A deputada distrital Júlia Lucy (União Brasil) pediu voto no Instagram utilizando-se de um expediente que despertou críticas de seguidores, os quais apontaram contradição na postura da parlamentar.

Candidata a deputada federal, Júlia Lucy postou uma foto com maiô, sentada em um pier, em pose sexy. A foto é acompanhada da seguinte informação: “Seu amigo já tem federal? Agora tem: Júlia Lucy”.

Nas redes sociais, usuários apontaram postura supostamente contraditória da deputada que, recentemente, fez críticas sobre a “objetificação” do corpo feminino. Quando Anitta chegou ao topo do ranking global do Spotify, a distrital disse: “Ela, como brasileira, somente está reforçando o velho papel que a mulher brasileira sempre ocupou: papel de mulher gostosa, papel de objeto a ser consumido.”

“Sensualizando? Depois reclama que são tratadas como carne. Quer ser vista como a candidata competente ou a candidata linda e gostosa?”, disse um seguidor. “Apelou”, comentou outro. “Essa é a mesma moça que chamou a Anitta de apelativa?”, citou um usuário da rede social.

Em nota, Júlia Lucy disse que “lamentavelmente, mulheres na política sempre precisam se justificar, por simplesmente ocuparem esses cargos”. Leia o comunicado na íntegra:

“Esperavam que eu fosse burra porque eu sou uma mulher jovem. Ao se depararem com uma mulher estudada, com conteúdo e coragem de se posicionar na política, esperaram que eu me masculinizasse. Acharam que eu abriria mão da minha feminilidade. Não aceito nenhum rótulo. Por isso, ao longo do mandato, conciliei postagens sobre politica e vida pessoal, exatamente para mostrar que uma mulher, estando deputada, pode continuar sendo quem ela gosta de ser. Como política é, antes de mais nada, posicionamento, debrucei-me por fazer análises sobre certas pessoas e uma delas foi a cantora Anitta. As críticas direcionadas a ela baseiam-se na insistência dela em assumir que o sucesso de uma mulher somente pode estar vinculado a sua forma física e ao seu desempenho sexual na cama. Portanto, para quem ficou confuso, resta muito clara a diferença: de um lado, uma mulher que concilia trabalho sério, técnico e combativo com sua sensualidade natural; de outro, uma mulher que se vale tão somente dos padrões estéticos para construir sua carreira. O fato de ter que me explicar sobre uma postagem comum, publicada outras vezes, e que diversas mulheres também postam diariamente, evidencia que expectativas foram frustradas, sobretudo a de que a minha vida deveria ser resumida à uma carreira política tradicional. Experiência similar está sendo vivida pela primeira Ministra da Finlândia, que precisou se justificar em relação a ter dançado numa festa privada. Pasmem: Primeira Ministra não pode dançar, e Deputada não pode tirar foto de biquíni! Lamentavelmente, mulheres na política sempre precisam se justificar, por simplesmente ocuparem esses cargos. Por fim, é decepcionante que uma foto de biquíni chame mais atenção do que postagens sobre os resultados do meu trabalho. Eu uso terninho e também biquini, eu SOU uma mulher que ESTÁ deputada.”