Levantamento realizado pela Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP- DF) mostra que, em apenas um ano – de janeiro a novembro -, o número de feminicídios registrados no DF aumentou quase 70%. Se em 2020 foram 13 pessoas mortas pelo simples fato de serem mulheres, em 2021 este crime passou para 22 .
O estudo aponta, ainda, ter havido incremento de 20,4% nas tentativas de feminicídios, saltando de 54 para 65 casos no período analisado.
Segundo Leonardo Sant’Anna, consultor especialista em segurança pública, a elevação de ocorrências desta natureza de 2020 para 2021 deve-se ao fato de que, com a pandemia e o acréscimo no número de desempregados, o agressor – que de forma majoritária apresenta-se como marido ou namorado da vítima – passa mais tempo em casa, surgindo, assim, mais oportunidades para que o crime seja consumado.
“A proximidade da mulher com esse homem dentro de casa é um estopim natural para a violência” explica. “A vítima que se relaciona com este indivíduo, que faz parte do ambiente familiar, está mais propensa a sofrer com a violência, pois com o isolamento, ela não tem mais para onde ir”, conclui Sant’Anna.

Arte/Metrópoles

Até outubro de 2021, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) registrou 22 feminicídiosRafaela Felicciano/Metrópoles

A quantidade de feminicídios subiu 70%Hugo Barreto/Metrópoles

8 de janeiro – Isabel Ferreira Alves, 38. Ela foi morta a facadas pelo companheiro dentro da residência em que o casal morava, em CeilândiaArquivo Pessoal

12 de janeiro – Marley de Barcelos Dias, 54. O ex-companheiro dela pulou o muro da casa e efetuou três disparos contra Marley. Ele fugiu e se matou depoisArquivo Pessoal

19 de janeiro – Letícia Santos de Souza, 22 anos. A jovem foi morta após o ex-namorado descobrir uma traição. Além dela, o homem com quem ela teve um relacionamento foi executadoArquivo Pessoal

31 de janeiro – Zenilda Alves de Sousa, 51. A mulher foi morta com 11 facadas pelo próprio sobrinho, dentro de casaiStock

13 de fevereiro – Rosileia Pereira Freitas, 36. Ela foi assassinada a facadas pelo ex-companheiro. Ele foi preso e condenado a 26 anos em regime fechadoArquivo Pessoal

26 de março – Evelyne Ogawa, 38. A radialista manteve um relacionamento com Vinícius Fernando, o autor do crime, por mais de três anos. Ela foi morta enforcada com um fio elétricoArquivo Pessoal

9 de abril – Tatiane Pereira da Silva, 41. A mulher foi mordida e esfaqueada pelo marido. Ficou três dias internada, mas não resistiu aos ferimentos e morreuArquivo Pessoal

16 de abril – Gabriela Cardoso de Brito, 35. Ela conversava com uma vizinha quando o ex-companheiro chegou atirando contra as duas. A vítima foi atingida no rosto e no ombroArquivo Pessoal

24 de abril – Tatiele da Cruz Ferreira, 25. Morta em frente ao restaurante comunitário de Sobradinho II. Ela era ameaçada há um ano por ter testemunhado um homicídio. Deixou 4 filhosArquivo Pessoal

25 de abril – Karla Roberta Fernandes Pereira, 38. Foi encontrada degolada em um matagal de Santa Maria. O marido dela assumiu a autoria do crime e disse que a motivação foi ciúmesIgo Estrela/Metrópoles

9 de maio – Larissa Pereira do Nascimento, 22. A mulher foi agredida por 2 horas, com a utilização de um taco de beisebol.Arquivo Pessoal

22 de maio – Karla Pucci, 47. Assassinada pelo ex a pedradas dentro de uma funerária. O casal se conheceu seis meses antes do crimeArquivo Pessoal

6 de junho – Leidenaura Moreira Rosa da Silva, 37. Morta pelo companheiro com uma facada no pescoço. Ele já tinha condenação anterior por tráfico de drogasArquivo Pessoal

8 de junho – Fernanda Landim, 33. Atingida a facadas pelo companheiro. O casal tinha uma filha de 3 anos, que ficou sob a guarda da avó maternaArquivo Pessoal

17 de junho – Melissa Mazzarello de Carvalho Santos Gomes, 41. A psicóloga foi morta por ciúmes. O autor do crime tinha descoberto uma suposta traição e matou a mulher durante uma brigaReprodução/Instagram

