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Marcado no DF júri do 1º caso de feminicídio cometido por uma mulher

Dois anos após o crime, o Tribunal do Júri de Santa Maria julgará em 23 de setembro Wanessa de Souza, acusada de atear fogo na companheira

atualizado

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Arte/Material cedido do Metrópoles
Tatiana Luz e Wanessa Pereira de Souza
1 de 1 Tatiana Luz e Wanessa Pereira de Souza - Foto: Arte/Material cedido do Metrópoles

O possível primeiro caso de feminicídio cometido por uma mulher no Brasil  vai a júri popular ainda este mês na capital federal. Exatos dois anos após o crime brutal, em 23 de setembro de 2019, Wanessa Pereira de Souza, atualmente com 36 anos, será julgada pelo Tribunal do Júri de Santa Maria, cidade distante 28 quilômetros do Plano Piloto, em 23 de setembro de 2021, às 9h.

A morte de Tatiana Luz da Costa Faria, então com 35 anos, chocou a cidade. A administradora teve 90% do corpo queimado após Wanessa colocar fogo no apartamento onde moravam. A agressora também teve o corpo queimado e está presa.

Tatiana morreu em 30 de setembro de 2019. Ela ficou internada sete dias no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), mas sofreu sete paradas cardíacas e não resistiu aos ferimentos.

Wanessa responde pelo crime de homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de fogo e feminicídio por razões da condição do sexo feminino da vítima, em contexto de violência doméstica e da relação íntima de afeto existente entre elas.

“Nada vai trazer minha irmã de volta”

A brutalidade do crime deixou marca indeléveis para a família de Tatiana. A empresária Bianca Luz, de 41 anos, irmã da vítima, espera que a acusada seja punida com pena máxima. “Nada vai trazer minha irmã de volta, mas uma pessoa como ela não pode ser reintegrada à sociedade”, pondera em entrevista ao Metrópoles.

A maldade empregada no crime, considerado pelos promotores premeditado, ainda assusta Bianca. “Na verdade, acho até difícil processar isso. Como pode uma mulher fazer isso com outra? Não entra na minha cabeça. É muita maldade”, desabafa.

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A família conta que, à época do crime, Tatiana estava decidida a se separar de Wanessa e já havia alugado um imóvel para sair de casa. Wanessa não aceitou o fim do relacionamento.

Mensagens

Mensagens de texto trocadas entre o casal e anexadas no processo mostram que Wanessa e Tatiana estavam se desentendendo e que a vítima está sendo ameaçada. “Véi, não me faz raiva não, que eu quebro mesmo. Vou acabar com você”, escreveu Wanessa. Tatiana rebateu. “Faz, pode vir”, respondeu.

Álcool e fósforos

A acusada teria usado álcool e fósforos para começar o fogo. Porém, os investigadores não conseguiram mais detalhes com Tatiana porque a vítima já estava intubada.

Os bombeiros informaram que chegaram ao apartamento e encontraram o incêndio já controlado. O fogo consumiu um sofá e outros pequenos utensílios. As duas mulheres foram queimadas por recipiente com álcool que, após a combustão, atingiu o casal.

O processo

Em novembro de 2020, o juiz Germano Oliveira Henrique de Holanda, do Tribunal do Júri de Santa Maria, acatou a denúncia feita pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) contra Wanessa.

Para a sentença, o juiz Germano Oliveira se baseou em provas de materialidade e indícios de autoria do crime. “Verifico, portanto, após a análise do conjunto probatório acostado aos autos, que os indícios apresentados até o presente momento são razoáveis e suficientes para um juízo de pronúncia”, escreveu, à época.

O Metrópoles não localizou a defesa de Wanessa Pereira de Souza. O espaço continua aberto a esclarecimentos.

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