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Coronavírus: corpo de idoso ficou 5h dentro de casa na Estrutural

Parentes e vizinhos ficaram em torno da vítima sem saber se ele foi ou não vítima do Covid-19. Teste foi feito, mas ainda não há resultado

atualizado

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Uma família e vizinhos de um homem idoso que morreu na Estrutural tiveram que esperar mais de cinco horas para que o corpo fosse levado de casa, na quarta-feira (22/04). A vítima, que não teve a idade revelada, havia sido diagnosticado com pneumonia, em 16 de abril, mas as autoridades públicas fizeram o teste do coronavírus e o caso é tratado como suspeito.

Por outro lado, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal confirmou que a 26ª morte pela Covid-19 na capital do país ocorreu na Estrutural. Era um homem de 85 anos, que morreu em casa na última quarta-feira (22/04) e não apresentava comorbidades.

Uma moradora da região, que acionou a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), falou que o corpo do idoso ficou por mais de cinco horas aguardando a remoção. Segundo ela, o homem teria 85 anos.

“Ele morreu às 11h e só levaram o corpo por volta das 17h. Foi o filho que encontrou o pai morto na cama. Ele morava com ele, a nora, e mais dois netos. Agora estamos com medo de eles também estarem com a doença já que todos conviviam juntos”, disse a mulher, que preferiu não se identificar.

Outro vizinho afirmou que eles recorreram ao Corpo de Bombeiros, mas por se tratar de uma pessoa já sem vida a remoção não foi possível.

“Quando chegamos lá, as pessoas estava velando o corpo. Muitos parentes ao redor do homem e os vizinhos entrando e saindo. Era um risco à saúde de todos, pois eles não sabiam se ele estava ou não com o coronavírus. Ele não foi testado”, completou o vizinho.

Segundo esse morador, somente depois que entraram em contato com a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa (CLDF) é que o Instituto de Medicina Legal (IML) foi acionado e o corpo, retirado do local. Segundo ele, o homem havia procurado uma Unidade Básica de Saúde (UBS), na semana passada.

Tratamento

Sem o teste para a Covid-19, ele foi orientado a voltar para casa para dar continuidade ao tratamento da pneumonia. Com o passar dos dias, o quadro se agravou levando ao óbito na quarta-feira de manhã.

“Ligamos em todos os locais possíveis. Inclusive no telefone da Secretaria de Desenvolvimento Social, responsável pelos enterros sociais. Apenas um dos dois telefones estava funcionando e mesmo assim não conseguimos contato. Eles disseram que têm recebido mais de 100 ligações por dia e não conseguem atender a todos”, afirmou o vizinho, que preferiu não se identificar.

Uma nota da Secretaria de Saúde confirma a demora na remoção do corpo. A pasta afirma que o paciente tinha diagnóstico de pneumonia, com um passado de tuberculose. “O Serviço de Verificação de Óbito foi acionado, compareceu na residência e realizou a coleta para o exame laboratorial para a Covid-19, conforme orientações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Saúde”, diz o comunicado.

“No momento do recolhimento do corpo, a família foi orientada sobre a situação e não houve velório na residência. O corpo permaneceu no SVO até a saída para o sepultamento”, continua.

A pasta cita informações da ocorrência policial: “O óbito ocorreu entre 8h e 11h30 da manhã do dia 22 e foi comunicado ao SVO às 16h11. O corpo chegou às instalações do serviço por volta das 17h40”, aponta a nota.

Falta de testes

A falta de testes nas regiões mais pobres revoltou os vizinhos. “Não tem teste aqui nas regiões mais pobres. Eles estão fazendo em locais onde as pessoas têm dinheiro para pagar. Para muitos deles, R$ 200 não faz falta, mas aqui a pessoa não tem dinheiro para pegar um ônibus para ir ao Hran [Hospital Regional da Asa Norte] para se consultar”, lamenta o vizinho.

“Ele tinha sintomas condizentes, mas a família não vai admitir isso, pois não tem um laudo”, completou. Os casos na Cidade Estrutural aumentaram muito nos últimos dias.

A CDH informou que entrou com um pedido de informações no GDF para saber como as famílias precisam proceder nos casos em que o parente morra dentro de casa. O pedido pede ainda que se crie um protocolo e, caso ele já exista, se divulgue para todos.

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