mim me orgulha muito”, afirmou Cristiane. “É muito triste pra mim ver que esse racismo é naturalizado, eles se sentem muito confortáveis, com tantas coisas graves que acontecem, o que é uma mensagem racista?”, questiona.

Apesar das ameaças, a escritora afirma que não vai se intimidar. “Ao mesmo tempo, não vou parar, não tem como parar, não existe parar, é o que eu sou. O que me motiva é que outras pessoas que estejam passando por isso também denunciem, não fiquem caladas”, garante a escritora.

A professora abriu um boletim de ocorrência na Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos (DRCC) e pediu ajuda à plataforma.

Veja o programa Papo de Quebrada com a participação de Cristiane:

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