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Crise na saúde pública do DF tem falta de luvas, gorros e aventais

Estoque de alguns EPIs estão com previsão para acabar nos próximos dias. Saúde afirma que há “racionalidade” no uso

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
mãos vestindo luvas hospitalares
1 de 1 mãos vestindo luvas hospitalares - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O estoque de vários equipamentos de proteção individual (EPIs) na rede pública de saúde está em estado crítico. Produtos como luvas, gorros e aventais estão com o estoque próximo a zero. Dessa forma, servidores passam a utilizá-los além do tempo recomendado e há até uma arrecadação de donativos em curso.

Na Secretaria de Saúde (SES), os itens mais escassos são macacão, avental e luvas. Segundo o site InfoSaúde, todos esse produtos têm estimativa para durarem, no máximo, mais três dias.

O caso do macacão é o mais crítico. De acordo com o site, já não há mais equipamentos suficientes para atender a demanda. São apenas 23 mil peças deste EPI e somente os hospital regionais da Asa Norte (300), Gama (200), Região Leste (70) e Taguatinga (100) possuem algum estoque.

Os hospitais Materno Infantil de Brasília (Hmib), de Apoio, São Vicente de Paula, Dia e os regionais de Brazlândia, Ceilândia, Guará, Planaltina, Sobradinho e Samambaia já não têm mais nenhuma unidade guardada.

Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais geridos pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), a situação também é crítica. Aventais, gorros e luvas devem durar só mais dois dias, segundo a previsão do instituto.

No Hospital de Base, já não há mais luvas do tamanho P e G, sendo que a média de utilização é de quase 15 mil por dia. Avental, que deveria ter 2 mil unidades diárias para suprir a demanda, também já não existe mais, a exemplo de gorros. Já em Santa Maria, a falta é de macacão protetor para quimioterapia.

Confira os dados da Secretaria de Saúde:

Veja as informações do Iges-DF:

 

Campanha

Frente à escassez de recursos, a diretoria do Sindicato dos Enfermeiros do DF (SindEnfermeiro-DF) criou um programa para buscar arrecadação de donativos. “Entramos em contato com responsáveis por setores em hospitais e vemos as principais necessidades. Depois disso, vamos na comunidade mesmo e fazemos o pedido de ajuda”, explica Úrsula Nepomoceno, uma das diretoras da entidade que está à frente da ideia.

Segundo ela, as luvas já vêm sendo utilizadas apenas em situações extremas e os capotes são reservados apenas àqueles que trabalham diretamente com a Covid-19. “A gente sabe da dificuldade logística da Secretaria de Saúde, mas, como é um equipamento essencial, não pode faltar de jeito algum”, reforça.

O Sindicato dos Médicos do DF (SindMédicos-DF) também afirma que recebe denúncias da falta de produtos. “Tem alguns locais que já estão zerados e outros na iminência, o que também é péssimo. O vírus não vai deixar de ir na pessoa porque ela está usando o mesmo macacão há uma semana”, afirma Gutemberg Fialho, presidente da entidade.

O que dizem os envolvidos

Procurada, a Secretaria de Saúde informou que “há racionalidade nos estoques, porém não há falta”. A pasta alega que o consumo aumentou no mercado mundial. A pasta ressalta vir empreendendo “todos os esforços para evitar o desabastecimento e possui processos de compra em andamento para manutenção dos estoques”.

Já o Iges-DF disse que receberá, “até esta quarta-feira (17/3), 44 mil novas luvas tamanho G e que novas reposições estão sendo providenciadas pela Superintendência de Insumos e Logística (Silog)”. No caso dos gorros, o instituto ressaltou que “está em andamento um processo de compra, mas esse tipo de equipamento de proteção individual pode ser substituído por turbantes cirúrgicos — 12,5 mil turbantes constam do estoque atual do Hospital de Base”.

Segundo o Iges, “quando a reserva de algum EPI fica com estoque baixo em determinado hospital ou UPA, é feito o remanejamento entre as unidades de saúde para que o atendimento não seja comprometido”.

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