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Por que startups deveriam investir em conteúdo?

Empreendedor e jornalista, Ivan Netto defende a produção de informação como uma questão estratégica para qualquer negócio

atualizado

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Ivan Netto
1 de 1 Ivan Netto - Foto: Divulgação

Relacionamento com os clientes, reforço à imagem, atração de investidores: conteúdo próprio é uma questão estratégica para seu negócio.

A estratégia de comunicação das empresas vem se tornando mais ampla e complexa ao longo do tempo. A digitalização do relacionamento com os clientes abriu uma série de novas possibilidades e viabilizou o desenvolvimento de canais próprios de comunicação com o público.

No passado, a interação com o consumidor era, necessariamente, mediada. Para fazer publicidade, era preciso comprar espaço em jornais, revistas, rádio e televisão. Para que sua opinião fosse conhecida, era preciso primeiro ser conhecido pela imprensa, para depois começar a emplacar artigos e ser considerado como fonte para matérias.

Poucas eram as oportunidades de estabelecer um relacionamento direto. Um bom exemplo é o famoso Guia Michelin: a fabricante francesa de pneus queria, no início do século 20, divulgar o uso do automóvel (na época, uma grande novidade, disponível para poucos). Para isso, criou um guia com informações práticas para uma viagem de carro: como trocar pneus, localização dos postos de combustíveis e melhores lugares para comer e descansar. Em 1920, o Guia Michelin se especializou em indicações de restaurantes e ganhou vida própria.

Hoje, porém, o cenário é outro. Existem inúmeras plataformas para publicação de conteúdo próprio:

Vídeos institucionais: YouTube, Vimeo, TikTok (vídeos curtos) e Reels do Instagram.

Dicas inspiradoras: Instagram, Facebook e Pinterest.

Debates e troca de ideias: lives no YouTube, Instagram e Facebook, transmissões em áudio no Clubhouse, e podcasts em plataformas como Spotify e Google Podcasts.

Artigos, ebooks e textos de thought leadership: LinkedIn e Medium.

Apresentações e palestras: Slideshare.

Além disso, todo esse conteúdo pode estar disponível em seu próprio site, organizado em um blog e em bibliotecas de conteúdo.

Por que desenvolver conteúdo próprio?

Desenvolver conteúdo próprio deveria ser uma questão estratégica para toda empresa. De startups à corporações de faturamento bilionário, essa é uma oportunidade enorme de estabelecer um relacionamento direto com os stakeholders (clientes, fornecedores, influenciadores, jornalistas, órgãos de regulamentação, governos, investidores, colaboradores e demais públicos interessados em sua empresa).

Imagine, por exemplo, que sua startup tem uma ideia para resolver um problema do mercado, mas ainda não conseguiu escalar o negócio. É preciso se fazer conhecido por investidores que possam aportar recursos no negócio. Também é importante ser citado na imprensa, pois isso gera reconhecimento de marca. Mas se você não apresentar suas ideias e mostrar que conhece seu mercado, é muito mais difícil chegar a algum lugar.

Desenvolver conteúdo é também uma forma de criar um espaço no qual seja possível contar suas histórias, com a profundidade que você desejar. Sua startup tem o controle da narrativa, o que não acontece em plataformas de terceiros.

Uma estratégia de desenvolver conteúdo próprio é uma forma de apresentar seu “cartão de visitas”:

Blog: ter um blog em seu site é uma forma de mostrar, por meio de artigos, ebooks e infográficos, o que a startup pensa. A comunicação passa a ir além de “quem somos” e “o que fazemos” e cria oportunidades para contar histórias, detalhar ideias e criar um canal de transmissão de conhecimento para seu público. Especialmente nas startups que precisam explicar qual é o problema que precisam resolver, essa é uma ferramenta importante.

Também vale ressaltar que um blog pode ser uma forma relevante de impulsionar o SEO do seu site e tornar sua marca mais encontrável nas buscas orgânicas. Investir em conteúdo próprio não deixa de ser uma forma de otimizar seus investimentos em marketing.

Podcast: existem diversos formatos de conteúdo em áudio, como mesas-redondas, entrevistas e monólogos. Podcasts podem ter dois ou três minutos e trazer drops de informação, ou ter 30, 40 minutos e aprofundar um tema. Tudo depende do objetivo estratégico.

Vídeos: conteúdos institucionais, lives, entrevistas e bate-papos com a audiência são alguns formatos que podem fazer sentido para sua estratégia de negócios. Como o público tem uma possibilidade maior de interagir com conteúdo em vídeo do que em texto, essa é uma oportunidade interessante para ensinar sobre sua solução.

Redes sociais: cada rede social tem seu posicionamento, e abrir um perfil e começar a desenvolver conteúdo não deve ser uma decisão impensada. Ter um perfil em uma rede, mas não postar nem interagir, é pior do que estar ausente daquele meio. Ao decidir abrir um perfil em uma rede social, entenda que será preciso ter atenção constante a ela, pois é uma forma de nutrir relacionamentos com o público.

Desenvolver conteúdo para redes sociais pode significar texto, imagens e vídeos. Cada rede tem suas vantagens e desvantagens, e o match com sua empresa é o que faz a diferença.

Conteúdo próprio x PR. Que tal os dois?

Vejo com uma certa frequência uma discussão que acaba sendo falsa. Startups imaginando que, ao desenvolver conteúdo próprio, elas podem deixar de lado as ações de PR. Na realidade, essas duas estratégias se potencializam:

1. A primeira coisa que um jornalista fará ao receber um press release ou um artigo é entrar no site da empresa. Uma área de conteúdo bem estruturada reitera que a startup sabe o que quer, pensa grande e tem o que comunicar. Em outras palavras, pode ser uma boa fonte para o jornalista.

2. Conteúdos publicados nas plataformas próprias podem servir de inspiração para os veículos de comunicação. O tema de um post ou um ebook pode servir de base para um podcast, por exemplo.

Aqui, na Pineapple Hub, temos o exemplo da Vittude, uma startup que é referência em psicologia on-line e educação emocional de alta qualidade no Brasil. Ela também é líder na América Latina na produção de conteúdo especializado em saúde mental, psicologia e comportamento humano. A empresa recebe em sua plataforma mais de 3 milhões de pessoas mensalmente (que consomem o conteúdo publicado). Com isso, ela orienta seu público, se mostra próxima dos clientes e cria relacionamentos de longo prazo.

Em sua próxima reunião de planejamento, considere a ideia de desenvolver conteúdo próprio. Esse é um passo essencial para que sua startup se transforme em uma plataforma que seja uma referência no seu mercado.

Ivan Netto é head de Atendimento da Pineapple Hub, agência de relações públicas especializada no ecossistema de inovação e empreendedorismo. Jornalista e empreendedor, ele tem mais de 15 anos de experiência em agências de comunicação, associações de classe e veículos especializados no mercado de seguros. 

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