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GDF não paga terceirizados e empresas recorrem a empréstimo no BRB

Crédito de R$ 50 milhões foi costurado pelo próprio governo, em reunião com empresas e sindicatos. Crise ameaça salários do funcionalismo

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Vigilantes
1 de 1 Vigilantes - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O cobertor está curto. Se for usado para cobrir a cabeça, o pé fica de fora. A analogia serve para explicar a atual situação do Palácio do Buriti. Ao pagar os salários dos servidores este mês, o dinheiro acabou e o GDF não conseguiu honrar os compromissos com fornecedores e terceirizados. Assim, trabalhadores das áreas de vigilância e limpeza, além dos responsáveis pelas merendas escolares, cruzaram os braços na terça (8). Para contornar a situação, as empresas que têm contrato com o governo recorreram a um empréstimo de R$ 50 milhões no Banco de Brasília (BRB).

O dinheiro foi liberado após uma longa reunião na tarde de quarta (9). Durante seis horas, representantes do GDF, de sindicatos, das empresas e deputados distritais negociaram uma linha de crédito no BRB para arcar com os salários. A solução foi costurada após o GDF alegar que só poderá repassar a verba às empresas em 15 de agosto.

“Os funcionários passariam o Dia dos Pais sem nada na conta. Foi uma negociação difícil, mas conseguimos o empréstimo. É lógico que terá juros, pois banco não faz filantropia”, afirmou o deputado distrital Chico Vigilante (PT). Com a negociação, está previsto o pagamento de cerca de 10 mil trabalhadores até o meio-dia desta quinta-feira (10/8).

O secretário-chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, confirmou que o empréstimo faz parte de um esforço para manter as categorias trabalhando. Mas a questão dos terceirizados é só uma das variáveis da equação. Sampaio ressaltou que é preciso fazer malabarismo para pagar a folha do funcionalismo público local.

Temos interrompido o fluxo de pagamento de vários outros serviços para manter os salários (dos servidores) em dia. O custo da máquina está muito alto, consome todo nosso orçamento. O custeio, contratos, serviços e investimentos estão comprometidos.

Sérgio Sampaio, secretário-chefe da Casa Civil

Arquivo Pessoal

Reunião realizada na tarde de quarta-feira (9/8) no Banco de Brasília

Estrangulamento
Segundo Sampaio, a expectativa é que os problemas se agravem. “A arrecadação é menor do que a despesa. É uma conta simples, não fecha. Reduzimos o déficit do orçamento de R$ 3,5 bilhões para menos da metade do que era quando assumimos o governo, mas a despesa só cresce”, completou.

Mesmo sem ter concedido qualquer reajuste salarial ou incorporado despesas correntes ao orçamento, só de crescimento vegetativo da folha, o GDF teve um acréscimo nas despesas com pessoal de R$ 1,6 bilhão, entre 2016 e 2017. “Somando a folha de pagamento com as áreas de saúde, educação e segurança, que incluem os repasses do Fundo Constitucional, são R$ 2,2 bilhões mensais”, disse Sampaio.

O fantasma do parcelamento de salários
O problema se tornou uma bola de neve. Após suar a camisa para pagar os salários de julho, agosto começa com pronósticos ruins. Nos corredores de órgãos públicos e sindicatos, o temor é que, sem recursos suficientes, os salários sejam parcelados. Oficialmente, o GDF nega essa possibilidade, mas a preocupação é real. Especialmente porque a arrecadação do mês passado apresentou números preocupantes, conforme o Metrópoles noticiou na quarta (10).

Estados como o Rio de Janeiro enfrentam problemas semelhantes. A situação fluminense chegou ao ponto de milhares de servidores, aposentados e pensionistas ficarem sem salários e benefícios, como o 13º, provocando manifestações violentas. Para se ter uma ideia, até hoje os vencimentos de abril não foram integralmente quitados.

Vigilantes
A realidade no DF é bem menos dramática, mas a onda de insatisfação começa a subir. Os vigilantes contratados pelas empresas Ipanema, Confederal, Brasília Segurança e Global cruzaram os braços na terça-feira (8) depois de o salário não ter caído na conta no quinto dia útil. Isso provocou mudanças nos horários de atendimento de unidades de saúde. Com 3,5 mil profissionais em greve, as visitas nos hospitais regionais de Taguatinga e de Samambaia foram suspensas. No Base e no Regional da Asa Norte (Hran), os horários sofreram redução. Tudo para garantir a segurança.

O presidente do Sindicato dos Vigilantes do DF, Paulo Quadros, afirmou que a paralisação continua até que os salários sejam depositados. “Temos cerca de 20 mil vigilantes no DF, mas nas áreas afetadas são 3,5 mil”, afirmou.

Já o Sindiserviços informou que 3 mil empregados da Empresa Juiz de Fora, terceirizados na limpeza e conservação das escolas públicas, entraram de greve para reivindicar o salário de julho, o vale-transporte e dois meses e meio de tíquete-alimentação atrasados.

Outros 2,2 mil empregados das empresas Servegel e Real JG e 800 trabalhadores terceirizados da merenda escolar, empregados da Empresa G&E, também reivindicam o recebimento dos seus vencimentos deste mês.

Todas essas empresas negociaram o empréstimo com o BRB. O financiamento será quitado à medida que o GDF liberar recursos para as companhias.

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