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Ex-diretora da Globo lembra assédios: “Se transar, ganha o que quer”

Cininha de Paula trabalhou na Globo por três décadas; ela conta que levou relato de assédio sexual ao chefe da TV, mas nada aconteceu

atualizado

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Leonardo Hladczuk/Metrópoles
Cininha de Paula
1 de 1 Cininha de Paula - Foto: Leonardo Hladczuk/Metrópoles

A diretora Cininha de Paula, que afirmou ter testemunhado comportamentos abusivos de Marcius Melhem com colegas de trabalho, contou que sofreu diversos episódios de assédio em sua carreira na televisão. Cininha trabalhou com o ex-chefe de Humor da Globo quando dirigiu a Escolinha do Professor Raimundo. Por três décadas na Globo, a profissional de 63 anos dirigiu programas e novelas.

Nesta sexta-feira (24/3), a coluna publicou entrevistas exclusivas com as mulheres que acusam Marcius Melhem de assédio sexual e moral. A coluna conversou, entre possíveis vítimas e testemunhas, com um grupo de 11 pessoas que integraram ou integram a área de humor da TV Globo, e que, pela primeira vez, aceitaram tornar públicas as experiências que viveram ao lado do humorista.

A entrevista de Cininha de Paula, por sua experiência, trouxe a contribuição de oferecer uma perspectiva de casos de assédio na TV ao longo de décadas. A prática, lembrou Cininha, era muito comum.

“Fui assediada por muitos diretores acima de mim”, disse. A cineasta contou que ouviu abertamente de um chefe que ela teria benefícios na Globo caso mantivesse relações sexuais com ele. Seria a primeira renovação de contrato da profissional na companhia. O diálogo aconteceu, segundo a diretora, durante o trabalho, na própria sala dessa pessoa, cujo nome ela quis preservar.

“Minha primeira renovação contratual — a pessoa já está falecida —,  eu fui na sala dela, ali no Jardim Botânico [sede da emissora e antiga locação de estúdios para a produção de entretenimento da Globo], e a gente chegava, ia para a sala dela fazer a renovação contratual. Aí essa pessoa falou: ‘Olha, se você transar comigo, você ganha o que você quer ganhar”.

Ato contínuo, continuou Cidinha, foi à sala do então diretor-geral da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.  

“Aí eu levantei, subi um andar, bati na porta de um homem chamado José Bonifácio de Oliveira Sobrinho e falei assim: ‘Lá embaixo, acabaram de me dizer que só me dão o dinheiro que eu quero se eu transar com ele’. Aí foi uma confusão danada, mas, claro, que não aconteceu nada. Ele continuou na função dele. Prque assim era”.

A denúncia não teve consequência concreta alguma.

Confira trecho da entrevista:

(Colaboraram Bruna Lima, Edoardo Ghirotto, Eduardo Barretto e Natália Portinari)

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