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Ex-secretário Luiz Philippe Torelly é alvo da Operação Greenfield

O arquiteto premiado entrou na mira da Polícia Federal e do Ministério Público na investigação que apura supostas transações fraudulentas em fundos de pensão

atualizado

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1 de 1 torelly - Foto: YouTube/ Reprodução

Um dos alvos da Operação Greenfield, que investiga operações financeiras suspeitas realizadas pelos quatro principais fundos de pensão do país, chamou a atenção da Polícia Federal e do Ministério Público. Conhecido do meio acadêmico, escolhido arquiteto do ano em 2015, ex-secretário de Habitação no governo Cristovam Buarque e ex-integrante do Instituto de Planejamento Territorial do DF, Luiz Philippe Peres Torelly teve suspenso, pela Justiça, o exercício de qualquer atividade no mercado financeiro, em direção de empresa ou em função pública, direção ou gerência e até em conselhos em entidades de previdência complementar.

Em 2007, Torelly passou a fazer parte da diretoria executiva do Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, com o cargo de diretor de participações imobiliárias, onde atuou até 2011, quando foi substituído pelo então vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Carlos Borges, que foi preso na Operação Greenfield.

Foi nesse período que o arquiteto teria participado das supostas ações temerárias ao fundo. Segundo os relatórios do Ministério Público Federal, Torelly teria aprovado, em 2009, a aplicação de recursos do Funcef para a aquisição de 25% do patrimônio total no Fundo de Investimento em Participações Cevix (FIP Cevix). O valor da operação foi de R$ 260,6 milhões. O problema, de acordo os investigadores, é que o risco do negócio foi maquiado para que o investimento fosse feito.

Ainda de acordo com o inquérito, no ano seguinte, Torelly teria autorizado a aplicação de R$ 80 milhões no Caixa FIP Desenvix, sem nenhuma ressalva para que fossem atendidas as exigências da área jurídica ou levados em consideração os riscos apontados. As operações foram consideradas suspeitas e seguem sob investigação do MPF.

Torelly também é ex-diretor do Departamento de Articulação e Fomento do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), posição que ocupou entre 2013 e junho deste ano. Em 2015, recebeu o prêmio de arquiteto do ano na categoria Setor Público entregue pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas (FNA). Procurado pelo Metrópoles para comentar as acusações do MPF, ele não foi localizado.

Surpresa
O professor do Departamento de Arquitetura da Universidade de Brasília (UnB) Frederico Flósculo conheceu Torelly ainda no começo dos anos 1980 e se disse surpreso com as suspeitas que pesam sobre o arquiteto. “Ele foi uma das primeiras pessoas que conheci quando cheguei em Brasília, em 1982. Éramos do movimento de arquitetos de esquerda e nos tornamos amigos, sentimento que seguiu mesmo com divergências políticas mais recentes. Ele sempre foi articulado, destemido e muito sensível às causas dos próximos”, relata o acadêmico.

Nos anos seguintes, Torelly teria se aproximado do Partido dos Trabalhadores e, em 1995, passou a integrar a equipe do então governador e hoje senador Cristovam Buarque (PPS). No cargo de secretário de Habitação, implementou o conjunto de Planos Diretores Locais do DF, reconhecido como uma das 10 melhores práticas do ano pela Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República. Ele deixou do então governo petista em 1998.

A trajetória bem-sucedida de Torelly sofreu um profundo arranhão no último dia 5, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Greenfield cumpriu 127 mandados judiciais, sete deles de prisão temporária, 106 de busca e apreensão e 34 de condução coercitiva nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Amazonas, além do Distrito Federal.

Rafaela Felicciano/Metrópoles
Material apreendido no Funcef pela Polícia Federal

 

O nome da operação é uma referência a investimentos em fase inicial, antes de ser colocados em prática. O oposto de investimentos Greenfield é o Brownfield, em que os recursos são colocados em uma empresa que já opera.

A Justiça determinou ainda o sequestro de bens e o bloqueio de ativos e de recursos em contas bancárias de 103 pessoas físicas e jurídicas que foram alvos da operação no valor aproximado de R$ 8 bilhões. Além do Funcef, foram alvos da operação o Petros (trabalhadores da Petrobras), o Previ (funcionários Banco do Brasil) e o Postalis (trabalhadores dos Correios).

Prejuízo
O juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, também proibiu os alvos da Greenfield de entrarem nos edifícios dos fundos de pensão, de se ausentarem das cidades onde vivem e determinou a entrega de seus passaportes.

Essas medidas alternativas à prisão me parecem que por ora são suficientes para minimizar ou fazer cessar as atividades ilícitas e salvaguardar a ordem pública e econômica e em benefício de eventual aplicação da lei penal e conveniência da instrução criminal.

Vallisney de Souza Oliveira, juiz federal

O juiz federal comparou o esquema de corrupção ao superfaturamento de obras públicas: “Os fundos de pensão pagavam pelas cotas do FIP mais do que elas de fato valem, sofrendo, assim, um prejuízo ‘de partida’, independentemente do próprio sucesso que venha a empresa ter no futuro”.

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