Relembre o que bombava em 1992, o ano do impeachment de Collor

A votação pela admissibilidade do impeachment, ocorrida ontem no plenário da Câmara, tinha uma cara de déjà vu. Os brasileiros viveram momentos parecidos na política em 1992, quando o mesmo processo foi usado para tirar o então presidente Fernando Collor de Mello do poder. De lá para cá, vivemos uma revolução na TV, na moda, […]

Arthur H. Herdy
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A votação pela admissibilidade do impeachment, ocorrida ontem no plenário da Câmara, tinha uma cara de déjà vu. Os brasileiros viveram momentos parecidos na política em 1992, quando o mesmo processo foi usado para tirar o então presidente Fernando Collor de Mello do poder.

De lá para cá, vivemos uma revolução na TV, na moda, na cultura e, claro, na tecnologia. Mas quem é bom de memória não esquece esse período emblemático. E você? Se lembra do que foi notícia há 24 anos?

CINEMA

Depois de anos de censura velada, com códigos restritos e classificações proibitivas, os anos 90 venderam muito bem o sexo no cinema durante a primeira metade da década.

“Instinto Selvagem” foi o grande sucesso do ano. A trama de luxúria e suspense elevou o nome da então desconhecida Sharon Stone a estrela e marcou uma escandalosa cruzada de pernas na história da sétima arte.

Outro grande êxito do ano foi “O Guarda-Costas”, tanto nas telonas quanto nas rádios. Atire a primeira pedra quem não se esgoelou com “I Will Always Love You”, imortalizada na voz de Whitney Houston.

Também em 1992, o mundo conheceu o trabalho de um cineasta estreante, ex-balconista de videolocadora, que mostrou nas telas uma história explosiva de violência com pitadas de cultura pop. Seu nome? Quentin Tarantino. O filme? “Cães de Aluguel”.

O cinema brasileiro ainda sofria os efeitos da extinção da Embrafilme. A retomada da indústria cinematográfica nacional só viria dois anos mais tarde com “Carlota Joaquina – Princesa do Brazil”.

MÚSICA

Nesse início de anos 1990, o rock viu o grunge surgir com o Pearl Jam e o Nirvana, Madonna atingiu o ápice da polêmica com “Erotica”, Daniela Mercury entoou “O Canto da Cidade” e o dance — embrião da explosão eletrônica que viria no fim da década — começou a bombar.

Confira um hit parade.

Nirvana – Smells Like Teen Spirit

Daniela Mercury – O Canto Da Cidade

Madonna – Erotica

Fernanda Abreu – Rio 40 Graus

Ace of Base – All That She Wants

Fagner – Borbulhas de Amor

Snap! – Rhythm Is A Dancer

Deborah Blando – Decadence Avec Elegance

4 Non Blondes – What’s Up

Raça Negra – Cheia de Manias

MODA

Se você, novinha, acha que arrasa no estilo “gótica suave”, agradeça à década de 1990 por isso.

Há 24 anos, a onda dark dominava (até mesmo nas manifestações dos caras pintadas o look todo preto deu as caras). Ainda tiveram sua chance nas araras e passarelas o minimalismo, o color blocking e o estilo grunge.

A década também foi marcada das “super modelos”. Cindy Crawford, Claudia Schiffer, Naomi Campbell, Linda Evangelista, Tyra Banks e Kate Moss estavam à frente do dream team.

 

TV

Quando os serviços de streaming e on demand, como a Netflix, pareciam sonhos saídos de “Os Jetsons”, assistir televisão era uma experiência completamente diferente de hoje. Em 1992, mesmo com alguns sustos no ibope (vide as novelas “Pantanal”, da Manchete, e a mexicana “Carrossel”, exibida pelo SBT em anos anteriores), a Globo era a principal fonte de entretenimento dentre as emissoras nacionais.

Naquele ano, a Vênus Platinada exibiu a trama “De Corpo e Alma”, escrita por Gloria Perez. A novela ficou marcada no imaginário brasileiro devido a um crime brutal. Em 28 de dezembro, um dia antes da renúncia de Collor, Daniella Perez, filha de Gloria e uma das estrelas da trama, foi assassinada pelo colega de cena Guilherme de Pádua.

Desde então, é difícil encontrar alguém que escute à música “Wishing on a Star”, tema de Daniella na novela, sem lembrar-se da atriz.

Fora do horário das oito, a minissérie “Anos Rebeldes”, de Gilberto Braga, que retratava uma história de amor em meio à ditadura militar, tornou-se o símbolo da luta dos brasileiros contra a corrupção dos anos Collor.

Cláudia Abreu, que interpretava Heloísa, uma patricinha transformada em guerrilheira, virou musa do ano do impeachment.

O ano de 1992 também marcou o fim de uma era para os programas infantis. Em 31 de dezembro, a rainha dos baixinhos apresentou seu último “Xou da Xuxa” para dedicar-se à carreira no exterior.

A apresentadora voltaria ao Brasil com um novo formato de programa (mas sem a famosa nave espacial que embalou a infância de muitas crianças agora balzacas).

MUNDO

Depois de terminar a Guerra do Golfo, sob a tutela de George Bush, os Estados Unidos começa a era Clinton, que duraria dois mandatos. Grisalho, bonitão e bom até no saxofone, Bill era a cara da América pós-yuppie dos anos 1990.

Alguns anos depois, no entanto, a reputação dele ficou marcada por causa de um escândalo sexual envolvendo uma estagiária enquanto ainda comandava o governo. Atualmente, a esposa dele, Hillary, concorre a uma vaga para as eleições presidenciais de 2016.

ESPORTES

As Olimpíadas 92, em Barcelona, na Espanha, foi um dos eventos mais badalados daquele ano.

O Brasil, porém, não foi lá muito bem na competição e ficou em 25º lugar no quadro de medalhas com uma prata — para Gustavo Borges na natação — e dois ouros (da seleção masculina de vôlei e de Rogério Sampaio, no judô).

Na abertura dos Jogos, José Carreras e Sarah Brightman emocionaram com a interpretação de “Amigos Para Siempre”.

 

Por Arthur H. Herdy

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