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DF se prepara para a retomada do Carnaval de rua em 2022

De acordo com o secretário de Cultura do DF, Bartolomeu Rodrigues, caso o planejamento se concretize, será o “Carnaval do século”

atualizado

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Myke Sena/Especial para o Metrópoles
Aglomeração no Carnaval de 2020
1 de 1 Aglomeração no Carnaval de 2020 - Foto: Myke Sena/Especial para o Metrópoles

Com a melhora do cenário da pandemia da Covid-19 neste fim de ano, o Governo do Distrito Federal (GDF) e representantes dos blocos de rua reacenderam o debate sobre a realização do Carnaval em 2022. Mas, afinal, haverá folia nas ruas da capital no próximo ano?

A resposta é incerta, mas a ideia do governador Ibaneis Rocha é de que a festa, que não ocorreu em 2021, seja retomada em 2022. De acordo com o titular da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues, o chefe do Palácio do Buriti está confiante de que terá Carnaval no DF no próximo ano.

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“Ele (Ibaneis) disse: ‘Construa, prepare um Carnaval’. Nós estamos desenhando um Carnaval, estamos nesse momento mergulhados nisso, como se fosse ter. Mas, são estudos, e isso pode se reverter”, ponderou o secretário.

No início de outubro, Bartolomeu disse ao Metrópoles que a pasta não previa a celebração no ano que vem devido à pandemia. Agora, com o avanço da vacinação, a Cultura trabalha com um novo cenário e vai lançar, nesta sexta-feira (19/11), um cadastro dos blocos de rua para organizar quais deverão participar.

De acordo com o secretário de Cultura do DF, na hipótese de não ser possível a realização da folia de rua, os bloquinhos não ficarão desassistidos. “E, tendo Carnaval — pensamos muito seriamente por essa perspectiva —, nós vamos desenhar o que se não for o Carnaval do século, será o ensaio geral do Carnaval do século, que ocorrerá de verdade em 2023”, afirmou Bartolomeu.

As declarações do titular da pasta foram dadas nessa quinta-feira (18/11) em comissão geral na Câmara Legislativa do DF (CLDF) para debater linhas de fomento aos artistas e produtores culturais, além de alternativas para um evento seguro na cidade.

Proposta pelos deputados Fábio Felix (PSol) e Reginaldo Veras (PDT) — integrantes da Frente Parlamentar em Defesa do Carnaval —, a comissão contou com participação de representantes do governo, de blocos carnavalescos, de escolas de samba e de entidades culturais.

Situação sanitária

Na solenidade, o subsecretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero, informou que a Secretaria de Saúde espera chegar ao fim de dezembro com mais de 80% da população totalmente imunizada contra Covid-19. Isso porque o DF fará um mutirão no próximo sábado (20/11) em 14 pontos da capital. Confira aqui mais detalhes.

“O público de 12 a 17 anos tem 267 mil pessoas. A nossa expectativa é de que, se conseguirmos trazer esses jovens agora para tomar a segunda dose, chegaremos a algo em torno de 82% de cobertura vacinal até o fim do próximo mês”, declarou Divino.

O subsecretário ainda destacou que o DF tem cerca de 200 mil pessoas acima de 18 anos que ainda não tomaram a primeira dose e que o governo espera mudar também esses números até o fim do ano. “Assim, estaremos muito próximos de alcançar um número que nos dê segurança maior para a continuidade da vida”, assinalou.

Bloquinhos

Para dialogar com o GDF, grupos carnavalescos criaram um grupo de trabalho. No debate na CLDF desta quinta, a produtora cultural Dayse Hansa, representante da Plataforma da Diversidade, reforçou a importância de um plano de segurança pública e sanitária para a ocorrência do evento no próximo ano.

“Se tomarmos essa decisão nesse momento, faltando quatro meses para a realização do maior evento que se tem notícia no DF, a gente consegue realizar o Carnaval”, avaliou Dayse.

Adriano Galli Gardini, vice-presidente da União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo de Brasília (Uniesbe-DF), comentou que o DF está há sete anos sem desfiles das escolas e que o grupo trabalha para a retomada em 2023.

Para Ian Viana, representante do Setor Carnavalesco Sul, é preciso pensar em conjunto formas de garantir a segurança do público nessa retomada pós-pandemia. “Vamos unir forças para pensar: é passaporte de vacina? Então, vamos fazer com passaporte de vacina. Vamos usar o que for necessário para que a gente garanta as condições mínimas sanitárias para o funcionamento desse Carnaval”, defendeu.

Representando a Secretaria de Segurança Pública, a coronel Cíntia Queiroz afirmou que, caso haja Carnaval em 2022 no DF, a pasta se coloca à disposição “de todos os blocos, de todas as ligas de carnavais, para que haja um diálogo próximo”.

Movimentação da economia

Para o deputado Fábio Felix, a situação da pandemia é complexa, o que deixa incerta a realização da folia no próximo ano. “Mas tem muita coisa que podemos fazer em relação ao movimento carnavalesco e à cultura do Carnaval na nossa cidade, que cresceu muito. Uma delas é se preparar para um cenário de haver Carnaval em 2022”, explicou.

Na ocasião, a deputada Júlia Lucy (Novo) argumentou que a festa gera bons resultados para a economia. Ele cobrou resposta ágil do governo para as dúvidas que pairam sobre o tema. “Não tem como a gente ficar nessa insegurança, se vamos ou não ter Carnaval”, pontuou.

“É um evento cultural com repercussões econômicas incríveis no nosso país. Movimenta muita gente, alimenta muita gente, abre mercados diversos, não só na festa, mas ao longo do ano”, comentou a parlamentar. “Movimenta turismo, bares, restaurantes, artistas e gera arrecadação. Então, tem, sim, justificativa para o aporte de recurso público no Carnaval, porque o governo está fazendo investimento, não está jogando dinheiro público no ralo”, acrescentou.

De acordo com o secretário Bartolomeu Rodrigues, ainda não é possível determinar um valor a ser investido pelo GDF caso ocorra o evento em 2022. Ao Metrópoles, ele adiantou que, até o fim deste ano, o governo deve ter uma resposta se haverá ou não Carnaval em fevereiro.

“Hoje, várias cidades brasileiras estão efetivamente se preparando e estabelecendo suas condições, e a gente também não pode ficar atrás disso. Então, há uma vontade para que se realize, e o governo está se empenhado, mas, para isso, a vacinação tem de avançar. Nesse ritmo, podemos dizer que a perspectiva é muito forte de termos um Carnaval de rua”, afirmou à reportagem.

“O termômetro se vai ter ou não é o Réveillon. Se sinalizarmos para um Réveillon na rua, é porque vai ter Carnaval”, concluiu o secretário.

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