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Trumpista que esteve em ato anterior à invasão ao Capitólio visitou Planalto

Além de trumpista declarado, Daniel Beck é dono da Combat Armor Defense, que mantém contratos milionários com a Polícia Rodoriviária Federal

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daniel beck
1 de 1 daniel beck - Foto: Arquivo pessoal/Twitter

O empresário americano Daniel Beck, que participou de manifestação que culminou na invasão do Capitólio dos Estados Unidos em janeiro de 2021, esteve no Brasil em março do ano passado e visitou a Presidência da República, mostram registros obtidos pela coluna.

Além de trumpista declarado, Daniel Beck é dono da Combat Armor Defense, que mantém contratos milionários com a Polícia Rodoriviária Federal (PRF) e a Polícia Federal (PF) no Brasil.

Documentos obtidos pela coluna via Lei de Acesso à Informação mostram que Daniel Beck e o empresário Maurício Junot de Maria, representante da Combat Armor Defense no Brasil, entraram no Palácio do Planalto às 13h13 do dia 24 de março deste ano, com destino à Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República (GPPR). Ambos saíram quase duas horas depois, às 14h58.

Não há registros do motivo da entrada e se os empresários se encontraram com autoridades. Naquele dia, Jair Bolsonaro teve um encontro às 13h com o embaixador do Japão no Brasil, Hayashi Teiji, e às 15h com o subchefe para Assuntos Jurídicos da Secretaria-Geral da Presidência da República, Pedro Cesar Sousa, já no Palácio do Planalto. As informações estão na agenda pública do atual mandatário da República.

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Sem a presença americana, Junot de Maria esteve no Gabinete Pessoal da Presidência outras duas vezes, em 7 de outubro e 11 de novembro de 2021. Nos dois dias, Bolsonaro também se encontrou com Pedro Cesar Sousa. Não há registro de reunião com o empresário.

Junot De Maria informou que a Combat Armor “não tem nada a declarar a respeito”. Daniel Beck foi contatado via Facebook, mas também não se manifestou. O espaço segue aberto.

Contratos milionários

Beck ganhou destaque após viralizar nas redes sociais um vídeo em que afirmou ter se reunido com Rudolph Giuliani, advogado de Trump, e com o empresário Michael Lindell, conselheiro do ex-presidente, na véspera do ataque ao Capitólio.

A empresa Combat Armor Defense recebeu, desde 2021, R$ 30,8 milhões do governo federal, em contratos para o fornecimento de blindagem e veículos para a PRF e a PF, mostram dados do Portal da Transparência analisados pela coluna. Os contratos foram assinados após Junot De Maria se reunir com Eduardo Bolsonaro.

Em agosto deste ano, o Metrópoles revelou que a Combat Armor está proibida de licitar após deixar de entregar carros blindados a tribunais no Brasil.

A punição foi aplicada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), e serve para todo o poder público. A empresa não aceitou assinar o contrato necessário para a entrega dos bens ao alegar defasagem no preço.

“Em dezembro de 2020 foram entregues pela empresa Combat Armor Defense dois veículos licitados pelo sistema de registro de preços, que foram direcionados para uso do TRF-2. Em 2021, a Corte efetuou na mesma ata novo pedido de fornecimento, porém a empresa vencedora do certame não entregou o bem e, por isso, foi penalizada pela Presidência do tribunal com sanção de impedimento de licitar com o poder público e com multa de R$ 52,6 mil, já paga”, esclareceu o tribunal, após ser procurado pelo Metrópoles.

A empresa recorre do processo administrativo no TRF-2.

A Combat Armor Defense, no entanto, também deixou de entregar carros blindados à Justiça Federal do Espírito Santo, no âmbito da mesma ata de preços. O juiz federal Fernando Cesar Baptista de Mattos também puniu a companhia, em decisão de janeiro deste ano.

O magistrado, por sua vez, decidiu impedir a empresa de licitar apenas com a JFES, além de aplicar uma multa de 2% do valor do contrato. Mattos apontou que o comportamento da empresa ligada ao americano Daniel Beck foi “altamente reprovável e causou entraves à Administração desta Casa”.

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