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Entre lama e poeira. Um drama sem fim para moradores de Vicente Pires

Mesmo passadas as chuvas de sexta-feira (16/11), as pessoas ainda têm que enfrentar a poeira levantada por obras na região

atualizado

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Vinícius Santa Rosa/Especial para o Metrópoles
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1 de 1 vpacapa - Foto: Vinícius Santa Rosa/Especial para o Metrópoles

Entre as chuvas que alagam as ruas da cidade e os períodos de estiagem, os moradores de Vicente Pires têm que enfrentar graves consequências ocorridas pela falta de infraestrutura na região administrativa. Obras inacabadas, buracos no chão e ruas sem asfalto estão entre as maiores queixas levantadas por quem vive no local.

“Estamos entre a lama e a poeira”, define o comerciante Francisco de Assis, 57 anos. Ele gerencia um bar e restaurante há sete anos em Vicente Pires. Durante o temporal da última sexta-feira (16/11), a água invadiu o estabelecimento e causou alagamento. “É a situação que temos aqui. Muitas lojas já fecharam por conta disso. Os negócios ficam prejudicados porque simplesmente perdemos clientes”, diz, demonstrando preocupação com o comércio.

Apesar do transtorno, segundo Francisco, as obras são fundamentais para a regularização da região. O que ele classifica como o verdadeiro problema é, na verdade, a maneira como estão sendo realizadas. “Não há coordenação ou planejamento. Tinha que ter sido feita parte a parte, mas arrebentaram a cidade. Agora, estamos pagando o preço.”

 

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A comerciante Fernanda Marques, 35, e a contadora Priscila Carla Sabino, 38, compartilham da sensação de insegurança causada pela falta de infraestrutura. Cada uma é mãe de crianças pequenas. “A situação nos traz medo, porque a cada chuva não sei se posso sair de casa. Até minha filha de 7 anos já tem medo de tanto buraco”, relata Fernanda.

Apesar de tudo, a comerciante diz gostar de morar na região por ser um lugar agradável. “Aqui sempre houve problemas. Então, quando as obras começaram chegamos a sentir alívio, mas só piorou depois disso. Isso aqui é um descaso e se tornou vergonhoso.”

Por sua vez, Priscila não sabe sequer se vai matricular seus filhos na região. Quando a chuva vem, a água cobre tudo, e grande parte dos colégios se situa em áreas sem asfalto. “Cada empresa aqui faz uma coisa. Uma tira o asfalto, outra retira a terra, outra coloca as manilhas. É falta de organização.”

Obras
As intervenções, segundo a Secretaria de Infraestrutura do DF, têm o intuito de garantir a circulação de pessoas e reduzir transtornos causados pelas chuvas. “São fundamentais para solucionar os problemas de enxurradas e buracos na região”, esclarece a pasta.

O administrador de Vicente Pires, Charles Guerreiro, afirma que as famílias que se mudam para a região já o fazem sabendo da realidade caótica. Segundo ele, as obras vão melhorar a qualidade de vida na localidade.

As pessoas não compraram lotes em Paris ou no centro de Brasília, mas em uma cidade que não teve, desde seu nascimento como área urbana, infraestrutura

Charles Guerreiro, administrador de Vicente Pires

O GDF afirma que Vicente Pires foi criada, há cerca de 20 anos, a partir de parcelamento ilegal e irregular de terras que estavam destinadas a chácaras e a áreas de preservação ambiental. “Até 2014, várias estruturas privadas foram erguidas sem autorização ou controle do poder público”, acrescentou.

“Por conta de dispositivos legais que regem a conduta do Estado e o ordenamento urbano, a construção de equipamentos públicos, tais como escolas, delegacias e hospitais, só pode ser iniciada depois da regularização fundiária, iniciada nesta gestão”, ressaltou.

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