Alunos usam arte como instrumento para renovar escola pública do DF

O projeto de inovação chamado #102Inova foi desenvolvido com os estudantes para tornar o ambiente escolar um lugar de alegria

atualizado 01/11/2021 16:14

Alunos do Cef 102 Norte Arquivo Pessoal

Desde o início do ano letivo de 2021, a equipe gestora do Centro de Ensino Fundamental (Cef) 102 Norte tem desenvolvido com os 407 alunos matriculados um projeto de inovação chamado #102inova. O projeto visa tornar o ambiente um lugar de alegria e acolhimento para os alunos, por meio de mudanças na parte pedagógica e física da escola.

Além das mudanças metodológicas voltadas para a valorização das relações humanas, o projeto também trouxe melhorias para a estrutura do centro de ensino. Para receber os alunos na volta às aulas presenciais, em agosto, a artista plástica Roberta Camargo foi convidada para iniciar as pinturas da instituição. O design da arte foi escolhido em assembleia pela comunidade escolar.

E, pensando no protagonismo dos estudantes,  algumas paredes foram deixadas em branco pela artista para que eles pudessem integrar o programa de inovação e dar continuidade à pintura. Além de decidirem o que queriam ver no centro de ensino, puderam utilizar a criatividade e o talento para dar mais cor e vida ao lugar.

“Eu sugeri para a diretora da escola que ela inserisse os alunos no projeto de arte, de forma que eles valorizassem e preservassem o ambiente como um bem comum. A ideia é que eles se sintam orgulhosos do ambiente que frequentam”, conta Roberta.

Estudantes do 9º ano, convidados pela diretora da instituição, pintaram os espaços de convívio e as portas dos banheiros. Inspirados na pintura da artista, eles colocaram a mão na massa para finalizar as melhorias no ambiente.

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Doze alunos da série realizaram as pinturas. Alice Barbosa, 16 anos, liderou o grupo e, em meio aos trabalhos, descobriu o gosto pelo mundo artístico. Começou pintando as mesas de ping-pong do Cef e, também, foi responsável pelo projeto de ilustração nas paredes.

“Poder participar do projeto mudou a minha visão do ambiente escolar. Me sinto mais à vontade para estudar”, diz a aluna.

João Rafael, 14 anos, afirma que a iniciativa possibilitou enxergar o colégio como um ambiente mais agradável. “Eu comecei a ver a escola de um jeito diferente, deixando de ser um lugar apenas de educação para se tornar um onde posso fazer novas amizades e socializar com mais pessoas. Eu estou mais motivado para ir pra escola, sinto que o ambiente em si ficou mais bonito”, conta.

Para Ana Karla Alves, 16 anos, a atividade extraclasse a fez se aproximar do centro de educação e se sentir motivada para assistir às aulas. “É muito importante a integração do aluno com a escola, porque é um lugar que a gente convive todos os dias. Foi maravilhoso poder ajudar”, destaca.

Ressignificar

Motivada pela Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), as professoras de ciências dos 8º e 9º ano desenvolveram uma mostra chamada “ressignificar materiais”. O intuito era que os alunos reciclassem itens e os transformassem em objetos com novas utilidades.

A adesão dos estudantes à reutilização dos materiais e às propostas metodológicas foi comemorada pelo corpo docente. Segundo a professora Maristela Gomes, o retorno tem sido positivo. “Quando o aluno se torna protagonista, ele valoriza muito mais a aprendizagem. Quando você está construindo, você está aprendendo”, avalia.

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Para a diretora do centro de ensino, Viviane Lima, é urgente mudar o discurso da escola pública como lugar que só oferece o básico, porque o público que elas atendem precisa de um ambiente que o motive. A gestora defende que o processo metodológico tem que estar aliado à aparência da instituição, e que os alunos sejam os protagonistas nesse processo de construção do ambiente educacional.

“Continuar em uma escola que não engaja os interesses e realidade dos estudantes é um passo para a evasão. O estudante tem que se sentir pertencente à escola, porque se não ele vai depredar o local.  A primeira coisa dentro da inovação é o acolhimento, precisamos dar voz para que eles participem ativamente. Esse espaço é feito para eles”, finaliza.

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