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Depoimento de Canhedo Filho à Polícia Federal dura oito horas

O empresário foi detido a pedido do MPF. Ele é acusado de fraude fiscal, lavagem de dinheiro e associação criminosa

atualizado

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Celso Junior/Estadão Conteúdo
Wagner Canhedo Filho
1 de 1 Wagner Canhedo Filho - Foto: Celso Junior/Estadão Conteúdo

Preso pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (9/10) por suspeita de fraude fiscal, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa, o empresário Wagner Canhedo Filho prestou depoimento durante oito horas na superintendência da PF. A prisão ocorreu a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que atribui a ele uma dívida de R$ 875 milhões aos cofres públicos.

Filho do dono da extinta Vasp, Canhedo Filho controlou o sistema de transporte no DF com a Viplan por mais de 40 anos. Ele só deixou de atuar após o GDF intervir no setor em fevereiro de 2013.

As investigações da Polícia Federal, em conjunto com o MPF, começaram no ano passado. Segundo a PF, durante as apurações, foi detectado um “esquema ilícito para ocultar bens e receitas oriundas do grupo econômico sob investigação com o objetivo de não saldar o enorme passivo tributário e trabalhista do qual é devedor. O modelo de ocultação de bens utilizava empresas de fachada para movimentar bens, simular empréstimos e blindar o patrimônio dos integrantes do esquema criminoso investigado”, como relata uma nota da corporação.

Habeas corpus
Acompanhado do advogado no depoimento, Canhedo disse que o valor da dívida não é tão alto. A defesa do dono da Viplan entrou com pedido de habeas corpus no fim da tarde desta sexta. O pedido só deve ser analisado oficialmente na terça-feira (13/10), por conta do fim de semana e do feriado. Enquanto isso, Canhedo permanece na sede da PF. Caso seja transferido para a Papuda, ele deve ficar em uma ala federal. O empresário foi detido pelos agentes federais em casa, no Lago Sul. O mandado de prisão preventiva foi expedido pela 10ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal.

Advogado do empresário, Ticiano Figueiredo afirmou que a prisão é uma perseguição ao cliente. “O MPF alega que houve descumprimento das medidas cautelares, pois ele teria realizado movimentação em uma empresa que estaria com os bens bloqueados. O que ocorreu foi que ele vendeu gado de uma empresa que não está com restrições. Tudo foi feito com declaração e pagamento de impostos”, garante o advogado. Segundo Figueiredo, a prisão seria uma estratégia para Canhedo ser forçado a pagar o valor que o MPF alega ser de dívidas.

Não há um valor certo. Eles jogam para cima para impressionar e realizaram a prisão para forçá-lo a pagar. O Canhedo não está fraudando execução nem escondendo bens.

Ticiano Figueiredo, advogado
Investigações
Este ano, a Justiça já havia determinado o cumprimento de mandados de busca e apreensão e o afastamento de diretores das empresas controladas por Canhedo. A suspeita é de que ele usou pelo menos seis empresas fantasmas, abertas em nome de laranjas, para cometer as fraudes fiscais.

No entendimento do MPF, Canhedo usou uma empresa de transporte do DF para cometer os crimes. “Canhedo Filho migrou seu esquema para a utilização de outras empresas até então não conhecidas e também não atingidas pelos bloqueios judiciais no âmbito da Execução Fiscal, dentre as quais seguramente a Cooperativa de Transportes Alternativos e Autônomos do DF (Coota-DF).”

Silvio Abdon/CLDF
Canhedo depôs no mês passado na CPI do Transporte, na Câmara Legislativa*Silvio Abdon/CLDF**

 

De acordo com as investigações, o empresário sacou mais de R$ 1,2 milhão de uma conta em nome da cooperativa e abastecida por outras companhias do grupo, em 28 de agosto deste ano. A sede da Coota-DF teria sido alterada, segundo o MPF, “justamente para o mesmo endereço das empresas de fachada utilizadas pelo grupo Canhedo em seu esquema fraudulento”, segundo o MPF.

Além da prisão, Canhedo está proibido de deixar o país. “Diante do “robusto” poder econômico, o risco de fuga é inafastável, o que poderia colocar em risco a aplicação da lei penal”, afirmaram à Justiça os investigadores.

Histórico
Esta é a segunda vez só neste ano que o empresário é preso pela PF. Em maio, Canhedo foi detido por porte ilegal de arma durante a Operação Patriota, que investigava justamente as supostas fraudes. Ele pagou R$ 39,4 mil de fiança e foi liberado no mesmo dia.

No mês passado, o dono da Viplan depôs na CPI do Transporte, na Câmara Legislativa do DF. À época, ele reclamou por ter perdido a licitação para atuar no sistema de transporte e alegou que o setor “funcionava melhor” quando ele atuava.

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