metropoles.com

MPDFT denuncia Robson Cândido após descobrir novo grampo contra ex

Robson Cândido é denunciado por sete crimes que envolvem o grampo ilegal e perseguição à jovem com a qual manteve relacionamento amoroso

atualizado

Compartilhar notícia

Igo Estrela/Metrópoles
Robson Cândido
1 de 1 Robson Cândido - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apresentou, nesta sexta-feira (5/1), uma nova denúncia contra o ex-delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) Robson Cândido. O processo é público e tramita no Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Águas Claras.

O ex-chefe da PCDF é acusado de cometer os crimes de stalking (perseguição), dano emocional, descumprimento de medida protetiva de urgência, peculato, corrupção passiva, grampo ilegal, violação de sigilo funcional ao usar o sistema do DER-DF por mais de 30 vezes e violação que resultou dano à administração pública, por 96 vezes na Operação Falso Policial, e por outras 58 vezes na Operação Alcateia.

Robson Cândido foi denunciado pela primeira vez em novembro de 2023, por usar a estrutura da PCDF para perseguir uma mulher com a qual manteve relacionamento amoroso, inclusive ao incluir o telefone dela em uma investigação sobre tráfico de drogas.

A novidade da denúncia apresentada nesta sexta-feira, que substitui a anterior, é o fato de que o celular da ex-namorada do ex-delegado-geral da PCDF foi inserido ilegalmente em dois inquéritos policiais e não apenas em um processo, como se acreditava inicialmente.

O telefone da jovem foi inserido irregularmente no âmbito da Operação Falso Policial, que tramitava na 1ª Vara Criminal de Ceilândia e apurava o delito de extorsão. O número também foi incluído de forma ilegal na Operação Alcateia, que havia sido autorizada pela 2ª Vara de Entorpecentes do Distrito Federal. A 19ª Delegacia de Polícia era responsável pelas investigações comandada à época por Thiago Peralva, que também foi denunciado.

“Solicitação inescrupulosa”

Segundo o MPDFT, “Peralva satisfez a solicitação inescrupulosa de Robson, ao mesmo tempo em que ludibriou o Poder Judiciário e os órgãos do Ministério Público que oficiam perante o Juízo da 1ª Vara Criminal de Ceilândia e o Juízo da 2ª Vara de Entorpecentes do Distrito Federal”.

A denúncia diz que o ex-delegado-geral da PCDF “utilizou indevidamente a máquina pública, notadamente viaturas policiais, telefones funcionais vinculados à PCDF e acesso a sistemas (pessoalmente ou por intermédio de terceiros) para praticar os delitos de stalking circunstanciado e de violência psicológica”.

As investigações apontam que Robson Cândido fez uso do banco de dados do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) e do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) para obter informações sobre a localização do carro da ex-namorada e “facilitar a prática de stalking”.

Pedidos

O MPDFT pediu a condenação de Robson Cândido à cassação da aposentadoria e solicitou a decretação da perda da função pública de Thiago Peralva.

“As referidas condutas, portanto, revelam-se incompatíveis, legal e moralmente, com o exercício da atividade policial, evidenciando gravíssimo desvio ético-jurídico que viola seriamente seu dever com a Administração Pública, com a Instituição da PCDF e, sobretudo, com a população a quem deveriam servir”, enfatiza a denúncia.

O órgão também pede que a Justiça fixe em pelo menos R$ 70 mil o valor de indenização para reparação dos danos causados por Robson Cândido à coletividade e à vítima, que passou a necessitar de tratamento psiquiátrico.

A coluna tenta contato com a defesa dos citados. O espaço permanece aberto para eventuais manifestações.

Provas

Vídeos obtidos pelo Metrópoles revelam como agia o ex-chefe da PCDF. Esse material integra o acervo de mídias da investigação e foi entregue à Justiça.

Uma das imagens é do dia 22 de agosto de 2023, no trajeto entre Águas Claras e Taguatinga, onde a jovem morava. Na ocasião, ela filmou e narrou que o carro atrás do dela era uma viatura da PCDF, dirigida por Robson. Angustiada, ela diz: “Mais uma vez o Robson me perseguindo, em outra viatura. Meu Deus, que inferno!”.

Em seguida, a mulher afirma que iria parar no posto da polícia. Veja o vídeo:

Em uma outra imagem, gravada no dia anterior, Robson perseguiu a jovem no trânsito, em Águas Claras. Ele aparece em uma caminhonete branca. Assista:

Antes das perseguições no trânsito, no dia 9 de agosto, Robson teria ido até a casa da jovem e entrado, sem a permissão dela. Um vídeo mostra a mulher conversando com ele por meio da porta do quarto. Ela questiona: “O que você tá fazendo aqui? São 8 horas da manhã”.

Em seguida, a jovem pede para ele ir embora: “Não precisa me deixar em lugar nenhum. Tem como você ir embora?”. Veja:

Robson foi delegado-geral da PCDF por 4 anos e 9 meses. Ele deixou a corporação após ser denunciado pela jovem com quem teve relacionamento, em 2 de outubro, e acabou preso no dia 4 de novembro.

No dia 29 de setembro, a jovem procurou a 27ª Delegacia de Polícia. Na ocasião, ela queria denunciar o ex, mas foi surpreendida com a presença dele no local.

“Compareci aqui hoje, na 27ª DP, para registrar uma ocorrência contra o Robson, a respeito das perseguições que ele está fazendo comigo. Misteriosamente, ele apareceu dentro da sala do delegado, sabendo que eu estava aqui, me perseguindo, coagindo, me intimidando. Chegou mesmo a gritar comigo, dentro da delegacia de polícia”, disse a jovem no vídeo, que também faz parte da apuração contra o ex-delegado-geral da PCDF. Veja:

Ele é suspeito de quebrar a medida protetiva obtida pela vítima, ao supostamente mandar uma mensagem para ela de um número desconhecido.

“Só te perguntar um assunto. Desbloqueia”, teria pedido Robson, em mensagem enviada no dia 11 de outubro. Veja:

Print de mensagem de celular
Robson teria mandado mensagem para jovem após concessão de medida protetiva para a vítima
Outro lado

Após a publicação desta reportagem, o advogado Bernardo Fenelon, responsável pela defesa do delegado Thiago Peralva, enviou uma nota ao Metrópoles.

Veja a íntegra da manifestação:

Assumimos a Defesa Técnica do Delegado Thiago Peralva há poucos dias.

É importante esclarecer que as acusações que haviam sido inicialmente feitas pelo MPDFT estavam suspensas por determinação judicial em razão de erros na condução do processo. Ou seja, houve um “aditamento” do caso e, portanto, pela primeira vez, estamos tomando conhecimento formal das acusações contra nosso cliente.

Desde logo, destacamos que enxergamos as presunções da acusação com total serenidade, especialmente porque não houve, sob nossa condução técnica, oportunidade para que nosso cliente exponha sua versão sobre os fatos investigados.

Vale ressaltar, também, que ainda não tivemos acesso à íntegra do processo, o que impede qualquer manifestação pública.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?