Após 19 dias, alunos desocupam prédio da reitoria da UnB
Antes de deixarem o local, manifestantes e representantes da instituição realizaram uma inspeção conjunta no espaço
atualizado
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Após 19 dias, estudantes desocuparam a reitoria da Universidade de Brasília (UnB). A saída deles ocorreu por volta das 10h30 desta segunda-feira (30/4). Antes de deixarem o prédio, os manifestantes e representantes da maior instituição de ensino do DF realizaram uma inspeção no local a fim de verificarem possíveis danos ao patrimônio.
Durante a observação, foram encontrados vidros quebrados e portas com fechaduras danificadas. De acordo com a administração, existe um acordo para que os estudantes arquem com o prejuízo causado.
Participaram da vistoria o chefe de gabinete da reitoria, Paulo César Marques, professores, seguranças, integrantes da prefeitura do campus e da equipe de manutenção predial. Para Marques, o resultado alcançado na base do diálogo restou bom para as duas partes. “O desfecho encontrado foi bom, principalmente porque toda negociação aconteceu dentro da comunidade acadêmica. Não houve necessidade que ninguém de fora tivesse de intervir”, comemorou o docente.
Com relação à greve dos terceirizados e servidores, ele espera abrir novas rodadas de negociações. “Ainda não fomos procurados por eles para conversar. O corte ou não do ponto só será analisado após o fim da greve”, disse.Ao colocarem fim ao ato, um grupo de universitários entoou gritos como: “tira a tesoura da mão, valoriza a educação” e “a nossa luta unificou estudante e trabalhador”. Eles carregavam colchões, cobertores e utensílios de higiene pessoal.
Numa demonstração de inconformidade com a postura da direção da entidade, os ocupantes constrangeram Paulo César Marques. O professor concedia uma entrevista coletiva quando um rapaz com o rosto coberto se aproximou e entregou ao chefe de gabinete uma vassoura. Em seguida, ele e os colegas começaram a cantar: “Ô Paulo César, pega vassoura e vai limpar o gabinete da reitora”. Assista no vídeo abaixo:
Tensão na Esplanada
Ainda na noite de domingo (29), os alunos fizeram uma faxina no espaço ocupado desde o último dia 12. A administração da UnB e representantes do movimento estudantil chegaram a um acordo após quatro horas de reunião no sábado (28). Cerca de 100 alunos participaram do ato.
Depois do confronto na Esplanada dos Ministérios entre polícia e alunos, o comando da UnB esperava uma desocupação imediata após a notificação extrajudicial, divulgada na quinta-feira (26), na qual cobrava o fim do movimento até as 23h59.
Os manifestantes pleiteavam a liberação de verbas para a instituição por parte do Ministério da Educação e, para isso, cobravam uma reunião com integrantes da pasta. Os universitários ainda são contra o aumento de preço nas refeições do Restaurante Universitário (RU) e as demissões de terceirizados. Pediam também a manutenção de todos os estágios remunerados e bolsas de permanência estudantil, além de uma auditoria pública dos contratos de serviços terceirizados e a revogação da emenda do teto dos gastos.
A UnB vive uma das maiores crises financeiras da sua história. As contas não fecham e a estimativa é de que o rombo de 2018 fique em R$ 92,3 milhões. Para tentar equilibrar as finanças, a instituição vai precisar cortar R$ 39,8 milhões em despesas. Em contrapartida, terá de aumentar a receita em R$ 50,8 milhões, o que inclui remanejamentos orçamentários para atender às necessidades de custeio das atividades acadêmicas. A universidade ainda precisa aumentar o teto orçamentário, pois corre o risco de não conseguir usar o que captar.
Movimento começa em Planaltina
Enquanto o movimento estudantil no campus Darcy Ribeiro encaminha para a desocupação, no campus de Planaltina a situação é outra. Na sexta-feira (27), estudantes fecharam as entradas dos prédios da Faculdade UnB Planaltina (FUP) e realizaram uma assembleia, na qual decidiram entrar em greve.
Em nota, o comando de greve estudantil informou que, embora as salas fiquem fechadas, ações com a comunidade local, pesquisa e extensão poderão ocorrer. Alguns banheiros serão isolados porque a limpeza será realizada pelos alunos. Está prevista para hoje (30) reunião com os professores. O tema seria a negociação sobre o calendário do movimento.
A pauta de reivindicações é semelhante a do campus da Asa Norte. Os alunos da FUP, porém, também pedem a manutenção das cadeiras que representam os estudantes e a comunidade nos conselhos deliberativos da faculdade.