metropoles.com

Coronavírus faz movimento de clientes em motéis do DF cair 60%

Setor teme que o impacto nos negócios seja ainda maior nas próximas semanas. Alguns casais chegam de luvas e máscaras aos estabelecimentos

atualizado

Compartilhar notícia

Sempre aquecido pelo grande movimento de clientes, o mercado do prazer explorado pelos motéis do Distrito Federal também foi atingido pela gravidade da epidemia provocada pelo novo coronavírus.

Empresários do setor já amargam prejuízos e uma queda de pelo menos 60% na frequência registrada pelos estabelecimentos. Mesmo abertas e com promoções atrativas, algumas suítes permanecem vazias. No entanto, na contramão da quarentena, alguns casais desafiam a doença e, equipados com luvas e máscaras, não abrem mão de algumas horas de prazer fora de casa.

O Metrópoles conversou com um dos principais empresários do setor sobre as dificuldades que o isolamento social e a incidência da Covid-19 impuseram ao mercado de motéis.

Segundo Jeovane Morais, sócio-proprietário da Rede Playtime, foi necessário promover uma redução de custos para manter os negócios operando.

“Temos três motéis no DF e um em Valparaíso, além de 200 funcionários. Essa crise nos deixa muito tristes, pois envolve redução do quadro de funcionários. São pessoas que estão conosco há muitos anos”, lamentou.

O empresário ressaltou que o mercado já passava por uma recessão quando a quarentena foi imposta, mas que o movimento de casais não registrava uma queda tão acentuada como ocorreu após os primeiros casos na doença no DF.

“O movimento caiu cerca de 60%. Nós também estamos no olho do furacão. Ainda bem que o segmento não foi obrigado a fechar. Vejo uma empresa em operação como um trem rodando em velocidade de cruzeiro. Ele precisa de pouca força para manter a velocidade mas, se parar, a força necessária para fazer o trem voltar a andar é enorme. Esperamos que logo tudo volte ao normal”, disse.

0
Promoções

Para evitar a falência e manter os negócios, o empresário precisou se reinventar e apostar em promoções que mantenham a rotatividade dos motéis.

“Precisamos desenvolver algumas ações, como alongar a permanência dos clientes sem alterar o preço. Além disso,  apostamos em campanhas em favor do amor, da alegria e do prazer em ter um ambiente limpo, seguro, do mais simples ao mais requintado”, afirmou.

Jeovane Morais inaugurou duas suítes em um de seus motéis: uma inspirada no mausoléu Taj Mahal e outra na cidade marroquina de Marrakech. Cada uma custou R$ 400 mil.

Os quartos têm dois andares, teto solar, adega, TVs de 54 polegadas, banheira e piscina feitas de mármore italiano e pastilhas com lâminas de ouro. Para usufruir desse luxo por quatro horas, o preço é R$ 523. “Estamos lutando para evitar uma situação irreversível, como o fechamento dos estabelecimentos”, desabafou.

Para tentar garantir a segurança dos casais, Morais reforçou a orientação às equipes de limpeza para higienizar e desinfetar todos os objetos e ambientes do motel.

Luvas e máscaras

Sob a garantia do anonimato, dois casais conversaram com a reportagem sobre como resolveram quebrar o isolamento social para matar a saudade nos motéis da cidade. Com 24 anos, um estudante de educação física que mora na Asa Norte começou a namorar em fevereiro, pouco antes de o coronavírus ganhar força no Brasil.

Ele e a namorada contam que buscaram mecanismos para evitar o contágio, mas deixar de manter relações sexuais está fora de cogitação.

“Parece até piada, mas estamos indo de luvas e máscara para o motel. Sabemos que caso um dos dois se contamine, o outro fatalmente ficará doente, mas resolvemos correr o risco pela paixão”, contou o rapaz.

A namorada, uma universitária de 22 anos, pensa da mesma forma. “Decidimos isso de comum acordo, principalmente por não estarmos dentro de nenhum grupo de risco”, disse.

Outro casal, ainda mais jovem, também não abriu mão de ir para o motel em plena quarentena. O rapaz, de 19 anos, mora no Cruzeiro, a poucas quadras da namorada, de 18.

Para não chamar a atenção da mãe, que o repreenderia, ele deixa o carro na garagem. “Tenho escapado de casa e ido de bicicleta até a casa da minha namorada. De lá, seguimos para o motel, que fica no SIA, e depois retornamos para o Cruzeiro. Sabemos do perigo, mas a paixão fala mais alto”, justificou.

Compartilhar notícia