O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, está num dilema após a vitória de Lula. Castro quer se aproximar do presidente eleito, mas teme soltar a mão de Jair Bolsonaro devido às denúncias de corrupção de que é alvo.
O senador Flávio Bolsonaro é um dos principais interlocutores de Castro com a vice-procuradora-geral Lindôra Araújo, responsável pelos inquéritos de Castro, com quem o senador tem boa relação e que deve ficar no cargo até setembro de 2023, quando termina o mandato de Augusto Aras.
O Ministério Público Eleitoral recebeu, em setembro, dados do Ministério Público do Rio de Janeiro para investigar o governador por “suposta prática de ilícito eleitoral” pelo caso Ceperj.
Castro foi acusado em duas delações premiadas de receber R$ 100 mil em propina do dono de uma empresa. O dinheiro, segundo os delatores, teria sido entregue em uma mochila.
A avaliação de pessoas próximas ao governador é que, se ele abandonar Bolsonaro e se aproximar de Lula, a relação com Flávio, que hoje segue muito boa, poderá ser afetada. E consequentemente Castro poderá ter problemas na PGR.

Cláudio Bomfim de Castro e Silva, nascido em 1979, é um advogado e político brasileiro filiado ao Partido Liberal (PL). Natural de Santos, em São Paulo, se tornou nacionalmente conhecido por assumir o comando do estado do Rio de Janeiro após o impeachment do então governador Wilson WitzelALINE MASSUCA/ Metrópoles

Apesar de ter nascido no estado paulista, Castro mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde cresceu. Católico fervoroso, com o tempo se tornou membro da Renovação Carismática Católica e, inclusive, foi coordenador arquidiocesano do Ministério de Fé e Política da Arquidiocese do Rio de Janeiro Governo RJ

Durante o período, se tornou músico, compositor e lançou dois álbuns de música católicaAline Massuca/ Metrópoles

Em 2005, tempos após se formar no ensino médio, ingressou na faculdade de direito e, mais tarde, tornou-se advogado. Entretanto, antes mesmo de se matricular no ensino superior, Cláudio Castro já havia começado sua carreira política como chefe de gabinete do político Márcio Pacheco, à época vereadorAline Massuca/ Metrópoles

Em 2012, tentou, pela primeira vez, uma vaga no Legislativo estadual pelo partido, mas não conseguiu se eleger. Quatro anos depois, concorreu novamente às eleições e foi eleito, com 10.262 votos, vereador pelo Rio de JaneiroAline Massuca/ Metrópoles

Em 2018, foi confirmado pelo Partido Social Cristão (PSC) como vice-governador do Rio de Janeiro na chapa de Wilson Witzel, eleita, em segundo turno, com 59,87% - 4.675.355 Agência Brasil

Em 2021, após Witzel sofrer impeachment por corrupção, Cláudio Castro assumiu, definitivamente, o governo do Rio de JaneiroFernando Frazão/Agência Brasil

Cláudio Castro (foto) e Flávio Bolsonaro miram Senado em 2026Luis Alvarenga/Divulgação

Em maio de 2019, Cláudio recebeu a medalha Pedro Ernesto, máxima honraria da Câmara de Vereadores cariocaMetrópoles/ Aline Massuca

Em março de 2021, no entanto, um ex-funcionário da empresa Servlog delatou ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) que Cláudio Castro recebeu propina de um empresário investigado por corrupção enquanto ainda era vice-governadorReprodução/Instagram

Após a delação, Castro se manifestou afirmando que processou o tal ex-funcionário e entrou com recurso no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) pedindo a anulação do acordo feito pelo trabalhador. Em julho de 2022, o pedido foi enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ)

Também em 2021, a gestão do governador do Rio de Janeiro passou a ser investigado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) por suspeita de fraude na compra de cestas básicas durante a pandemia. À época, o Tribunal de Contas da União (TCU) apontou que o prejuízo aos cofres públicos poderia chegar a R$ 3,4 milhões. Por isso, impôs prazo de 20 dias para o governador se explicar, mas não obteve retornoAline Massuca/Metrópoles

O político, na verdade, só pode ser investigado na esfera criminal pelo Ministério Público Federal (MPF), por ter foro privilegiadoReprodução

O governo de Castro também é marcado por chacinas policiais, como a do Jacarezinho, considerada uma das mais letais da história do paísIgo Estrela/Metrópoles

Recentemente, a série de reportagens do jornalista Ruben Berta revelou que o Executivo fluminense estaria empregando 9 mil pessoas em cargos secretos no programa social Casa do Trabalhador, que vem sendo usado como ativo eleitoral de Castro. O governador até agora não se pronunciou sobre o caso, repetindo a postura de silêncio que costuma adotar sobre denúncias acerca de seu governoFoto: Carlos Magno/Governo do Rio de Janeiro

Agora, Cláudio Castro tentará reeleição em outubro de 2022Aline Massuca/ Metrópoles