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DF: mais de 50% das mortes em acidentes de trânsito são por colisões

Dados do Detran-DF mostram que, dos 43 acidentes fatais deste ano, 24 foram colisões. Atropelamento de pedestres é segunda maior causa

atualizado

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Corpo de Bombeiros/Divulgação
colisão cbmdf
1 de 1 colisão cbmdf - Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação

O Distrito Federal registrou 43 acidentes de trânsito com morte em 2022. Destas, 55,81% foram casos de colisões entre veículos — o que inclui carros, motocicletas, caminhões e bicicletas. Atropelamento de pedestres é segunda maior causa de óbito no tráfego brasiliense.

Os dados são do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) e se referem aos três primeiros meses do ano. Entre janeiro e março, nos últimos quatro anos, a média da capital foi de 53,8 acidentes fatais e 57,8 mortes por ano.

Apesar disso, os dados mostram que os acidentes fatais no trânsito da capital federal registram queda há quatro anos consecutivos. Veja:

Wellington Matos, especialista em trânsito, avalia como importante a redução, mas alerta que é preciso mais rigor na educação de motoristas e pedestres. “Nós precisamos trabalhar mais em normas gerais de circulação e conduta. A gente se preocupa muito com a infração, mas temos de nos atentar às normas”, reforça.

“Precisamos reformular o início da habilitação. Aí, sim, nós vamos começar a ver diferenças. Ou seja, as pessoas que forem preparadas anteriormente, quando tiverem 18 anos, vão estar mais prontas para ir para o trânsito conscientes e evitando, assim, o maior número de acidentes, principalmente entre veículos. O pessoal acha que o veículo vai proteger sempre. Está dentro de uma couraça e acha que vai ficar protegido. Mas a própria física não diz isso”, afirma.

Para Wellington, focar em cinco pontos é outra forma eficaz de seguir em queda com os acidentes. São eles: engenharia, esforço legal, estatística, educação e mobilidade. “Precisamos levar o trânsito para as escolas desde o primeiro momento; transporte público mais eficiente; as vias deveriam ser mais seguras; números mais precisos, para que possamos expressar o conhecimento da real situação dos condutores, pedestres e passageiros; mais rigor nas leis”, enumera.

Casos recentes

Em abril deste ano, Cynara Maria Lacerda Alves, 32 anos, e a filha dela, Talita Alves Lemos, 12, foram mortas em acidente de trânsito na Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia). Cynara estava grávida de 9 meses. O bebê também não resistiu.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) investiga se o acidente que matou mãe e filha teria sido causado por um racha entre outros dois veículos.

Também no mês passado, dois ciclistas morreram após serem atropelados por Stefania Midiã Silva de Araújo, 36. Ela foi autuada em flagrante por homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. Ela foi presa pela Polícia Militar do DF após constatarem que ela dirigia sob efeito de álcool.

De acordo com o Detran-DF, entre janeiro e abril de 2022, foram registrados 11.309 casos de motoristas que dirigiam sob efeito de álcool. Em relação ao mesmo período do ano passado, a autarquia registrou 4.834 casos a mais.

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Brunno Fellipe dos Santos, 31, perdeu a prima, de 9 anos, para um acidente de trânsito. A menina caminhava com a mãe perto de casa. As duas foram atravessar na faixa de pedestre quando um carro não freou a tempo.

“Elas viram que o carro não ia parar e voltaram para a calçada. Mas o veículo atingiu um outro carro que já estava parado e o lançou em cima delas. Minha prima caiu com a cabeça em cima do meio-fio e teve morte instantânea. Até hoje, é uma situação bem complicada”, relata Brunno.

Ele lembra que o motorista tentou fugir, mas foi impedido por populares. “Este ano, completa 10 anos desse acidente. No fim das contas, ele não foi preso, só prestou serviços comunitários”, reclama. Brunno celebra que o avanço da legislação do trânsito, mas considera que é preciso ter mais criminalização.

Combate

O diretor de Educação de Trânsito do Detran-DF, Marcelo Granja, explica que a autarquia atua nas ruas e nas escolas da capital federal a fim de educar a população sobre o comportamento nas vias.

“Promovemos cursos para os professores da rede pública para que eles trabalhem o assunto com os alunos. Este ano, queremos estender para todas as regionais de ensino médio do DF. Assim, quando o aluno completar 18 anos, ele já tem um conhecimento e só faz a prova para tirar a carteira. Também estamos nas vias de circulação de bicicletas dando orientações e até fazendo manutenções nas bikes para evitar falhas. O condutor deve perceber que a via pode ser compartilhada entre pedestres e ciclistas”, diz.

Para Marcelo, com o apoio da população, será possível reduzir ainda mais as mortes no trânsito. “Os órgãos públicos não conseguem erradicar o problema sozinhos. Se todos colaborarem, vamos conseguir reduzir ainda mais o índice de acidentes fatais”, completa.

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