Cobertura de saúde bucal em Brasília está abaixo da média nacional

Nos últimos três anos, o Distrito Federal ficou abaixo da média nacional da cobertura da saúde bucal da população. Em 2022, por exemplo, enquanto o Brasil conseguiu atingir cerca de 40% dos cidadãos com atendimentos odontológicos primários, a capital federal chegou a apenas 18%. Os dados são do Ministério da Saúde, referentes aos atendimento realizados pelas equipes de Saúde da Família, ou seja, da atenção primária à saúde.

Em 2021, o índice nacional era de 46,14%, enquanto o do DF foi de 25,29%. A última vez que o percentual de Brasília esteve abaixo de 20% foi em 2019, quando a cobertura atingiu 18,9% da população.

A baixa cobertura faz com que pacientes aguardem meses por atendimento. É o caso de Arnaldo Bezerra da Silva, 60 anos.

Como pessoa em situação de rua, ele está há sete meses aguardando ser chamado para realizar um procedimento de próteses. “Eu preciso colocar a prótese de seis dentes e até hoje não consegui. Isso me atrapalha muito, porque como eu trabalho como segurança de estabelecimentos e perco muitos serviços por conta do meu sorriso”, desabafou.

Segundo Arnaldo, o atendimento dele sempre trava na hora do agendamento. “Também sinto muita dor, e o agendamento nunca é feito. O governo precisa dar mais atenção para nós que somos mais vulneráveis”, completou.

Cobertura total

O Ministério da Saúde informou que não realiza levantamentos considerando todo o atendimento odontológico disponível na rede pública. Por isso, não seria possível fazer a comparação da cobertura do DF com a nacional.

Porém, a Secretaria de Saúde do DF informou que, em 2022, considerando todos os atendimentos — nas atenções primária, secundária e terciária — o serviço abrangeu 34,36% da população.

Ailton Marques, 62, também em situação de rua, afirma que já tentou duas vezes iniciar um atendimento odontológico, mas, não conseguiu.

“A equipe já pegou meus dados, mas até hoje o agendamento não foi feito. Já tentei duas vezes, mas como nunca dá certo acabei desistindo. Os profissionais são ótimos, fazem um trabalho muito bom, mas esse agendamento não está funcionando”, conta.

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Ele reclama da demora no agendamento Breno Esaki/Metrópoles

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Ailton Marques da Silva , de 62 anos, tenta ser atendido, mas não consegue Breno Esaki/Metrópoles

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Problema antigo

Em 2017, o Metrópoles mostrou que, segundo os indicadores publicados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSus), divulgados no fim de 2015, a cobertura de saúde bucal do DF era a pior do ranking nacional.

Enquanto a média do país era de 52,87%, em Brasília, esse número ficou em 29,62% no período analisado.

Na época, o déficit de cirurgiões-dentistas é de 264, enquanto o de técnicos em saúde bucal chega a 473, num total de 773 profissionais

O que diz o GDF

Procurada, a Secretaria de Saúde do DF (SES/DF) informou que conta com 658 cirurgiões dentistas, que prestam assistência nos três níveis de atenção. “Em 2022 foi realizado concurso público para o cargo de cirurgião dentista e em 07/02/23 foram nomeados 125 profissionais”, diz a pasta.

A secretaria ainda explicou que o acesso do usuário aos serviços odontológicos eletivos se faz por meio da Atenção Primaria à Saúde, nas unidades básicas de saúde (UBS). Para isso o paciente deve procurar a UBS de referência da sua residência e, de acordo com as suas necessidades, ele terá o tratamento realizado na própria UBS ou em um dos Centros de Especialidades Odontológicas.

Segundo a pasta, não há filas de espera nas UBSs, “uma vez que o atendimento é feito mediante demanda/procura do usuário pelo serviço.”