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“Bolsonaro inflacionou preço da governabilidade no Brasil”, diz Boulos

Pré-candidato a deputado federal por São Paulo criticou relação “promíscua” entre o centrão e o atual governo

atualizado

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Deiviane Linhares/Metrópoles
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1 de 1 boulos - Foto: Deiviane Linhares/Metrópoles

Um dos principais nomes da esquerda no Brasil, Guilherme Boulos (PSol) – que é pré-candidato a deputado federal por São Paulo – afirmou nesta terça-feira (17/5) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) “inflacionou” o valor do apoio  dos partidos chamados de centrão no Congresso Nacional.

Em entrevista exclusiva concedida ao Metrópoles, o integrante da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) também mirou críticas ao apoio incondicional de partidos comandados pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas), ao atual titular do Palácio do Planalto.

“Todos os governos governaram com o centrão, incluindo os progressistas. O Bolsonaro deu um salto: não é que ele ganhou o apoio do centrão, ele terceirizou o governo para o centrão. O orçamento está retalhado para essa base política”, disse o político ao comentar sobre o orçamento secreto.

Boulos afirmou que, hoje, pela força política adquirida no governo Bolsonaro, Lira passou a ser uma espécie de primeiro-ministro do Brasil.

“O que ele [Lira] quer é que a mesma base do centrão que o elegeu presidente da Câmara – que mantém o orçamento secreto e que está envolvida nesses esquemas – o reeleja presidente da Câmara no ano que vem. O Lira está obcecado e só pensa naquilo. Só pensa em se reeleger presidente da Câmara e manter essa relação promíscua que se estabeleceu com as emendas do relator. O Lira é o primeiro-ministro do Brasil hoje”, afirmou.

Veja a entrevista:

Desistência

O líder do PSol voltou a afirmar que sua desistência ao governo de São Paulo se deu pela consciência do partido de integrar uma frente ampla com chances de derrotar o bolsonarismo. Boulous também descartou concorrer ao Senado e que disputará a Câmara Federal como forma de ajudar na ampliação da bancada do partido no Congresso.

“Quando eu deixei de ser candidato ao governo do estado, eu estava com 12% das intenções de voto, empatado tecnicamente no 2º lugar, disputado para valer. Mas este é um ano, e eu estou convencido disso, que nós temos que ter a capacidade de colocar os nossos projetos pessoais em segundo plano, porque a gente tem um objetivo maior. O que está em jogo neste ano no Brasil não é uma eleição qualquer: é uma encruzilhada entre a democracia e a barbárie. Bolsonaro leva o debate político do país para níveis pantanosos”, disse.

Boulos também afirmou que a aliança com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi programática, sem negociações por cargos ou espaços num possível governo.

“A decisão de apoiar o Lula não foi uma decisão de toma lá, dá cá. O PSol poderia ter chegado e ter pedido: ‘Olha, Lula, nós só te apoiamos para a Presidência se me apoiar para governador’. Nós não fizemos isso, porque para nós, o que está em jogo não é um cargo, um espaço político maior ou menor. O que está em jogo é derrotar o Bolsonaro e virar a página deste pesadelo”, reforçou.

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