Alckmin segue atacado por correntes do PT: “Golpista”
“Saiu do PSDB por razões de disputa de espaço, mas o PSDB não saiu dele”, diz corrente do PT sobre Geraldo Alckmin como vice de Lula
atualizado
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A presença de Geraldo Alckmin na chapa de Lula está encaminhada, mas segue sendo atacada por correntes do PT. Na última quinta-feira (24/3), um dia depois de Alckmin se filiar ao PSB e exaltar Lula em público, tendências minoritárias do PT criticaram a possível candidatura do ex-tucano como vice ao Planalto, em documentos enviados ao diretório nacional da sigla. No fim, prevaleceu a decisão pragmática de endossar os que querem derrotar Jair Bolsonaro, para além da esquerda.
Disse a corrente Articulação de Esquerda sobre Alckmin, num texto enviado à cúpula petista: “Saiu do PSDB por razões de disputa de espaço, mas o PSDB não saiu dele. Entrou num partido ‘socialista’, mas continua neoliberal e golpista”.
No começo do mês, esse grupo havia declarado que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) era “imperialista” e deveria recuar na guerra da Ucrânia.
A tendência Militância Socialista concorda com os petardos contra o ex-governador paulista. “Sinaliza muito mal para a sociedade que nós já tenhamos definido um vice de centro-direita, golpista, que defendeu, praticou, promoveu e aprofundou a agenda neoliberal no principal estado do país, que defendeu a prisão de Lula e que transformou o antipetismo no principal elemento da sua última campanha presidencial.”
Para a tendência Democracia Socialista, o PT comete um grande erro ao buscar governabilidade com conservadores no Congresso. “A hipótese de chegar a uma governabilidade através de composição com forças conservadoras no Congresso Nacional, ainda mais com um vice neoliberal, claramente evoca erros e grandes derrotas.”
Uma aliança mais ampla buscada por Lula, que inclui negociações nos estados em busca de palanques, tampouco foi poupada por essas correntes petistas. “O que vimos foi, à revelia da participação do diretório nacional do PT, construções dirigidas a forçar o PT a apoiar nos estados candidaturas que estiveram ao lado do golpe contra a presidenta Dilma”, opinou a Avante PT.
Já a tendência Esquerda Popular Socialista defendeu um perfil distante de Alckmin para se candidatar como vice de Lula: alguém que expresse as “demandas das negritudes e das etnias indígenas, das mulheres oprimidas, das juventudes, das populações LGBTQIA+”.

Quinze anos depois de concorrerem como rivais nas eleições ao cargo de chefe do Executivo federal, o ex-presidente Lula (PT) e o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB) ensaiam formar aliança inusitada para 2022 Ana Nascimento/ Agência Brasil

Lula e Alckmin disputaram o segundo turno das eleições presidenciais de 2006 em uma campanha marcada por ataques mútuos. Lula saiu vencedor com 48,61% dos votos Band/Reprodução

Após a derrota, Alckmin seguiu como oposição ferrenha a Lula Filipe Cardoso/ Metrópoles

No entanto, mirando nas eleições de 2022, o ex-presidente mostrou interesse em ter Alckmin como vice Rafaela Felicciano/Metrópoles

O ex-governador, inclusive, tem sinalizado favoravelmente ao petista Michael Melo/Metrópoles

A aliança entre os políticos é estratégica. Ter Alckmin como vice pode atrair setores do mercado e do empresariado que resistem ao nome de Lula como candidato à Presidência da República Michael Melo/Metrópoles

O tucano pode, também, agregar mais votos de São Paulo, o maior colégio eleitoral do país Igo Estrela/Metrópoles

De acordo com pesquisa realizada em setembro de 2021 pelo Datafolha, Alckmin estava na liderança para o governo paulista Igo Estrela/Metrópoles

A aliança entre os políticos foi oficializada em abril de 2022. A "demora" envolveu, além das questões legais da política eleitoral, acordo sobre a qual partido o ex-governador se filiaria Ana Nascimento/ Agência Brasil

Ao ser vice de Lula, Alckmin almeja ganhar ainda mais projeção política, o que o beneficiará durante possível corrida presidencial em 2026 Rafaela Felicciano/Metrópoles

Pouco antes do Natal, Lula e Alckmin tiveram o primeiro encontro

Em 18 de março de 2022, Alckmin anunciou a filiação ao PSB, depois de 33 anos no PSDB Divulgação/ Ricardo Stuckert