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Fendi e Louis Vuitton são acusadas de apropriação cultural

Inspirados no tradicional lenço palestino Keffiyeh, os produtos comercializados pelas grifes não repercutiram bem

atualizado

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Louis Vuitton/Divulgação
Modelo com lenço azul
1 de 1 Modelo com lenço azul - Foto: Louis Vuitton/Divulgação

Os debates sobre apropriação cultural permeiam a moda. Após discussão sobre recentes estampas e bordados da Alexander McQueen, outra peça de vestuário que retoma a acusação no cenário fashion é um lenço inspirado no Keffiyeh, um símbolo palestino. O acessório foi comercializado pelas casas de luxo Fendi e Louis Vuitton. Os internautas, entretanto, acharam que as grifes passaram dos limites e manifestaram a insatisfação nas redes sociais.

Vem entender o caso!

Giphy/Reprodução

Fendi

A Fendi descreveu o lenço como “echarpe monogramada ‘Keffiyeh’ de lã”. Embora a Fendi já tenha retirado a peça do site, acusações de apropriação cultural estão sendo publicadas nas redes sociais. Alguns comentários reforçam a importância das conotações que o lenço carrega em suas tramas e criticam o uso indevido pela marca italiana.

No Twitter, o advogado Khalid Beydoun alegou que empresas de ponta, como a Fendi, estão monetizando a opressão. “É mais um padrão do que um incidente isolado”, disse ele. “Pare de tentar se apropriar, mutilar e transformar o Keffiyeh”.

A empresária e ativista Sofia Haq também se pronunciou. “Marcas de luxo adoram ser neutras em questões importantes para nós, mas replicam nossa cultura para seu próprio benefício. Fendi e Louis Vuitton, isso é apropriação cultural. É claro que vocês não se importaram em entender o simbolismo por trás do Keffiyeh. Vocês só querem lucrar com isso.”

Lenço Fendi
Perfis se manifestaram no Twitter

 

Lenço Fendi
Fotos do lenço foram colocadas em comparação a retratos de palestinos
Louis Vuitton

A Louis Vuitton é outra grife que se inspirou no Keffiyeh palestino. Da mesma forma, a comercialização da pashmina rendeu críticas e acusações de apropriação cultural.

Um usuário do Twitter questionou: “A Louis Vuitton diz que é politicamente neutra, mas está lucrando com a venda desse lenço de US$ 705, inspirado no Keffiyeh, que geralmente é usado pelos árabes e é um símbolo do nacionalismo palestino. E a cor, isso é alguma forma de comentário político passivo?”.

Outra conta fez uma analogia ao nome do produto. “Muito irônico que Louis Vuitton esteja se referindo à sua ‘adaptação’ de um Keffiyeh palestino como uma ‘estola’. Pelo menos eles acertaram em algo!”

Lenço Fendi
Outra conta questionou a cor do tecido, que é semelhante à bandeira de Israel

 

Lenço Fendi
Outra destacou o nome do lenço, batizado de Stole (roubo, em tradução livre)

 

Batizado de Monogram Keffiyeh Stole, o item estava à venda no e-commerce da etiqueta. “Inspirado no clássico Keffiyeh e enriquecido com assinaturas da casa. Uma técnica de jacquard é usada para criar a padronagem de monograma em sua base de algodão, lã e seda. Macio e leve com bordas franjadas, este acessório atemporal cria um clima descontraído”, descrevia a marca.

A confecção Hirbawi Textile Factory, entretanto, apresenta-se como a última e única fábrica Keffiyeh dos territórios palestinos. Com envios mundiais, os clássicos lenços são representam o símbolo da luta palestina pela liberdade, de acordo com a confecção. “Os padrões representam uma rede de pesca, um favo de mel, a junção das mãos ou as marcas de sujeira e suor na testa de um trabalhador, entre outras coisas”, descreve a Hirbawi.

Modelo com lenço azul
Louis Vuitton também foi acusada de apropriação cultural

 

Modelo com lenço azul
Por produto inspirado no Keffiyeh, tradicional lenço palestino

 

Lenço preto e branco
A Hirbawi Textile Factory é a única confecção na Palestina que confecciona o item

 

Homem com Keffiyeh
Em geral, o Keffiyeh é usado entre os homens da Arábia Saudita
Conflitos

Os conflitos entre Israel e Palestina já duram décadas. No último mês, os ataques voltaram aos noticiários. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, comandado pelo Hamas, 219 pessoas morreram como resultado dos ataques na Faixa de Gaza, incluindo 66 crianças e 12 israelenses.

Diante aos ataques violentos, figuras proeminentes começaram a compartilhar mensagens pedindo paz e respeito aos direitos humanos. Entre elas, estão nomes relevantes, como o Dj Khaled, a marca de vestuário QASIMI, e o perfil Diet Prada, que se posicionaram a favor dos palestinos e contra aos ataques israelenses.

“A posição da LVMH sobre política é ‘neutra’, mas eles ainda estão fazendo um lenço de US$ 705 com o brasão de Keffiyeh, um adorno tradicional árabe que se tornou um símbolo do nacionalismo palestino. Hmmmm…”, legendou a conta de denúncias fashion.

 

Em entrevista à NBC, Nihad Awad, diretor-executivo do Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR), explicou a gravidade. “O momento é horrível, famílias foram dizimadas, centenas de pessoas mortas, milhares feridas na violência brutal contra uma população cativa em Gaza”, disse. “O Keffiyeh é muito próximo e querido aos nossos corações, como palestinos, e vê-lo apropriado é altamente ofensivo, especialmente nesta ocasião, em um esforço para ganhar dinheiro.”

As grifes envolvidas na polêmica ainda não se posicionaram sobre o assunto. Tanto a Fendi quanto a Louis Vuitton tiraram os lenços do catálogo de produtos on-line.


Colaborou Sabrina Pessoa

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