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Áudio: “Vocês são como animais”, dispara português contra brasileiro

Na conversa, o autor das ofensas, identificado como Carlos, se revoltou por não ter respostas sobre um encontro. A PCDF investiga o caso

atualizado

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Um carioca que decidiu passar o Réveillon em Brasília precisou interromper o curto recesso para procurar os órgãos oficiais e denunciar um caso de xenofobia. O produtor de eventos Jads Rosa, 35 anos, chegou à capital federal na tarde do último sábado (26/12), quando passou a receber mensagens de um número desconhecido de Portugal.

Segundo contou ao Metrópoles, o primeiro contato com o estrangeiro aconteceu por meio de um aplicativo de relacionamento, há cerca de três anos. Desde então, após a recusa de seguir com a conversa, não houve mais investidas até a mais recente, ocorrida um dia após o Natal. O caso é investigado como injúria racial pela Polícia Civil (PCDF).

“Do nada, recebi a mensagem, e nem o número dele eu tinha na minha agenda do WhatsApp. Quando percebi que se tratava da mesma pessoa que eu já havia me negado a conversar anteriormente, voltei a rejeitar o diálogo, mesmo porque estamos muito longe. Foi quando ele passou a disparar mensagens com ofensas contra mim, minha mãe, o povo daqui, e ainda falando essas coisas absurdas de que brasileiros são chipanzés. Isso só ocorre porque é um crime que quase nunca é penalizado”, assinalou Jads.

Por recusar as investidas do estrangeiro e não liberar a foto do perfil, o brasileiro passou a ser agredido de forma insistente pelo acusado. As declaração são fortes.

Ouça o áudio:

Xingamentos virtuais

“Sua filha da puta brasileira, porca nojenta. Tu é que não tem xota, sua filha da puta. Quando falar com alguém, tens foto, sua brasileira das favelas, filha da puta. Deves ser tão feia, mas tão feia, que não tens foto. Deve ser pretas, as tantas. Preta chimpanzé, não é?”, atacou o português.

Sem conseguir as respostas diante dos ataques, o suspeito continuou com as injúrias raciais. “Porque ser preto não é uma raça, ou seja, é animal, é ser chimpanzé. Ninguém gosta de chimpanzé no Brasil. E tu, filha da puta, és mesmo preta chimpanzé ou orangotango? A puta da tua mãe é orangotango? Vocês são como animais, fodem-se uns aos outros dentro da família”, disparou.

O que dizem os envolvidos?

A reportagem tentou contato com o estrangeiro, identificado como Carlos, mas ele preferiu não se pronunciar.

Também acionada pelo Metrópoles, a Embaixada de Portugal informou que “independentemente da investigação em relação ao caso específico que é relatado, que se espera siga o seu curso e tenha como resultado o apuramento completo da verdade e as respetivas consequências, a Embaixada de Portugal no Brasil repudia todas as ações ou declarações de teor discriminatório, racista ou xenófobo, seja quem for o seu autor”.

Já o Ministério das Relações Exteriores disse que “lamenta o episódio narrado e repudia toda forma de agressão e qualquer tipo de preconceito. O Ministério recorda, igualmente, que investigações em curso no âmbito da Polícia Civil do Distrito Federal escapam à sua alçada de atribuições”.

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