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Efeito pandemia: 34 mil alunos, ou 20% do total, cancelaram matrícula na rede privada do DF em 2020

Muitos migraram para a rede pública, enquanto outros optaram por colégios com mensalidades mais baratas

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Escola particular
1 de 1 Escola particular - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A pandemia do novo coronavírus dobrou o percentual de cancelamento de matrículas de estudantes nas escolas particulares no Distrito Federal.

Segundo o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinepe-DF), os colégios particulares tinham 170 mil estudantes. Deste total, 20% cancelaram as matrículas em 2020. Ou seja, 34 mil deixaram as unidades para estudarem em colégios com mensalidades mais baratas ou migrarem para a rede pública.

Pelas contas do sindicato, em 2019, o percentual de cancelamento de matrículas foi de 10%. Em 2018, orbitou entre 10% e 12%.

Segundo o diagnóstico da presidente do Sinepe, Ana Elisa Dumont, a evasão foi maior na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental.

Retorno

Apesar do dado alarmante, Dumont diz que o setor começou a perceber um retorno ainda discreto de alguns estudantes. “Muitos decidiram retornar, mas o censo do regresso só estará pronto no final de janeiro de 2021”, contou.

Ainda sob o ponto de vista da presidente do Sinepe, o regresso tem diferentes explicações. Parte dos pais mostrou confiança no modelo híbrido com aulas remotas e presenciais. Outra parcela se viu obrigada, por imposição da Constituição Federal.

“Muitas pessoas desconhecem a Carta Magna que determina a matrícula obrigatória a partir dos 4 anos”, explicou Dumont. Pais que mantiverem os pequenos fora da escola podem ser convidados a se explicar ao Conselho Tutelar.

Segurança

Ainda na avaliação de Dumont, a rede particular mostrou estar preparada para a volta das aulas com segurança na pandemia. “Não tivemos números expressivos de contágio”, celebrou, sem estimar percentuais.

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Transferência

Na análise do diretor do Sindicato dos Professores em Estabelecimentos Particulares de Ensino do DF (Sinproep-DF), Rodrigo de Paula, os estudantes, em sua maioria, estão migrando para as escolas da rede pública.

“Veremos o aumento da disputa pelas vagas públicas, ainda mais nas creches, que já têm um déficit. Faltam incentivos para as particulares atravessarem a crise”, pontuou.

Confira as regras de segurança sanitária nas escolas particulares:

 

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Mensalidades

Na leitura do presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), Alexandre Veloso, a evasão das escolas particulares é resultado dos constantes aumentos de mensalidade.

“A questão da mensalidade está ficando insuportável. Todo ano tem reajuste. Neste temos de 5% a 10%, dependendo da escola”, apontou.

Conforme aponta Veloso, famílias das classes média e alta tendem a permanecer nos colégios particulares. O mesmo não ocorre nas casas mais humildes.

“Quem tem filho em escolas menores, com mensalidade de R$ 300 a R$ 600, está enfrentando dificuldades e tirando a criança para colocar na rede pública”, pontuou.

Fazendo as contas

A Secretaria de Educação recebeu 31.048 de inscrições de novos estudantes interessados em ingressar na rede pública em 2021.

“O número foi menor do que o registrado no ano anterior, quando ocorreram 38.579 pedidos, uma diferença de 7.531 estudantes”, informou a pasta, em nota enviada ao Metrópoles.

Mas, em relação à migração de alunos da rede privada para a pública, a área técnica da secretaria ainda prepara o levantamento total.

Segundo a pasta, o resultado das inscrições está previsto para o dia 21 de janeiro, a partir das 18 horas, no site da secretaria e nas escolas. As informações a respeito da efetivação de matrículas serão divulgadas no fim de janeiro.

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