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Envolvido no esfaqueamento de jovem gay é preso no Piauí em ação da PCDF

Homem foi preso em Correntes (PI). Outro maior de idade que participou do ataque segue foragido. Vítima foi esfaqueada 22 vezes

atualizado

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Material cedido ao Metrópoles/Arquivo pessoal
Felipe Correia
1 de 1 Felipe Correia - Foto: Material cedido ao Metrópoles/Arquivo pessoal

Um dos envolvidos no ataque homofóbico que resultou em 22 facadas desferidas contra Felipe Milanez (foto em destaque), 24 anos, foi recambiado do Piauí para o DF nesta quinta-feira (5/11). O crime ocorreu em outubro de 2019.

A prisão ocorreu graças à ação conjunta das polícias Civil do Distrito Federal (PCDF) e do Piauí (PCPI).

O homem preso, cujo nome não foi divulgado, é um dos três maiores de idade identificados como responsáveis pelo ataque. Quatro adolescentes também teriam participado do crime.

O preso foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado, racismo homotransfóbico e impossibilidade absoluta de defesa da vítima, além de corrupção de menores.

Foragido

As autoridades seguem na busca de Jean Lima da Silva, que permanece foragido. A PCDF divulgou nome e a foto dele (veja abaixo) para ajudar nas buscas.

Qualquer informação sobre o paradeiro do acusado pode ser repassada à PCDF pelo telefone 197.

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Vítima saiu do DF

“Não sei nem mais o que é viver. O que aconteceu comigo me fez ter incerteza da minha identidade. Eles arrancaram tudo de mim. Cada golpe de faca arrancou uma qualidade, um defeito, tudo. Hoje, só estou existindo”, desabafou Felipe, durante entrevista ao Metrópoles em agosto.

Depois do esfaqueamento, ele viveu momentos de terror ao rever os agressores nas ruas. Na primeira vez, o reencontro ocorreu em uma chácara, durante confraternização de um colega.

“E essa pessoa (o agressor) chegou. Passei mal, travei e não conseguia respirar. Tive uma crise de pânico. A pessoa me viu, mas não fez nada. Meus amigos chegaram, me colocaram no carro e me levaram embora”, contou.

Em um segundo episódio, o jovem reviu outro agressor andando por Brazlândia. Seria um menor de idade. Mas o pior momento, segundo Felipe, ocorreu no dia em que foi cortar cabelo na rodoviária da cidade.

“Eles (os agressores) me viram. Ficaram ali todos, literalmente, na frente do salão me intimidando. O pessoal teve que abaixar a porta do salão”, denunciou.

Neste caso, Felipe pediu socorro para a 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), responsável pela investigação do ataque de 2019. Agentes foram ao estabelecimento e retiraram o jovem do local em segurança.

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Ódio

Felipe também foi alvo de ameaças nas redes sociais. Um perfil fake disparou ameaças. “Escreveu que ia me pegar”, relatou.

O jovem tirou prints e denunciou o caso à polícia. Ao chegar na delegacia para registrar boletim de ocorrência, o perfil fake havia sido retirado da ar.

Felipe levou três facadas na cabeça, causando danos à sua memória. Atualmente, faz tratamento com psicólogo e psiquiatra. Ainda sofre com crises de ansiedade e evita caminhar sozinho.

Felipe Correia
Felipe sobreviveu ao ataque homotransfóbico, mas vive hoje com medo. Não tem mais residência fixa. Com agressores livre, deixou Brasília

Diante das ameaças e do fato de os agressores continuarem soltos, o rapaz perdeu a fé e a confiança na capacidade da Justiça. Ele diz não ter mais residência fixa, mudou-se de Brasília e, em breve, deixará o Brasil, para recomeçar a vida.

A mãe, Jamile Correia, 50 anos, vive adoecida, triste, com medo de acontecer um novo ataque. Para Felipe, infelizmente, não há outra opção. “Eu vou deixar todo mundo para trás a fim de conseguir uma vida nova. Vou ter de me desfazer de tudo que consegui até hoje para ter uma oportunidade de conseguir respirar, viver”, conclui o jovem.

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