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Empresa que deu garantia na compra da Covaxin tem sócios mortos

Documento foi enviado à CPI por empresário; comissão quebrou sigilos da Fib

atualizado

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Debarchan Chatterjee/NurPhoto via Getty Images
Vacina indiana Covaxin - Coronavirus - Covid19
1 de 1 Vacina indiana Covaxin - Coronavirus - Covid19 - Foto: Debarchan Chatterjee/NurPhoto via Getty Images

A Fib Bank, companhia alvo da CPI da Pandemia que ofereceu uma carta de fiança ao Ministério da Saúde na compra da vacina Covaxin, tem uma empresa acionista cujos dois únicos sócios morreram em 2017 e 2020. O documento foi enviado nesta quinta-feira (12/8) em sigilo à CPI pelo empresário paulistano Abdul Fares, que recebeu uma carta de fiança da Fib em um negócio particular.

A CPI quebrou os sigilos telefônico, bancário, fiscal e telemático da Fib na semana passada e começou a receber as informações nos últimos dias.

O documento enviado aos senadores e obtido pela coluna foi assinado por Suhaila Fares, mãe do empresário e proprietária da Rahma Asa Participações.

Fares afirmou que recebeu em agosto de 2020 uma carta de fiança da Fib, sediada em Barueri. Naquele mês, o empresário havia alugado um imóvel em São Paulo, no bairro Jardim Europa, para a Pecus Capital Gestora de Recursos, uma administradora de fundos, do grupo New Beef. O contrato duraria quatro anos, no valor de R$ 100 mil mensais, chegando ao total de R$ 4,8 milhões. Para assegurar o cumprimento do contrato, a Pecus enviou uma carta de fiança da Fib garantindo o pagamento integral do estipulado.

A Fib Bank tem duas empresas acionistas, ou sócias: a MB Guassu Administradora de Bens Próprios e a Pico do Juazeiro Participações. Os dois sócios-administradores da primeira empresa, que constam de registros atuais da Receita Federal, Francisco Lima e Sebastião Lima, estão mortos, como informou no mês passado a repórter Ana Clara Costa.

No documento enviado à CPI, Fares afirmou ainda que comunicou no início deste mês a Junta Comercial de São Paulo sobre as mortes, cobrando a atualização dos dados. E pediu a revisão de atos da MB Guassu e da Fib após a morte do primeiro sócio, Sebastião Lima, em 2017.

Segundo a certidão de óbito, Sebastião morreu em agosto de 2017, aos 82 anos, por insuficiência respiratória e foi sepultado em Itapecerica da Serra (SP). Francisco Lima, o outro sócio, morreu em setembro de 2020, aos 69 anos, por infarto agudo do miocárdio, e foi sepultado em Londrina (PR), também de acordo com os documentos.

Se a Junta Comercial aceitar rever os atos praticados pela Fib, vai esbarrar na carta de fiança que a Fib enviou ao Ministério da Saúde em março de 2021, no processo da Covaxin. O documento fixou a garantia de pagamento de R$ 80,7 milhões, 5% do contrato de R$ 1,61 bilhão, entre a Precisa, intermediária da Bharat Biotech no Brasil, fabricante do imunizante, e o ministério. Como mostrou o repórter Vinicius Sassine em julho, o governo Bolsonaro aceitou a garantia fora das regras e do prazo previstos no contrato.

No fim de julho, o Ministério da Saúde cancelou o contrato da Covaxin, em meio a investigações da CPI, da Controladoria-Geral da União, da Procuradoria da República no Distrito Federal e da Procuradoria-Geral da República.

Uma apuração foi instaurada sobre a suposta prevaricação de Jair Bolsonaro no caso, por não tomar providências ao ser informado das denúncias em março, pelo deputado Luis Miranda e seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda.

Nesta sexta-feira (13/8), a coluna mostrou que Marcelo Queiroga, ministro da Saúde, afirmou que a suposta apuração solicitada por Bolsonaro sobre a Covaxin não foi registrada oficialmente nem teve duração conhecida.

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