Menino que escapou de tragédia no Entorno “chora bastante”, diz tia
Segundo a tia Ivete dos Santos, garoto de 12 anos “está assombrado e com medo de tudo” e se assusta até “com latido de cachorro”
atualizado
Compartilhar notícia
Despedaçada pelo crime que chocou Águas Lindas nesse fim de semana, a família de Suzete dos Santos Reis, 32 anos, espera os desdobramentos da investigação e a liberação dos corpos da jovem e dos filhos João Vitor dos Santos Fagundes, 6, e Joyce Miranda Fagundes, 4, para marcar o enterro. O único sobrevivente da tragédia, o outro filho de Suzete, 12, está apavorado e não consegue dormir direito.
“Ele está muito assombrado e com medo de tudo. Se assusta até com latido do cachorro, com qualquer barulho. Só conseguiu pegar no sono no domingo [11/3], depois de ficar agarrado em mim na cama. Chora bastante. Como vai ficar a vida desse menino?”, questiona Ivete dos Santos Miranda, irmã de Suzete e tia do sobrevivente. O garoto mora com Ivete há aproximadamente um mês.
Suzete e os filhos foram encontrados mortos em casa no domingo (11), no Jardim Guaíra II. O crime bárbaro intrigou a polícia local. A porta da casa estava trancada por dentro e não havia sinais de arrombamento.As autoridades trabalham com a hipótese de que o assassino tinha acesso à residência. O celular de Suzete ainda não foi localizado. O principal suspeito de matar a família está detido, desde domingo (11), no Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Águas Lindas. Ex-namorado de Suzete, o homem, de 45 anos, trabalha como cozinheiro em um restaurante localizado em Águas Claras. Segundo o patrão, é um “funcionário exemplar“, mas tem vício em bebida alcoólica.
O suspeito terminou um relacionamento recentemente e teria sido a última pessoa a ver as vítimas com vida. A roupa dele será periciada. “Não caiu a ficha. Não conseguimos saber até agora quem fez essa judiação. Mataram a minha amiga, minha parceira. Ela ficava o tempo todo comigo. Os meninos também eram colados em mim, me amavam de coração”, lamenta Ivete.
Dona de um bar na região de Águas Lindas, Ivete ajudava a família. Aos finais de semana, Suzete inclusive trabalhava no estabelecimento e lá conheceu o ex-namorado e agora suspeito do crime. Ela não recebia ajuda financeira dos pais das crianças.
Cena de horror
A primeira pessoa a ver o corpo das vítimas foi o cunhado de Suzete, Edvaldo dos Santos Conceição, 46. “Abri a porta e fiquei chocado. As crianças eram muito apegadas a mim. Quase todo fim de semana, eu vinha para cá ficar com elas”, disse.
A cena era de horror. Havia muito sangue pela casa, segundo Edvaldo. “Vi primeiro o corpo do menino [João Vitor] e me assustei. Quando entrei no quarto, estavam Suzete e Joyce. Muito triste”, lamenta o cunhado. A mulher levou pelo menos uma facada no peito e 20 tesouradas no pescoço. Os filhos foram mortos com golpes de tesoura. No domingo (11), o cheiro dos corpos ainda era forte na rua onde ocorreu o crime.
Edvaldo disse que o garoto estava na sala, com um cobertor sobre a cabeça. A mãe usava blusa e tinha a calcinha arriada até o joelho. Já a menininha foi encontrada nua. A polícia suspeita que as vítimas tenham sido violentadas sexualmente.
O cunhado disse ter tido sangue-frio para pegar sua moto e ir até a polícia relatar o crime. “Fui tremendo, desesperado. Estava bastante nervoso, mas consegui me conter”. Edvaldo prestou depoimento. Aguarda a solução do crime e a identificação do responsável. “Existe um suspeito. Estamos esperando a perícia. Espero que a justiça seja feita”, afirma.
O laudo que ajudará a esclarecer o crime deve ficar pronto em até 30 dias. Uma equipe da Polícia Civil vai voltar ao local do crime, nesta segunda (12), em busca de novas evidências.
Vizinhança estarrecida
A vizinhança está estarrecida. O assassino agiu em silêncio. A suspeita é que a família tenha sido morta na última sexta (9). Segundo um vizinho das vítimas, que não quis se identificar, ele notou o portão aberto. “Foi estranho, porque ela [Suzete] sempre trancava tudo”, ressaltou.
O homem disse ainda que não tinha muito contato com Suzete, pois ela era “bem discreta e reservada”. “Não ouvimos nenhum barulho ou pedido de socorro. Foi uma surpresa”, ressaltou o vizinho.