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Editor da TV Câmara pergunta se vítima da Covid “desprezou tratamento precoce” e revolta colegas

O Sindicato dos Jornalistas do DF e o Sindicato dos Radialistas do DF divulgaram uma nota na qual repudiam o comentário de Claudio Lessa

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Material cedido ao Metrópoles
Editor da TV Câmara pergunta se vítima da Covid desprezou tratamento precoce e indigna colegas
1 de 1 Editor da TV Câmara pergunta se vítima da Covid desprezou tratamento precoce e indigna colegas - Foto: Material cedido ao Metrópoles

Uma mensagem enviada pelo editor da TV Câmara Claudio Lessa em grupo da redação no WhatsApp, no último fim de semana, gerou indignação de colegas após o jornalista perguntar se um funcionário vítima da Covid-19 “desprezou tratamento precoce”. O Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal e o Sindicato dos Radialistas do DF divulgaram nota conjunta de repúdio ao comentário.

O questionamento de Claudio Lessa foi enviado depois que um outro integrante do grupo deu a notícia que Luciano Santana havia falecido em decorrência do novo coronavírus. “Lamento a notícia, mas… Perguntar não ofende: ele desprezou o tratamento precoce ou já possuía alguma doença grave pré-existente? Porque… fora dessas duas opções, numa doença com 99,98% de taxa de sobrevivência, só morre de peste chinesa quem quer”, escreveu.

Depois de colegas terem manifestado revolta com a mensagem, o servidor afirmou que não pretendia ser “insensível, muito pelo contrário”. “Eu tinha muita amizade pelo Luciano, e realmente fiquei curioso em saber o que houve. Ele esperou os sintomas se agravarem? Muita gente comete um erro fatal: sente alguma coisa, e em vez de entrar de sola no tratamento precoce e depois procurar ajuda médica, faz o tal teste PCR (uma inutilidade comprovada) e espera oito, dez dias pelo resultado. Este é o tempo precioso perdido. Minha curiosidade, repito, foi: o Luciano esperou o resultado de algum teste? Ou ele possuía alguma doença grave que nós não sabíamos, e a peste chinesa veio agravar violentamente? Enfim… é isso. Abração. Lamento o desconforto causado em alguns dos colegas. Não houve esta intenção”, escreveu.

Na tarde desta segunda-feira (12/4), 78 funcionários do setor de comunicação da Câmara dos Deputados soltaram uma nota na qual pedem respeito a Luciano Santana e confirmam que ficaram indignados com a “mensagem desrespeitosa postada em um grupo de trabalho, atribuindo-lhe a culpa pela própria morte ao sugerir que ‘só morre quem quer'”.

Eles informaram terem registrado o “constrangimento” na direção da Secretaria de Comunicação Social da Câmara dos Deputados. “É chocante que alguém tenha atitude tão desumana diante da perda de um colega. Mais que isso, é inaceitável conduta tão imprópria em ambiente profissional, especialmente quando o colega trabalhava presencialmente, em razão das funções que desempenhava. Transmitimos à família e aos amigos de Luciano nossa solidariedade”, declararam.

Em nota publicada no último domingo (11/4), o Sindicato dos Jornalistas do DF e o Sindicato dos Radialistas do DF manifestaram tristeza com a morte de Luciano Santana e informaram que o profissional estava indo trabalhar presencialmente quando contraiu Covid-19, junto a outros colegas. “A situação se agravou e, no dia 19 de março, ele foi internado. Foram 20 dias de luta pela vida”, contaram.

As entidades também disseram repudiar “qualquer tentativa de atribuir responsabilidade às vítimas por mais de 13 milhões de infectados e quase 350 mil mortos por Covid-19”. “A responsabilidade, todos sabemos, é de um governo sem liderança e que, ao dificultar as medidas restritivas e sanitárias, incentivar e gastar dinheiro com tratamentos inúteis, investe em uma política genocida e transforma o Brasil, que já foi referência mundial em saúde, em ameaça global”, afirmaram.

“A única medida precoce possível neste momento é um lockdown nacional, com renda básica decente para todos, aceleração na compra das vacinas e imunização exclusivamente no SUS”, pontuaram.

Leia a nota dos sindicatos na íntegra:

Claudio Lessa disse à coluna Grande Angular que não quer comentar o assunto para não causar mais mal-estar e não quer criar nenhum tipo de desconforto, “especialmente, porque Luciano era um colega muito querido”. “Estava curioso de saber o que foi que causou a morte de um colega tão querido”, destacou.

O jornalista é servidor efetivo da Câmara dos Deputados. Claudio Lessa já atuou como chefe da Secretaria de Comunicação Social, na época em que Eduardo Cunha era o presidente da Casa. Ele tem um canal de notícias no YouTube, com 270 mil inscritos, e também divulga vídeos em outras plataformas, nos quais fala, por exemplo, do tratamento precoce contra a Covid-19 com uso de medicamentos como Hidroxicloroquina e Ivermectina.

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