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“Ele ganhou liberdade, eu virei prisioneira”, diz ex de Robson Cândido

A jovem de 25 anos manifestou-se por meio de carta após Robson Cândido ter deixado a prisão. Ele é acusado de perseguição contra ela

atualizado

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Igo Estrela/Metrópoles
homem de terno
1 de 1 homem de terno - Foto: Igo Estrela/Metrópoles

A jovem de 25 anos que denunciou o ex-delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal Robson Cândido por perseguição manifestou-se após a revogação da prisão preventiva do ex-chefe da PCDF. Em carta destinada ao titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Águas Claras, ela afirma que tem medo do que pode acontecer após a libertação do delegado aposentado.

“Atualmente, ele ganhou a liberdade, e eu virei prisioneira, pois estou sem sair de casa, com medo de ser assassinada. Não sei como serão meus próximos dias, pois tenho que comparecer ao meu trabalho, que é minha única fonte de sustento, pois sou absolutamente sozinha em Brasília”, ressalta no texto.

“Penso que Robson estava preso com a finalidade de manter a minha integridade física intacta, mas, se eu morrer, talvez seja considerado o entendimento de que a liberdade dele não interfira mais na ordem pública”, completa.

Veja vídeos de Robson Cândido perseguindo jovem

A jovem ainda diz, no texto, que chegou a ser agredida com empurrões e apertos pelo delegado aposentado. “Como ele ficou preso, teve tempo suficiente para pensar e talvez planejar como iria descontar sua raiva em mim. Estando em liberdade, além de o próprio poder fazer algo comigo, ele também pode se comunicar com pessoas e mandar alguém vir fazer”, alega.

Ao fim da carta, ela aceita ser protegida pelo Dispositivo Móvel de Proteção à Pessoa (DMPP). Robson terá de manter distância de três quilômetros dela.

Entenda o caso

Robson Cândido deixou o cargo de diretor-geral da PCDF em 2 de outubro, após ser denunciado pela esposa e pela ovem de 25 anos. Em seguida, ele se aposentou. O comunicado saiu no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) em 17 de outubro.

A esposa de Cândido e a jovem procuraram a Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), na Asa Sul, e acusaram o delegado pelos crimes de perseguição e ameaça.

Os promotores concluíram que o delegado aposentado usou sistemas restritos das forças de segurança para perseguir a mulher com quem teve um relacionamento fora do casamento. Robson Cândido responderá por crimes como stalking e grampo ilegal.
O delegado Thiago Peralva, suspeito de inserir os dados da vítima no sistema de monitoramento, também foi denunciado.

Leia, na íntegra, a carta escrita pela ex-namorada de Robson Cândido

“Diante da intimação solicitando minha manifestação de interesse no DMPP, gostaria da oportunidade para apresentar alguns fatores que devem ser apreciados. Após receber a notícia de que Robson foi solto, tive uma forte crise de pânico, choro, ansiedade e insônia. Atualmente, ele ganhou a liberdade, e eu virei prisioneira, pois estou sem sair de casa, com MEDO DE SER ASSASSINADA. Não sei como serão meus próximos dias, pois tenho que comparecer ao meu trabalho, que é minha única fonte de sustento, pois sou absolutamente sozinha em Brasília, minha família é do interior de Minas Gerais, e não estão cientes do que está acontecendo (não quero preocupá-los).

Penso que Robson estava preso com a finalidade de manter a minha integridade física intacta, mas, se eu morrer, talvez seja considerado o entendimento de que a liberdade dele não interfira mais na ordem pública. Morei com o Robson, entre idas e vindas, de junho/2023 até agosto/2023, convivíamos o tempo todo juntos e sei que ele é extremamente vingativo e não aceita ser contrariado. Como ele ficou preso, teve tempo suficiente para pensar e talvez planejar como iria descontar sua raiva em mim. Estando em liberdade, além de o próprio poder fazer algo comigo, ele também pode se comunicar com pessoas e mandar alguém vir fazer.

Ressalto que, ao contrário do que a defesa alegou, como já manifestei em meus depoimentos, já fui agredida com empurrões e apertos no braço quando eu me recusava a entregar meu próprio celular tentando evitar que ele invadisse minha privacidade. Então, Robson me agredia para impedir que eu conseguisse pegar meu próprio celular de volta. Só não há registros desses episódios, pois era impossível filmar as ações sem estar com meu aparelho em mãos.

Após ler a Decisão presente no HC, onde diz que “… o fato de ele não mais ocupar qualquer cargo público, pois se aposentou quando os fatos ora em análise vieram a público, indica ausência de perigo concreto gerado pelo seu estado de liberdade, considerando que dificilmente ele terá acesso aos bens e aos sistemas corporativos para novos atos de perseguição contra a mulher…”, entendo que, com todo respeito, esse argumento não se sustenta, pois um dos 9 crimes em que ele é RÉU, é o de DESCUMPRIMENTO DE MEDIDA PROTETIVA DE URGÊNCIA, medidas essas que foram deferidas por este Juízo após Robson deixar o cargo de Diretor-Geral da Polícia Civil e se aposentar. Levando em consideração também que muitos servidores da PCDF foram nomeados ainda na gestão de Robson, inclusive o atual Diretor-Geral, José Werick, que é um amigo íntimo e era seu chefe de gabinete.

Destaco que as invasões a domicílio não dependem de mecanismos da PCDF e, segundo o que Keyle Regina me informou, Thiago contou a Robson meu novo endereço, as perseguições no meu trabalho não dependem de mecanismos da PCDF, as perseguições no trânsito não dependem necessariamente de viaturas da PCDF (podem ser feitas em qualquer veículo), as ligações podem ser realizadas de qualquer aparelho telefônico, e Recebi um SMS do número particular de Robson em 11 de outubro desrespeitando as medidas protetivas impostas por este Juízo.

Ademais, o índice de feminicídio aumentou no DF e existem várias campanhas direcionadas ao combate da Violência contra a Mulher, porém, de nada adianta as mulheres denunciarem se o agressor não for devidamente punido desde o início, com base em provas concretas (como é o meu caso). Os fatos em que eu configuro como vítima tomaram grande repercussão na mídia, e se o RÉU em 9 crimes permanecer em liberdade após vários indícios de delitos, várias mulheres irão se desencorajar a formalizar denúncias, e os agressores terão estímulo e convicção da impunidade.

Agradeço imensamente o acolhimento e a atuação do Ministério Público e agradeço também ao Excelentíssimo Dr. Frederico Ernesto pelas providências que tomou em prol da minha segurança.

Diante do exposto, manifesto interesse e aceito o monitoramento que será realizado através da Diretoria de Monitoramento de Pessoas Protegidas – DMPP.”

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