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Cacai Nunes: o garimpeiro dos sons do Centro-Oeste

Músico comanda projeto “Acervo Origens” que mapeia a música brasileira tradicional, num trabalho que preserva a memória de canções orais

atualizado

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Cacai Nunes é um garimpeiro de sons, tradicionais e efêmeros, aqueles passados de boca em boca, de pai para filho, atravessando gerações e desafiando a memória do tempo. O magistral trabalho de pesquisa desse músico atende pelo nome de “Acervo Origens”, que tem como base um programa semanal, na Rádio Nacional Brasília (FM 96,1), aos sábados, retransmitido pelas emissoras da rede pública EBC (Agência Brasil). Ecoa também na Rádio Antena 2, em Lisboa, Portugal.

A quantidade de mensagens de ouvintes portugueses, encantados com essa diversidade musical brasileira, é considerável. Temos de mostrar para eles que somos muito mais que bossa-nova e samba do Rio de Janeiro

Cacai Nunes

O Centro-Oeste é o território de investigação de Cacai Nunes e, Brasília, apesar de não ter tradição, é ponte para uma música que se transforma, misturando-se com o que temos de melhor no Brasil.

Estamos sempre em busca de algo que nunca tivemos. Talvez, essa tradição. Trabalhos como da cantora e percussionista Nãnan Matos e da Banda Judas são um grande exemplo dessa miscigenação

Cacai Nunes

Viola sem fronteiras
A viola de Goiás, por exemplo, é um instrumento que tem se revelado numa perspectiva de diversidade. Cacai descobriu nela um valor raro: um instrumento em ebulição com um caminho longo a percorrer. Ao dialogar com o contemporâneo, as fronteiras da viola se expandem.

Talvez, nos dias atuais, seja o instrumento que tenha apresentado mais novidades ao fugir da sua característica essencialmente rural. Temos trabalhos com duos tocando rock e heavy metal na viola. A viola instrumental, por exemplo, está cada vez mais presente. Gravo, neste momento, um disco com um regional de choro

Cacai Nunes

Música de encontro
O choro, aliás, hoje expoente da música brasiliense, é, para o pesquisador, a música dos encontros. Ele conta que muitos chorões chegaram, em Brasília, como funcionários públicos transferidos. Aqui, as rodas estabeleciam os laços, fazendo da cidade um local de efervescência do choro desde 1970.

É inegável a vocação de Brasília para criar e recriar o fenômeno do choro. Assim foi com Hamilton de Holanda, Rogério Caetano, Gabriel Grossi e está sendo com o grupo Choro pra Cinco, com Tiago Tunes, Ian Coury e tantos outros

Cacai Nunes

O “Acervo Origens” tem levado Cacai à infinidade de registros da música brasileira no período dos vinis. Essa viagem o atrai. Quando ficou diante do grupo Regional do Canhoto, responsável por acompanhar diversos artistas, como Luiz Gonzaga e Jacob do Bandolim.

Eles eram muito versáteis e competentes no que faziam. Sempre gravavam ao vivo, pois não se tinha os recursos tecnológicos de hoje em dia. Costumo dizer que antigamente se fazia música nos discos. Hoje, faz-se apenas discos. Alguns, sem uma música viva dentro dele

Cacai Nunes

Caminho da pesquisa
Cacai Nunes está sempre atrás de registros interessantes da nossa música, a que vive em função do mercado, nem de ciclos de sucesso. Vai em sebos Brasil afora, sempre desejando encontrar aquelas velharias mais empoeiradas. Ao adquirir os LPs, tem o cuidado de catalogar e arquivar com uma organização que o permite acessá-lo quando quiser. Em seguida, os discos são digitalizados com áudio, fotos da capa, contracapa e selos. A partir desse material, produz os programas, com elaboração dos blocos musicais e dos textos de Gabriela Tunes.

Realizar este trabalho é de uma importância sem palavras. Nos dias de hoje, em que o “sucesso” é efêmero e as coisas passam rápido, ter a oportunidade de conhecer tanto material já feito na nossa música me deixa muito orgulhoso. É muita inspiração para continuar nossa lida de criação e recriação artística

Cacai Nunes

Sem parar
Em paralelo ao “Acervo Origens”, Cacai comanda o Forró de Vitrola, baile de forró pé-de-serra somente com nossos vinis, ocupando espaços públicos de Brasília a bordo de uma Kombi 1973 com música e dança. No momento, ele produz um CD com cantigas de Candomblé com integrantes de várias casas aqui do DF. É um trabalho importantíssimo, feito com a preocupação de se registrar cantigas fundamentais ao culto aos Orixás.

No meio disso tudo, ainda registro minhas músicas, faço meus discos, gravo umas trilhas sonoras, faço um show aqui e outro ali, e ainda sobra tempo de criar umas galinhas, plantar umas verduras e hortaliças e fazer um bocado de gente

Cacai Nunes

O Top 10 do Acervo Origens
1) Especial Sebastião Biano

2) Especial Catulo da Paixão Cearense

3) Especial Futebol e Música Brasileira

4) Especial Inezita Barroso

5) Arthur Moreira Lima interpretando Ernesto Nazareth

6) Especial Sanfona de 8 baixos

7) Especial Renato Andrade

8) Especial Dorival Caymmi

9) Especial Pixinguinha / Dia Nacional do Choro

10) Especial Dia Nacional do Forró – em homenagem às Marias

 

 

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