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Amigos e parentes se despedem de ciclista atropelado na Asa Norte. Veja vídeo

Mãe de Raul Aragão, Renata Aragão diz que o filho deixa legado de “coragem, alegria e energia”

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
Mãe do ciclista
1 de 1 Mãe do ciclista - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

Clima de comoção tomou conta do velório do ciclista Raul Aragão, 23 anos, na manhã desta segunda-feira (23/10), na Capela 5 do Cemitério Campo da Esperança, Asa Sul. Familiares e amigos prestaram as últimas homenagens ao rapaz, que morreu no domingo (22) após ser atropelado na L2 Norte, um dia antes.

Muitos fizeram questão de chegar ao velório de bicicleta. Eles vestiram nariz de palhaço, utilizado pelo jovem sempre que fazia passeios ciclísticos, também para chamar atenção sobre os desafios enfrentados pelos ciclistas no dia a dia. Principalmente, no que diz respeito à falta de faixas exclusivas para quem pedala. Raul também foi velado com o acessório no rosto, além de um boné sobre o corpo.

 

Pai de Raul, Helder Luís Rocha avalia o acidente como uma fatalidade e afirma que as vias de Brasília favorecem os motoristas de carro. “Nós conversávamos muito sobre a divisão de carros e bicicletas, desde que o ensinei, na infância. Eu o empurrei quando estava aprendendo a andar na primeira bicicleta sem rodinhas”, relembra.

Raul era voluntário da Rodas da Paz e da Bike Anjo. Ele foi atropelado por um carro na Asa Norte no sábado (21), na via L2, quando voltava do Restaurante Universitário da Universidade de Brasília (UnB), onde cursava sociologia. O acidente ocorreu perto da entrequadra 406/407 Norte, a 100m de onde o rapaz vivia. O anúncio da morte foi dado na página oficial da ONG no Facebook. O corpo do jovem será cremado em Valparaíso (GO).

O motorista, com certeza, está passando por um momento difícil, precisa de conforto. O que houve foi uma fatalidade, mas o ciclista tem muitos desafios porque precisa dividir espaço com os carros

Helder Luís Rocha, pai de Raul

Muito emocionada, a mãe de Raul, Renata Aragão, disse que o filho deixou um legado de  “coragem, alegria e energia.” E mandou um recado aos motoristas: “Corram menos, pois devagar se chega longe”.

No momento em que o corpo de Raul deixava a capela, cicloativistas usaram as seguintes palavras de ordem: “Mais adrenalina, menos gasolina. Mais tesão, menos combustão. Mais bicicletas, menos carros!”

O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), deputado Joe Valle (PDT), compareceu ao velório. Ele afirmou que Raul, assim como outros cicloativistas, participavam de debates na Casa sobre os problemas no trânsito da capital da República. “A principal dificuldade é o excesso de velocidade. Trabalhamos para reduzi-la. Inclusive, temos conversado com o Detran”, ressalta o parlamentar, cujo último encontro com Raul, segundo ele, ocorreu há dois meses, em um café da manhã que reuniu ciclistas e deputados na CLDF.

Raul liderava o Bicicletada, passeio ciclístico que ocorria sempre na última sexta-feira de cada mês.

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Orientadora do projeto final do estudante, a professora Christiane Machado contou que o rapaz sonhava em fazer mestrado em Amsterdã, na Holanda, capital conhecida mundialmente por causa do cicloativismo. Ele se formaria no primeiro semestre de 2018 e planejava a viagem para a segunda metade do ano.

Eurico Santos, um dos professores de Raul na UnB, conta que o jovem obtinha boas notas e cativava os colegas com facilidade. Disse ainda que o universitário sempre estava de bom humor, “era um aluno dedicado, gentil.”

Como foi o acidente
O estudante da UnB foi atropelado por volta das 14h40, entre as quadras 406 e 407 Norte. O ciclista chegou a receber socorro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e foi levado para o Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), mas não resistiu aos ferimentos provocados pelo acidente.

Segundo a Polícia Militar (PM), o motorista do veículo, de 18 anos, permaneceu no local. No entanto, a corporação não divulgou o nome do condutor. De acordo com os militares, o rapaz realizou o teste do bafômetro, que não acusou embriaguez. A ocorrência foi registrada na 5ª Delegacia de Polícia Civil (Área Central de Brasília), mas a 2ª DP (Asa Norte) investiga o caso.

Nesta sexta-feira (27), amigos de Raul prestarão mais uma homenagem. Eles vão se reunir no Museu da República, às 18h, para uma manifestação. Um dos principais objetivos é chamar atenção para a falta de respeito no trânsito. O protesto ocorrerá, simultaneamente, em outras capitais do Brasil, como Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte.

A ONG Rodas da Paz vai reconstruir a bicicleta de Raul, apelidada de Dolly, destruída pelo acidente, e realizar um ghost bike —  bikes brancas instaladas em locais de acidentes fatais com ciclistas, como memoriais —, sem data definida.

Somente este ano, segundo o Departamento de Trânsito (Detran), 14 ciclistas morreram no DF. Em 2016, foram 19.

Nota de Rollemberg
Em nota, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) lamentou a morte de Raul. “A perda de um militante do Rodas da Paz e do coletivo Bike Anjo como Raul Aragão se reveste da maior dramaticidade. Com sua juventude, sua alegria, ele ensinava crianças a aprender a respeitar, desde cedo, o direito do ciclista de dividir o espaço público com carros, motos e outros veículos”.

“Meus pêsames a sua família, com uma mensagem de reconhecimento e agradecimento por tudo que Raul Aragão fez pela sua boa causa em defesa dos ciclistas e da convivência harmoniosa entre todos os usuários das vias de Brasília”, acrescentou Rollemberg.

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