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Com a crise, alunos migram de escolas particulares para a rede pública

Dados do Censo 2016, do Ministério da Educação, mostram o crescimento de matrículas de alunos na pré-escola e no ensino médio este ano em comparação com 2016. De dezembro para cá, 11 colégios pagos fecharam as portas, segundo federação que representa essas instituições

atualizado

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Michael Melo/Metrópoles
Alunos no Gisno
1 de 1 Alunos no Gisno - Foto: Michael Melo/Metrópoles

O Censo Escolar divulgado esta semana pelo Ministério da Educação é o mais novo indicativo de que a crise econômica tem levado muitos pais a transferirem seus filhos das escolas particulares para as públicas. De acordo com os dados preliminares, divulgados no Diário Oficial da União, as matrículas da pré-escola e do ensino médio da rede pública do Distrito Federal cresceram este ano em comparação com 2015.

Em 2016, 37.838 crianças foram matriculadas nas séries iniciais de ensino das escolas públicas espalhadas pelas zonas rural e urbana do Distrito Federal, 5 mil a mais que em 2015, quando foram computadas 32.801. Já no ensino médio, este ano, foram matriculados 77.758 jovens, contra 75.977 alunos no ano passado.

Para a diretora da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Amábile Pacios, as instituições de ensino particulares estão perdendo os alunos que receberam nos últimos anos com a ascensão econômica das classes C e D. Com o aperto econômico, muitos pais não estão conseguindo arcar com as mensalidades.

Antes da crise, a gente teve um boom de novos alunos, já que a renda de muitos pais aumentou. Agora, parte desses estudantes está voltando para a rede pública

Amábile Pacios, diretora da Fenep

Segundo Amábile, em 2016, em todo o Brasil, houve uma redução de 5% a 8% no total de alunos matriculados na rede particular de ensino. O Distrito Federal segue essa média, tendo as escolas pagas perdido cerca de 5% de seus estudantes. Só no fim de 2015, 11 escolas particulares fecharam as portas no DF, ainda de acordo com dados da federação.

O DF tem 380 escolas pagas onde estudam 600 mil alunos. Este ano, três colégios já teriam anunciado o encerramento das atividades, entre eles, o Centro Educacional São Camilo, que funciona na 914 Norte, há 35 anos. A instituição tem 200 funcionários e 500 alunos matriculados da educação infantil ao 5º ano do ensino fundamental e funciona de manhã e à tarde.

Esta semana, conforme mostrou o Metrópoles, os pais foram surpreendidos com o seguinte comunicado, assinado pelo diretor de ensino da mantenedora União Social Camiliana, Carlos Ferrara Júnior: “É com pesar que comunicamos que, ao final do ano letivo de 2016, as atividades do Colégio São Camilo serão encerradas. Assim, não haverá renovação de matrícula para o ano letivo de 2017.”

Mesmo em meio à crise, as mensalidades escolares vão subir em 2017, e bem acima dos preços médios aplicados pelo mercado. A previsão é de que o reajuste fique entre 10% e 15%, mais que inflação, que deve fechar o ano em 7,5%. Isso pode contribuir ainda mais para a debandada de alunos da rede privada para a pública de ensino.

Para o doutor em Educação Célio da Cunha, a migração de estudantes para as escolas públicas pode ser encarada de maneira positiva.

“Essa crise que o país passa levou, sim, esses estudantes para os colégios públicos, mas não vejo grande prejuízo. Claro que há problema de qualidade nessas instituições de ensino, mas, a partir disso, os pais e alunos vindos das instituições privadas estão mais preparados e passam a cobrar mais do governo”, acredita.

Na avaliação do subsecretário de Planejamento, Acompanhamento e Avaliação da Secretaria de Educação, Fábio Pereira de Sousa, o movimento dos alunos das escolas particulares para a rede pública no DF está relacionado ao aumento das mensalidades e também à qualidade de ensino oferecida pelos colégios públicos.

Sousa garante que a rede está preparada para receber mais alunos. “A partir de amanhã (1º de outubro), estamos trabalhando com as telematrículas 2017. Fizemos uma reorganização na rede, até mesmo com a obrigatoriedade em atender alunos da educação infantil de 4 e 5 anos, e estamos preparados para atender 100% da demanda de quem nos procurar do dia 1º a 23 de outubro, período em que a telematrícula estará funcionando”, afirma.

 

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