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Candidata a miss tem queimaduras ao se bronzear em clínica clandestina

Representante de Brazlândia deixou de participar do Miss Continente DF após passar produto em clínica de Vicente Pires. Local não tem alvará

atualizado

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bronzeamento artificial em clínica clandestina de vicente pires
1 de 1 bronzeamento artificial em clínica clandestina de vicente pires - Foto: Facebook/Reprodução

A Polícia Civil investiga o “Espaço das Divas”, clínica de estética clandestina que funciona em uma residência na Colônia Agrícola Samambaia, em Vicente Pires. Uma das clientes teve lesões, deixou de participar de um concurso de beleza e registrou ocorrência policial devido às queimaduras provocadas por sessões “naturais” de bronzeamento.

A dona do local, que não tem alvará de funcionamento, foi autuada por lesão corporal. O caso vem à tona três meses após uma jovem de 20 morrer depois de pagar por tratamento semelhante em um comércio clandestino na Asa Sul.

A ocorrência, investigada pela 38ª Delegacia de Polícia (Vicente Pires), foi denunciada pela modelo Blenda Soares Gomes, 26 anos, que sofreu as queimaduras em decorrência do procedimento. A vítima contou que uma esteticista passou um creme à base de beterraba e urucum por todo o seu corpo com a ajuda de um pincel.

Logo depois, foi recomendado que ela ficasse exposta ao sol das 11h30 às 13h45. No depoimento à polícia, a jovem relatou que, ao chegar em casa, o corpo estava muito vermelho, apareceram bolhas e a pele começou coçar. “Fiquei assustada e liguei para a esteticista. Ela disse que as bolhas e manchas sumiriam rapidamente e eu logo ficaria bem”,  disse Blenda.

No entanto, a modelo deixou de participar de uma apresentação no concurso que escolheria a Miss Continente DF 2016. “Como estava toda queimada, não consegui participar do desfile de biquíni. Entrei em depressão profunda por conta desse bronzeamento”, contou a moça, que disputava a seletiva como representante de Brazlândia.

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Assustada com as lesões, Blenda procurou o Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo de delito. O laudo pericial apontou que a vítima sofreu “descamação da epiderme na face ântero-interna das coxas e na região infra-umbilical, compatível com queimadura de primeiro grau”.

Sem alvará
O Espaço das Divas funciona em uma área residencial, sem alvará. A empresa também não possui inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). A dona do local, Darlane Rodrigues de Oliveira Perea, costuma ficar na casa com as clientes.

A página que a empresária mantinha no Facebook mostrava grupos de mulheres se submetendo ao procedimento, conhecido como bronzeamento natural, à beira da piscina. No entanto, após a reportagem do Metrópoles entrar em contato com Darlane, o conteúdo do perfil na rede social tinha sido deletado.

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Em uma das fotos, uma funcionária da clínica aparece com um balde nas mãos, derramando alguma substância sobre o corpo das clientes. Em outra imagem, Darlane está em pé (foto em destaque), fazendo com as mãos o “V” de vitória enquanto ao menos 10 clientes tomam sol.

Proprietária nega
O Metrópoles entrou em contato com a proprietária da clínica para falar sobre a denúncia feita pela modelo. Darlane Rodrigues afirmou que não se lembra de Blenda ter passado pela clínica. “Quando me mostraram a foto dela, não a reconheci. Não a tive como cliente”, disse.

Darlane acredita que a ocorrência policial registrada contra ela pode ser uma “armação”. “Pode ter sido uma concorrente minha. Essa pessoa deve ser alguém querendo me prejudicar. Meu nome é o mais cotado no Facebook e o mais conhecido porque nunca tive problema com ninguém”, disse a mulher.

Descamação e vermelhidão
Nesta quinta-feira (15), Darlene procurou o Metrópoles para dar novos posicionamentos sobre o caso. A esteticista frisou que “não existe nenhuma ação judicial ou inquérito contra minha pessoa, mas sim uma ocorrência policial, procedimento comum adotado quando alguma pessoa acusa outra”.

Ainda segundo Darlene, “o laudo do IML que ela fez foi inconclusivo para lesão corporal. A conclusão aponta para descamação e vermelhidão, processo natural que pode ocorrer em qualquer pessoa que se expõe ao sol”. Ela também informou que tem CNPJ e, “atualmente, encontra-se em processo de mudança de razão social e endereço para a residencial atual”.

Embora a página de Facebook do Espaço das Divas não estivesse disponível horas após a reportagem entrar em contato com Darlene pela primeira vez, o site foi reativado. A proprietária negou que tivesse deletado o perfil.

Por fim, Darlene disse que já deu entrada no procedimento administrativo para regularização da empresa tem colaborado com todos os órgãos públicos na apuração dos fatos.

Na fachada da casa onde funciona a clínica, uma pintura na parede ao lado do portão informa os serviços oferecidos no local. Além do bronzeamento natural, há estética corporal e facial, design de sobrancelhas e nutricionista, entre outros.

Procurado para saber se sobre a fiscalização nesse tipo de comércio, o GDF não havia retornado o contato da reportagem até a última atualização desta matéria.

 

Michael Melo/Metrópoles
Entrada do Espaço das Divas: propaganda informa os serviços oferecidos

 

Bronzeamento fatal
Em 14 de setembro, o Metrópoles noticiou a morte da estudante de direito Nara Farias Preto, 20 anos. A jovem morreu após se submeter a uma sessão de bronzeamento na clínica Belo Bronze, na 705 Sul. Nara ficou deitada em cima de uma maca de massagem, na cobertura da casa, onde tomou sol por cerca de uma hora e meia após a aplicação de um produto que acelerava a pigmentação do corpo.

De acordo com os médicos, a jovem sofreu queimaduras de primeiro grau e desidratação depois do procedimento. Nara teve duas paradas cardíacas, foi reanimada pela equipe médica e depois transferida, em estado gravíssimo, para a unidade de terapia intensiva (UTI) do Hospital Daher, no Lago Sul, onde morreu. O corpo foi enterrado no município de Mara Rosa (GO), cidade onde ela nasceu.

Um dias após a morte de Nara, fiscais da Vigilância Sanitária fecharam a clínica Belo Bronze. Segundo o órgão vinculado à Secretaria de Saúde, o CNPJ do estabelecimento não constava cadastrado e funcionava de forma clandestina. Os fiscais apreenderam materiais encontrados no espaço, entre eles macas enferrujadas e bombas de aplicação.

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