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Os sinais de desprestígio do ministro da Justiça

Anderson Torres se mostra enfraquecido junto ao Planalto e a seus subordinados, especialmente da Polícia Federal

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
PF Anderson Torres
1 de 1 PF Anderson Torres - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A força que Anderson Torres demonstrava ter no final de fevereiro, quando emplacou um nome de sua irrestrita confiança no comando da Polícia Federal, parece ter arrefecido nos últimos meses.

Dentro do governo, tanto para cima quanto para baixo não faltam sinais de que o prestígio do ministro da Justiça e Segurança Pública está em declínio.

Embora tenha integrado a comitiva do presidente Jair Bolsonaro na viagem aos Estados Unidos para participar da Cúpula das Américas, junto ao Palácio do Planalto Anderson Torres não conseguiu aprovar sua principal demanda dos últimos meses.

Ele não passou nem perto de aprovar o reajuste salarial e o plano de reestruturação de carreiras reivindicados pela Polícia Federal, sua corporação de origem — o ministro é delegado da PF.

Na tentativa de viabilizar a demanda, Torres perdeu para Paulo Guedes: o presidente da República levou em conta o argumento do ministro da Economia de que o governo não poderia privilegiar servidores de uma única corporação e deixar os demais sem nada.

O insucesso na negociação fez Torres entrar em viés de baixa com seus colegas da PF, que até então estavam animados com a inclusão, na proposta orçamentária deste ano, de R$ 1,7 bilhão para atender o projeto de reestruturação. Delegados chegaram a pedir a renúncia do ministro.

Nas últimas semanas, somou-se ao quadro de falta de força política do ministro o desgaste de imagem provocado pelo assassinato de Genivaldo dos Santos por policiais rodoviários federais (assim como a PF, a Polícia Rodoviária Federal está debaixo do guarda-chuva do Ministério da Justiça.

A agenda pública de Torres reflete o quadro. Em maio, o número de compromissos caiu pela metade na comparação com os meses anteriores.

A mudança de ritmo se estende às redes sociais. Seu perfil Instagram, que era usado para publicações quase diárias até meados de abril, ficou sem nada novo por sete semanas.

Nesta sexta-feira, Torres finalmente voltou a postar. Ele reapareceu com fotos da viagem aos Estados Unidos com Bolsonaro — talvez numa tentativa de mostrar que não está, assim, tão desprestigiado e esvaziado.

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