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Polícia investiga ligação entre máfias dos concursos do DF e de Goiás

Delegado do estado vizinho vai pedir informações sobre suspeitos presos na segunda-feira (21/8) durante a Operação Panoptes

atualizado

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Giovanna Bembom/Metrópoles
operação panoptes
1 de 1 operação panoptes - Foto: Giovanna Bembom/Metrópoles

A Polícia Civil de Goiás (PCGO) vai investigar se a quadrilha presa por fraudes em concursos na segunda-feira (21/8) em Brasília tem ligação com um grupo desbaratado no estado em março deste ano, durante a Operação Porta Fechada. Segundo as investigações, há indícios de que as duas quadrilhas tinham atuação em outras unidades da Federação e, agora, as corporações devem apurar a possibilidade de alguma conexão entre os envolvidos do DF e do estado vizinho.

A essa altura, ainda não posso dizer que existe uma ligação porque é tudo muito preliminar. Mas temos um bom relacionamento com a corporação e vamos entrar em contato com o delegado para analisar a possibilidade de algum vínculo.

André Augusto Botesini, titular da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap), da PCGO

Depoimentos também estão sendo tomados no sentido de esclarecer se as quadrilhas atuavam em outras frentes, como vestibulares de medicina e exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) tanto no DF quanto em Goiás. Uma das testemunhas contou aos delegados brasilienses que Helio Ortiz, chefe do grupo que atuava em Brasília, teria cobrado R$ 220 mil por uma vaga em universidades públicas na capital do país e em Goiânia (GO).

Confira imagens da operação da PCDF de segunda-feira 

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Botesini é o responsável pelas investigações da Operação Porta Fechada, que resultou na prisão do grupo que agia em Goiás. Durante a primeira fase da ação, em março deste ano, cinco pessoas foram presas acusadas de fraudar um concurso para delegado substituto da Polícia Civil do estado.

Já na segunda fase, em maio, os policiais cumpriram 13 mandados de busca e apreensão e outros 13 de condução coercitiva em Goiânia (GO), no interior do estado, e no Distrito Federal. Por conta da ligação com o DF, o delegado André Botesini acredita na possibilidade de alguma ligação com o grupo preso na capital do país. “Como algumas pessoas foram aliciadas em Brasília, a gente não descarta essa possibilidade”, afirma.

Cebraspe
Um outro aspecto também conecta as investigações da PCDF e da PCGO: o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção de Promoção de Eventos (Cespe/Cebraspe). Nesta segunda, a banca brasiliense foi alvo de buscas pela Polícia Civil e a corporação apura a participação de servidores da entidade nas fraudes. Funcionários de outras organizadoras, como o Instituto de Desenvolvimento Educacional, Cultural e Assistencial Nacional (Idecan), também são investigados.

A participação de servidores do Cebraspe em fraudes de concursos é igualmente investigada na ação da polícia goiana. A banca foi a responsável pela realização do certame para delegado substituto da PCGO, que acabou suspenso judicialmente após a divulgação das denúncias. Questionado pela reportagem sobre a apuração no Cebraspe, o delegado da Dercap/GO afirmou que as informações estão sob sigilo “para não causar danos à investigação”.

Operação Panoptes
A Operação Panoptes, deflagrada pela Polícia Civil do DF, cumpriu mandados de prisão preventiva contra Helio Garcia Ortiz (veja vídeo abaixo), o filho dele, Bruno de Castro Garcia Ortiz, além de Johann Gutemberg dos Santos e Rafael Rodrigues da Silva Matias.

 

O grupo é acusado de fraudar diversos concursos públicos durante os últimos cinco anos. Já se sabe que há indícios de fraudes em concursos da Terracap, do Corpo de Bombeiros do DF e das secretarias de Saúde e Educação, além dos exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

A investigação aponta que a quadrilha agia de quatro formas: repassando informações por meio de ponto eletrônico; com celular escondido no local de prova; com uso de documentos falsos por parte dos candidatos e por meio do envolvimento de pessoas que trabalham nas bancas organizadoras.

De acordo com a polícia, os suspeitos atuavam nas portas das faculdades e cursinhos preparatórios angariando possíveis interessados em comprar uma vaga. Candidatos chegavam a pagar até R$ 200 mil pela aprovação. A suspeita é de que pelo menos 100 pessoas tenham sido beneficiadas com o esquema.

Segundo o delegado Adriano Valente, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Deco), Hélio era o chefe da organização criminosa. Bruno agia de forma operacional, Rafael era seu braço direito e Johann facilitava o esquema fornecendo diplomas de graduação e pós a quem precisasse e pagasse bem.

Hélio Ortiz já é conhecido pela polícia. Julgado e condenado, acabou solto por não haver, à época, a tipificação do crime de fraudes em concursos públicos. Ele foi preso há 11 anos, acusado de liderar a Máfia dos Concursos.

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