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A mulher do Tio Patinhas, Margarida e Patetas na Patópolis do PT

Considerações sobre a visita da mulher de um líder do Comando Vermelho ao Ministério da Justiça. O Brasil voltou, a Patópolis do PT voltou

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Luciane Barbosa Faria e o secretário nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça, Rafael Velasco Brandani
1 de 1 Luciane Barbosa Faria e o secretário nacional de Políticas Penais do Ministério da Justiça, Rafael Velasco Brandani - Foto: Reprodução

O Ministério da Justiça e Segurança Pública do PT, comandado pelo onipresente, mas não onisciente Flávio Dino, recebeu a mulher de um líder do Comando Vermelho para duas reuniões, segundo li em reportagem de André Shalders e Tácio Loran, nesta segunda-feira de calor senegalês em São Paulo.

Conhecida como “a dama do tráfico amazonense”, a encantadora Luciane Barbosa Farias é casada há 11 anos com Clemilson dos Santos, o Tio Patinhas. Ele era o criminoso mais procurado do Amazonas, até ser preso em dezembro passado. O sujeito tem savoir faire. A sua fama é de “indivíduo de altíssima periculosidade, com desprezo à vida alheia”.

Luciane Barbosa Farias não é apenas mulher do Tio Patinhas: suspeita-se de que, assim como o marido, participe de lavagem de dinheiro e associação criminosa.

A moça é presidente de uma ONG, a Associação Instituto Liberdade do Amazonas, suspeita de ser fachada do Comando Vermelho e, portanto, financiada com dinheiro do tráfico de drogas, de acordo com os repórteres. A polícia do Amazonas acredita que a ONG visa a “perpetuar a existência da facção criminosa e obter capital político para negociações com o Estado”.

Foi nessa condição presidencial que ela adentrou o Ministério da Justiça e Segurança Pública, onde se reuniu, em 19 de março, com o prestimoso Elias Vaz, secretário nacional de Assuntos Legislativos do onipresente, mas não onisciente Flávio Dino, e, em 2 de maio, com o expedito Rafael Velasco Brandani, secretário nacional de Políticas Penais. Ele esteve ainda com mais duas autoridades ministeriais, reportam os jornalistas.

A mulher de Tio Patinhas postou no Instagram que, no ministério, fez “denúncias de revistas vexatórias” e apresentou um “dossiê sobre violações de direitos fundamentais e humanos”. Parece que foi bem-sucedida. Anunciou que “em resultado destas reuniões o primeiro passo foi tomado em prol aos familiares visitantes de reclusos onde as revistas vexatórias estão em votação com maioria favorável para ser derrubada!”.

Ela se fez acompanhar pela ex-deputada estadual do PSOL do Rio de Janeiro Janira Rocha, condenada por fazer rachadinha na Alerj. A abrilhantar ainda mais o currículo de Janira Rocha, ela é defensora daquela flor de pessoa, Flordelis dos Santos de Souza, que assassinou o marido, e fundadora da ONG suspeita, juntamente com a mulher do Tio Patinhas. Eu sugiro que  chamemos a talentosa Janira Rocha de Margarida.

Margarida também saiu muito feliz das audiências com os assessores do onipotente, mas não onisciente Flávio Dino. Ela postou no Instagram: “Hoje em Brasília, nas articulações políticas no Congresso Nacional, em reuniões no Ministério da Justiça e no debate de construção de estratégias para trazer a luz (sic) a pauta de direitos fundamentais e humanos para o sistema prisional brasileiro só deu esse time de mulheres (…) Ficou notória a diferença política na sensibilidade de tratar o tema, outro governo, outra conversa, seguiremos!!!”

Apareceu a Margarida no registro de audiências do Ministério da Justiça, mas não apareceu a mulher do Tio Patinhas. Como é que a parceira de um chefe de facção criminosa foi recebida por dois assessores de Flávio Dino — e recebida na caluda?

Questionado pelos repórteres sobre esse aspecto da nossa tão surpreendente quanto previsível realidade, o ministério inicialmente justificou que  “a cidadã não foi a requerente da audiência e sim um entidade de advogados” e que era “impossível a detecção prévia da situação de uma acompanhante, uma vez que a solicitante da audiência era uma entidade de advogados e não a cidadã mencionada no pedido de nota”.

A justificativa inicial do ministério para a presença clandestina da cidadã (ou mencionada) em suas dependências é a clássica resposta para patetas. Sugiro que eu me chame Pateta, sugiro que você também se chame Pateta. Como apontam os repórteres, “agendas públicas de autoridades costumam trazer informações sobre os demais participantes das reuniões e não apenas da pessoa que pediu a agenda”. E a mulher do Tio Patinhas não era uma assessora ou a maquiadora de Margarida, era a presidente da tal ONG.

A história, no entanto, cresceu demais até para contentar o Pateta eu e o Pateta você. O prestimoso Elias Vaz, com quem tudo começou, viu-se obrigado a matar tudo no peito e pedir desculpas em entrevista coletiva. Imagine-se o pisoteamento moral do onipotente, mas não onisciente Flávio Dino, cada vez mais o ex-indicado de Lula ao STF, sobre a dignidade exangue do funcionário. Disse Elias Vaz, desenxabido: “Quero lamentar esse episódio. Se teve algum erro, esse erro foi da minha parte, de não ter feito uma verificação mais profunda das pessoas que vou receber, procedimento que provavelmente a gente deve adotar daqui em diante”. A verificação não precisava ser profunda, Elias, bastava ser superficial como as iniciativas de Flávio Dino para combater o crime.

Mesmo com as desculpas sinceras e espontâneas do secretário prestimoso e agora desenxabido, Margarida não perdeu a razão: é notória a diferença política na sensibilidade de tratar o tema dos criminosos presos — e também soltos. Outro governo, outra conversa, os mesmos Patetas aqui deste lado do balcão. O Brasil voltou, a Patópolis do PT voltou.

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