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Chefe da área de transporte bebe cerveja e dirige carro do GDF

Servidor responsável pelo Núcleo de Transportes da Secretaria de Economia é suspeito de usar veículo institucional para fins pessoais

atualizado

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André Borges/Esp. para o Metrópoles
Paulo-Roberto secretaria de economia
1 de 1 Paulo-Roberto secretaria de economia - Foto: André Borges/Esp. para o Metrópoles

O chefe do Núcleo de Transportes da Secretaria de Economia do Distrito Federal, Paulo Roberto Rosa de Sousa, foi flagrado usando carro oficial de maneira irregular. Desde outubro deste ano, ele foi visto em diversas ocasiões dirigindo o Renault Logan placa JKK 7918 fora do horário do expediente.

Além de buscar criança na escola e deixar o veículo em residência no Guará para pernoitar, ele foi fotografado pela reportagem do Metrópoles no bar consumindo bebida alcoólica e dirigindo em seguida.

Na última quarta-feira (18/12/2019), o servidor saiu de seu local de trabalho, no Setor de Garagens Oficiais Norte (SGON) Quadra 5, Lote 23, em frente à garagem da TCB, e foi direto para um bar no Sudoeste.

Souza estacionou o veículo funcional, sentou-se com amigos e começou a beber por volta das 19h. A reportagem chegou às 20h09. Sentados à mesa ao lado do servidor, os repórteres o viram beber pelo menos três canecas grandes de chope. Às 20h53, Paulo Roberto deixou o local dirigindo. Mesmo depois de beber, ele conduziu o veículo até o Guará.

Dirigir sob a influência de álcool é infração administrativa gravíssima prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com multa de R$ 2.934,70 e recolhimento da Carteira Nacional de Habilitação. Caso o condutor faça o bafômetro e o índice de álcool por litro de ar seja igual ou superior a 0,3ml/l é considerado crime. A pena é detenção de seis meses a três anos, multa e suspensão do direito de conduzir.

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O automóvel usado por Souza passa despercebido porque os adesivos que o identificariam como pertencente ao GDF foram arrancados. Na lateral do carro é possível ver a marca dos colantes. Em consulta ao banco de dados do governo, ficou constatado que a placa JKK 7918 é de propriedade da Secretaria de Economia.

O carro deveria ser usado para fazer o transporte de servidores. De acordo com o Decreto nº 32.880 de 20 de abril de 2011, que dispõe sobre uso, aquisição, locação e cessão de veículos oficiais no âmbito do Poder Executivo do DF, os automóveis institucionais têm utilização específica. Servem para atividades de segurança, de saúde pública, de educação, de fazenda, de fiscalização, de limpeza urbana ou de atividades externas.

Ainda segundo o decreto, os veículos classificados como de transporte institucional serão obrigatoriamente identificados visualmente com adesivos colantes e explícitos, obedecendo ao Manual de Aplicação da Marca do GDF, exceto nos casos que exijam atuação pessoal reservada ou sigilosa devidamente justificada pelo titular da pasta e autorizada a exceção pelo secretário de Economia.

Cadeirinha de criança

Além da ida ao bar, o carro institucional usado pelo servidor tinha uma cadeirinha de criança no banco de trás. Em 30 de outubro, Paulo Roberto de Souza foi visto buscando uma menina na porta do Sesc de Taguatinga, no mesmo Renault Logan. No dia 12 de novembro, a cadeirinha foi fotografada no carro do GDF.

No mesmo dia, o carro foi estacionado em uma residência localizada no Guará. Ele pernoitou na garagem e só voltou para as dependências da Secretaria de Economia no dia seguinte, com o condutor.

Veja foto:

Arquivo pessoal
Cadeirinha de criança em carro funcional do GDF usado por chefe de transportes da Secretaria de Economia

 

 

A remuneração básica de Paulo Roberto de Souza na Secretaria de Economia é de R$ 8.863,84. Pela função de chefe da área de transporte, ele recebe R$ 1.793,40 extras, mais benefícios. O total bruto chega a de R$ 11.122,99, segundo informações do Portal da Transparência.

Exoneração

Ao saber da conduta do servidor, o secretário de Economia, André Clemente, disse ao Metrópoles que Souza seria exonerado da função de chefia imediatamente. Como se trata de servidor de carreira, ele volta para a função primária e vai responder a um processo administrativo disciplinar (PAD) que deve apurar as circunstâncias do caso e as irregularidades.

Se a conduta do servidor tiver gerado prejuízo ao erário, ele será processado para efetuar o ressarcimento. Souza não retornou as ligações nem as mensagens da reportagem para comentar as denúncias.

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