metropoles.com

A “saída negociada” com Nicolás Maduro é uma história da carochinha

Não há o que negociar com Nicolás Maduro, e a oposição venezuelana começa a ser usada como bode expiatório pelo Brasil do PT

atualizado

Compartilhar notícia

Alfredo Lasry/Getty Images; Reprodução/Instagram
Nicolás Maduro e Edmundo Gonzalez -- Metrópoles
1 de 1 Nicolás Maduro e Edmundo Gonzalez -- Metrópoles - Foto: Alfredo Lasry/Getty Images; Reprodução/Instagram

Não tem limite a história da carochinha de que o governo brasileiro está trabalhando para uma “saída negociada” com Nicolás Maduro. Agora, joga-se a culpa pelo fracasso certo nos opositores venezuelanos. 

Na versão que governo brasileiro transpira para a imprensa, ao assinarem uma carta em que pedem aos países vizinhos que reconheçam a vitória da oposição venezuelana na eleição presidencial, Edmundo González Urrutia, o verdadeiro vencedor, e María Corina Machado, essa mulher extraordinária que foi impedida de se candidatar, teriam dificultado o trabalho do Brasil, México e Colômbia junto ao ditador.

Nicolás Maduro não é digno de mínima confiança. Basta ver como ele rasgou os Acordos de Barbados, que previam uma eleição presidencial limpa e escrutinada por observadores internacionais das grandes nações democráticas. Basta ver como ele simplesmente ignorou o resultado das urnas, declarando-se vencedor.

Até onde a vista alcança, não há negociação possível com um vigarista desses. Se ele sair do poder, dará margem a que seja preso por associação com o narcotráfico, crime pelo qual é acusado nos Estados Unidos. E o ditador se sente suficientemente forte para recusar um exílio dourado, onde possa gozar da fortuna que roubou e esteja livre de ser preso. Ele teria de ser saído, mas os militares estão com ele até o momento, apesar de todos os apelos dos opositores.

O governo brasileiro vende a ideia de que é preciso evitar um cenário “Guaidó 2”. É uma malandragem. Ao presidir a Assembleia Nacional da Venezuela, Juan Guaidó autoproclamou-se presidente do país, em desafio ao ditador, e foi reconhecido como “presidente interino” por Estados Unidos e União Europeia. Com o passar do tempo, mostrou-se um personagem de ações e caráter duvidosos.

Edmundo González Urrutia, não. Ele venceu uma eleição presidencial majoritária. Está longe de ser um “Guaidó 2”. A sua legitimidade como presidente eleito é inquestionável de qualquer ponto de vista, como reforçou a carta pró-democracia assinada por 30 ex-presidentes estrangeiros que cobraram do presidente brasileiro uma posição firme sobre a situação escandalosa na Venezuela.

Lula e o PT são aliados históricos do chavismo. Reconhecer o logro e a falência do regime de Nicolás Maduro implica admitir que os adversários do petismo sempre tiveram razão sobre o regime na Venezuela e sobre as reais intenções do Foro de São Paulo. A diplomacia brasileira está refém desse passado que condena o partido e o seu chefe.

Por último, mas não menos importante, Nicolás Maduro pode ser muito inconveniente: sabe demais sobre o que aconteceu além das suas fronteiras nos últimos 20 anos. 

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comMario Sabino

Você quer ficar por dentro da coluna Mario Sabino e receber notificações em tempo real?