20 de junho – Thaís Campos, 27. A cirurgiã-dentista foi morta com tiros à queima-roupa pelo ex-companheiro. Os dois estavam separados há cerca de 5 meses e tinham uma filhaArquivo Pessoal

3 de julho – Simone Xavier Nogueira, 41. Ela era violentada sexualmente pelo ex-marido, um conhecido traficante da Estrutural. Ele utilizou uma espingarda para cometer o crimeReprodução/Facebook

A vítima, de 21 anos, tinha medidas protetivas de urgência contra o agressor. Ela teve ferimentos na barriga e na mão Divulgação

16 de outubro - Milena Cristina Gonçalves, 24. A estudante de direito foi morta por um homem que conheceu na noite anterior, após uma noite de “sexo violento”Hugo Barreto/Metrópoles

17 de outubro - Olivia Makoski, 47. A empresária foi assassinada pelo ex-marido, Francisco de Assis Guembitzchi. O autor se matou em seguidaReprodução/Instagram

28/10 - Jaqueline Araújo da Silva, 38. A mulher foi morta a facadas por um guardador de carros não identificadoPaul Bradbury/Getty

31 de outubro - Ana Carolina de Lima Araújo, 21. A jovem foi encontrada morta em um motel com um tiro na cabeçaReprodução/Facebook

29 de novembro - Giovanna Laura Santos Peters, 20 anos. Leandro de Araújo Marques, 22, degolou a namorada dentro de casa e escondeu o corpo com pedrasArquivo Pessoal

6 de dezembro - Drielle Ribeiro da Silva, 34. Ela era vítima de perseguições pelo ex-companheiro. A mulher morreu com, pelo menos, 59 golpes de facaReprodução/Facebook
Hector Vieira, professor, antropólogo e advogado, afirma que o aumento da quantidade de feminicídios durante o período da pandemia pode ser explicado pela necessidade de confinamento em um mesmo ambiente com um potencial agressor. “Isso fez com que as relações tivessem um contato diário forçado, imposto pelo isolamento social”, explica.
“É claro que isso por si só não justifica inteiramente a situação, mas a pandemia juntamente com o cenário econômico do país fez com que esses índices aumentassem”, continua Vieira. “Quando se trata de uma sociedade patriarcal e machista, os homens tendem a se ver como os donos ou os provedores da casa, fazendo com que a mulher seja refém do parceiro em muitos casos”, conclui o professor.
Assim como afirmam Sant’Anna e Vieira, para o tenente Iure, coordenador do policiamento PROVID da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) – organização que visa inibir o ciclo de violência doméstica – o aumento de casos de feminicídio de 2020 para 2021 é uma das consequências da pandemia de Covid-19, já que as pessoas passaram a se isolar por um período e depois voltaram a circular gradualmente nas ruas.
Denuncie:
Ligue 190 – Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF)
Uma viatura da Polícia Militar é enviada imediatamente até o local para o atendimento. Disponível 24h por dia, todos os dias. Ligação gratuita.
Ligue 197 – Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF)
A Polícia Civil do Distrito Federal conta, ainda, com canais de denúncia nos quais são garantidos o sigilo.
Quatro meios para recebimento de denúncias são disponibilizados pela Polícia Civil (PCDF): o 197 Denúncia on-line, o telefone 197 Opção 0 (zero), o e-mail denuncia197@pcdf.df.gov.br e o WhatsApp (61) 98626-1197.
Ligue 180 – Central de Atendimento à Mulher
A Central de Atendimento à Mulher é um canal criado pela Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, que presta uma escuta e acolhida qualificada às mulheres em situação de violência.
O serviço registra e encaminha denúncias de violência contra a mulher aos órgãos competentes, bem como reclamações, sugestões ou elogios sobre o funcionamento dos serviços de atendimento. A denúncia pode ser feita de forma anônima
Delegacia Especial de Atendimento à Mulher – DEAM
Diante de qualquer situação que configure violência doméstica, a mulher deve registrar a ocorrência em uma delegacia de polícia, preferencialmente nas Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher – DEAM, que funciona 24 horas por dia, todos os dias.
Endereço: EQS 204/205, Asa Sul, Brasília-DF, CEP: 70234-400
Telefones: 3207-6172 / 3207-6195 / 98362-5673
E-mail: deam_sa@pcdf.df.gov.br