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Bolsonaristas começam a deixar acampamento em QG do Exército em Brasília

Grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro começa a se desmobilizar no Setor Militar Urbano, após quase dois meses acampados no local

atualizado

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Breno Esaki/Especial Metrópoles
Bolsonatistas no QG de Brasília6
1 de 1 Bolsonatistas no QG de Brasília6 - Foto: Breno Esaki/Especial Metrópoles

Há quase dois meses em frente ao Quartel-General do Exército em Brasília, o ato antidemocrático comandado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) começa a perder forças. Nesta terça-feira (27/12), o Metrópoles esteve no Setor Militar Urbano (SMU) e encontrou um número bem menor de “patriotas”, se comparado há algumas semanas.

Os bolsonaristas começaram a deixar o acampamento. Em muitos pontos, onde havia barracas montadas, há apenas demarcações, dando sinais de que ali já esteve uma tenda. O cansaço é visível no rosto dos apoiadores do presidente, que embarca nesta quarta-feira (28/12) para Orlando, nos Estados Unidos. O atual chefe do Executivo federal pretende ficar por, pelo menos, três meses em terras norte-americanas.

Dino diz que, caso diálogo se esgote, retirada do QG será “compulsória”

Por volta das 16h desta terça, poucos caminhões que restavam ao lado do QG promoveram um buzinaço. O som mecânico era utilizado para atrair a “procissão” de bolsonaristas para a área, que celebraram a ação com palmas e gritos de ordem: “Caminhoneiro, guerreiro, do povo brasileiro”.

Mais cedo, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), disse que a Secretaria de Segurança Pública (SSP-DF) conversa com o Exército para “acelerar a desmobilização”. De acordo com o chefe do Executivo local, já foram retiradas 40 barracas, e a ideia é que até o dia da posse, 1º de janeiro, haja redução “de forma natural”.

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A declaração de Ibaneis foi feita em coletiva de imprensa no Palácio do Buriti, na manhã desta terça. Na ocasião, o futuro ministro da Justiça, Flávio Dino, anunciou que o DF contará com 100% das forças de segurança mobilizadas para atuar na cerimônia da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Debandada

Indígenas do povo Xavante apoiadores de José Acácio Tserere Xavante, conhecido como Cacique Tserere, deixaram o acampamento bolsonarista no Quartel-General do Exército em Brasília na última semana. Tserere foi preso em 12 de dezembro, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é suspeito de defender o uso da violência, convocando pessoas armadas para impedirem a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em vídeo gravado na sexta-feira (23/12), Sueli Xavante, esposa de Tserere, afirmou que estava voltando para Mato Grosso. A filmagem foi feita dentro de um ônibus onde estavam Sueli e outros indígenas. Todos permaneceram por semanas acampados em frente ao QG do Exército, defendendo intervenção militar no país.

“Nós estamos voltando para casa sem ele [Tserere]. Nossa família está triste. Eu, como esposa, meus filhos, todo o povo dele, sobrinhos e irmãos, todos nós estamos tristes. Clamamos e pedimos que ele venha a ser liberado, solto e venha a voltar para a família dele. O Tserere não é nenhum criminoso”, defendeu Sueli, que não explica o motivo do retorno.

Jucilene Rodrigues, esposa do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcelo Xavier, publicou o vídeo de Sueli Xavante com emojis de choro. Ela tem usado as redes sociais para defender os acampamentos bolsonaristas.

Outras prisões

Além de Tserere, o empresário bolsonarista George Washington Oliveira de Sousa, 54 anos, foi preso acusado de elaborar um atentado terrorista, na noite de sábado (24/12). Com ele foi apreendido um arsenal, composto por armas e explosivos. Em depoimento, o homem afirmou que veio para a capital federal “preparado para guerra” e que aguardava uma “convocação do Exército”, pois é um “defensor da liberdade”.

O objetivo era “dar início ao caos”, com intenção de supostamente levar a uma “decretação do estado de sítio no país” e “provocar a intervenção das Forças Armadas”.

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apura a participação de, ao menos, dois suspeitos em tentativa de atentado perto do Aeroporto de Brasília, no sábado (24/12). Os agentes investigam se George Washignton teve ajuda de outras pessoas para armar a bomba na capital federal.

Um dos suspeitos identificados pela PCDF é o também apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) Alan Diego dos Santos Rodrigues, 32. Durante depoimento à polícia, George citou o nome de Alan como um dos manifestantes acampados no Quartel-General do Exército que teriam ajudado no atentado. Há informações de que ele saiu de Brasília após a repercussão do caso.

O outro seria um suspeito que estaria no QG e foi citado pelo empresário preso no fim de semana. O nome dele ainda está sendo mantido em sigilo para não atrapalhar as investigações.

No início do mês, em 6 de dezembro, a Polícia Federal prendeu um outro empresário bolsonarista, que ficou conhecido após convocar Caçadores Atiradores e Colecionadores (CACs) para protestar em frente ao QG do Exército. Começaram a circular em redes sociais de bolsonaristas que Milton Baldin havia sido sequestrado, no acampamento montado no SMU.

Em vídeo divulgado nas redes sociais em 26 de novembro, Baldin, morador do município de Jurena (MT), instigou grupos de bolsonaristas a se insurgirem contra a diplomação do presidente eleito. O mandado de prisão foi expedido pelo ministro do STF Alexandre de Moares e cumprido pela PF.

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